Anabark, Pela Noite (FEV2012)
Um incómodo, por certo, as perguntas impacientes, mas já não me importo com isso. Incomodam-me, sim, ruas escuras, portas fechadas e frases como 'Nunca mais!', pelo rasto de morte consentida que deixam à solta. Só na alta noite percebemos tragédia da falta de luz. No tempo bom e fixo, as cores são estrelas permanentes que nos distraem a visão, nenhum chão nos atrapalha quando a luz nos segura como um beijo que nunca chega ao fim. À luz do dia sobramos em coragem, crescemos o que nos falta para chegar ao que acreditamos possível e, às vezes, ao impossível. A luz abraça-nos em audácia e o resto fica por nossa conta. À noite escurecemos. Enfraquece o querer e a sombra invade a vontade como uma mancha de bolor. Foge-nos a certeza do que antes era cor. E todas as ruas são o perigo da dúvida e do medo, porque nenhum caminho é seguro quando se perde a coragem e quando as portas fechadas condenam à morte o que nos fica do lado de fora. Raros aqueles que se seguram firmes, indiferentes à escuridão.
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