quinta-feira, 4 de julho de 2013

Águas paradas

Tito Mouraz

Já foi mar, um oceano sem fim por onde toda a fé do mundo nos navegava. Já foi esse azul infinito sem estações do ano onde o céu, sempre iluminado, se espelhava. Já foi uma vontade mais forte do que, no mar e na terra, todas as tempestades. E foi por vezes cabo das tormentas mas sempre da boa esperança, a noite e o dia como tudo na vida é. Foi o que pode ser e o que o verão bruscamente interrompeu pelo que escapou aos sentidos. De todo o mar que o tempo não cumpriu, ficou um buraco de pedra sobreposta em camadas. E, no fundo, um lago de lágrimas, onde a alma deserta lutou para não se afogar. Já foi mar onde, hoje, são as águas paradas do naufrágio do amor.

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