sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Aberto de madrugada

Torbjørn Helgesen, Details at work #5, 2006

E quando as noites se medem pelo incêndio que nos desarruma pouco importam as horas de sono que não sobram porque o dia amanhece sempre demasiado cedo. Pouco importa o mundo lá fora quando nós temos o universo nas mãos. Quero-te nesse infinito que o tempo não esgota em mim. Quero-nos do tamanho desse infinito que sentimos dentro sem equívoco e tão completamente. E nas horas que incendiamos não há noite nem dia, apenas nós e esta vontade de sermos para sempre a pele da pele que nos abraça. Sinto-te nos lábios um corpo inteiro em desassossego. Beijo-te a saudade em que nos guardamos sempre e a toda a hora. Porque tenho saudades tuas mesmo no intervalo de um beijo, porque me fazes falta entre um abraço e outro. Porque te sinto o mesmo desespero com que eu te espero nas horas. E ainda que te diga que não há longe nem distância, sabes que minto e tu te mentes, porque a saudade em que nos sentimos constantemente vem de um querer absoluto que não se compadece com intervalos. O incêndio que nos rouba ao sono e nos consome tão perdidamente é urgência do corpo e da alma por via do coração - o Amor não sabe esperar.

2 comentários:

O Profeta disse...

Na noite onde se esconde o canto dos pássaros
De onde nasce este manto de bruma
Para que norte viajam os teus anseios
O que procuras perdido na espuma?


Bom fim de semana


Mágico beijo

Always disse...

Bem-vindo ao 'Copo'.
Obrigado pela poesia que partilhas que vou lendo aos poucos n' O Profeta que acabo de descobrir. E obrigado por deixares aqui um pedaço de talento.

Beijo