quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Recolha

Anabark, Escombros (SET2011)

Já não sou o que era dantes. Sendo a mesma, sou distinta na confiança e na vontade. As paredes da casa cairam e já não há mais nada para arrumar. O que resta do eu de outrora é para limpar e deitar fora partes inúteis. Se todo o ser é composto de mudança, recolho do passado sem futuro pedaços mais inteiros para me lembrar de que nada é eterno senão aquilo que cuidamos com alma inteira. O que me sobrar depois disso é areia por entre os dedos, impossível de segurar com força de mãos. Já não sou feita do mesmo, sou o tempo de hoje na mudança de estação. Sou o que fica de pé depois da tempestade. Sou o passado mais o valor acrescentado pelo intervalo da mudança. No chão, debaixo dos escombros, desponta a promessa de uma outra vida.

2 comentários:

Lábios de Caprichos disse...

Em cada final existe sempre a possibilidade de um novo começo. *

Always disse...

Como princípio fundamental da vida, sim... :)