sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Em contra-luz

Lester Weiss, Spilled oil, Mojave, Ca., 2004

Quando olho para o chão por onde ando encontro duas sombras paralelas debaixo do mesmo sol. Tu e eu. Quase inevitavelmente sigo às cegas as linhas que sei confluirem num mesmo ponto. Nós. Não estranhes a geometria descritiva de um percurso que não sabemos mas sentimos há muito tempo como nosso. Confia na sombra que segue à nossa frente com a certeza de saber por onde vai. Confia no movimento do sol que, dia e noite, se mantém num céu radioso, único, desenhado pela cintilância do que nos vem de dentro de forma tão inevitável. Temos a sorte de ser luminosamente recíprocas em qualquer estação do ano. Temos a sorte de termos um astro de luz na alma que nos descobre um mundo inesgotável que o Amor organiza à sua própria vontade.

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