Anabark, Passage in time (SET2011)
E quando os dias esperam o que não sabemos, a vida acontece como areia entre os dedos das mãos. E depois entardece e tudo fica mais longínquo, talvez demasiado longe para chegar a tempo, porque o tempo não sobra quando desperdiçado. E pensamos que sabemos o que fazemos e que estamos certos e somos justos. E, por vezes, nem chegamos a dar conta do que deitamos fora com a arrogância de quem não sabe dar valor ao que milagrosamente nasceu em nós como coisa rara. Tornamo-nos coisas ruins, terra estéril, abandonados à imaturidade de tudo querer e não saber guardar o que escolhemos conquistar. Porque, uma vezes, perdemos sem culpa e sem querer, outras vezes, deixamos de cuidar por desmazelo e teimosia e morremos por dentro, aos poucos, porque ficamos sozinhos sem saber voltar atrás. O tempo, que não existe mas que inventamos por conveniência e sentido prático, passa por todos e não se detém. Tudo envelhece e morre, excepto, talvez, as pedras do caminho e o que conseguirmos guardar na alma durante a caminhada.
8 comentários:
Soberbo.
Conseguiste dizer exactamente o que sinto com este texto.
Obrigada. :)
às vezes é preciso morrer(-se), deixar o campo repousar, para que algo nasça de novo... esse tempo, que parece irremediavelmente perdido, por vezes, é necessário, e é nele que reside a esperança…
Bj
NanBanJin,
Obrigado - um beijo para ti desde este lado do mundo!
YeuxdeFemme,
É bom saber saber que não sou a única a pensar assim... :)
Um beijo!
Grafis,
Concordo contigo, C. :)
É verdade que na terra cansada nada germina. É preciso deixar passar o tempo necessário para lhe regressar a vida. Mas é preciso, ter fé, dizes bem, nesse compasso de espera.
Foi bom ler-te de novo nessa eloquência que te caracteriza. Obrigada!
Um abraço!
Presunção = Distração?
Ninguém é perfeito. E todos somos (inconscientemente) egocêntricos...
:)
N.
'Presunção' do sentido de 'arrogante e convencido' por um lado e 'alguém que assume algo sem certeza', por outro. :)
Beijos
Enviar um comentário