sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Floresta

Gerhard Richter

Lá longe havia pontes que atravessávamos vezes sem conta para nos encontrármos sempre a meio caminho. Nesse longe havia forças combinadas que nunca nos abandonavam, mesmo com ventos fortes nos nossos corpos desabrigados. E andávamos depressa e nunca nos cansávamos. E nunca caímos da vontade de sermos infinitas porque nunca soubémos ser, uma na outra, de outra maneira. Lá longe nunca nenhuma tempestade nos deteve porque sabíamos sobreviver escutando o coração. E não sabíamos desistir do que sentíamos porque nos ouvíamos com alma e tínhamos sede do que dizíamos com o olhar. Este tudo eu sei de cor e ainda sou eu, ainda é a melhor parte de mim. O resto são apenas árvores arrancadas do chão nos dias de tempestade. As pontes desapareceram mas a floresta mantém-se de pé, viva e renovada.

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