segunda-feira, 15 de julho de 2013

Chão de papel

S. Richardson, 'Balloon'

Da festa ficavam restos das horas em que o tempo se perdia sem dar por isso. Passos de despedida tropeçavam em fotografias do chão que, antes, era de dança e que, agora, só as partículas de pó colorido deixavam adivinhar essa vida anterior. Agora o chão desfazia-se ao som da voz como se as palavras fossem pedras arremessadas contra montras de papel e tudo nele se desequilibrava e caia, a música, as coisas, as horas, as memórias. Nos buracos abertos formou-se um abismo do que ficava por dizer e nesse vazio foram-se arrumando aos poucos... até que o silêncio as engoliu para sempre na indiferença.

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