quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Enquanto anoitece

Niki Conolly, Table Dance Series, 2007

Enquanto a pouca luz dança com o seu próprio reflexo num espelho velho, converso com o fim do dia sobre coisas impossíveis que ficaram por fazer. Por vezes chego a convencer-me que tudo posso, basta ousar, aqueles que ousam estão mais perto de ganhar. Outras vezes, baixo os braços, encolho os ombros, respiro fundo e desisto. Abandono o que não me espera e os encontros impossíveis. Não ouso para além do silêncio, porque para além do silêncio o nada é ensurdecedor. Abraço a noite com o que me fica dos dias. Tudo quanto existo ponho em força nesse abraço que amanhã me acordará a vontade de acontecer novamente.

4 comentários:

rv disse...

faz tudo parte, somos um pouco como as estações do ano, a folha cai para mais tarde renascer com outra vida e mesmo o seu processo é único, há invernos mais rigorosos que outros...
bjs

Always disse...

Pois seremos estações do anos, meses, dias e noites de alternância e vida renovada, sim, um ciclo inevitável de padrões repetidos, uns mais esclarecidos do que outros.

Beijos... :)

L.S. disse...

Às vezes na conversa com o fim do dia, fica-me apenas a vontade de acontecer...

Always disse...

A vontade de acontecer que nos fica vem das coisas que ficaram por fazer...