domingo, 4 de agosto de 2013

Milhares de razões

Britta Jaschinski

Gostava tanto de poder dizer que te encontrei. Gostava tanto de dizer que passei por ti entre milhares de gentes e os meus olhos te encontraram e em ti ficaram. Gostava de ter passado por ti e atrasado o passo para poder guardar-te em pormenores infímos, para hoje ter mais para recordar-te. Gostava tanto de ter sido eu a encontrar-te na vida e não fui. Foste tu quem me encontrou. E essa é a minha eterna dívida contigo que nunca poderei pagar, porque soubeste encontrar-me, eu que te procurei tanto e por todo o lado e não consegui. Depois 'foi fácil' ficares em mim para sempre e 'sem remédio'. Ainda hoje te encontro o sorriso da primeira vez que nos vimos. E, às vezes, quando estás distraìda e baixas a guarda, os teus olhos incendeiam-me na mesma ansiedade dos tempos em que fomos infinitas. Tenho milhares de razões para encontrar-te e sentir-te hoje em mim, as mesmas que, um dia, nos fizeram para sempre. Nenhuma delas mudou, nenhuma delas esqueci.

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