quarta-feira, 13 de abril de 2011

Uma vez

Linda Mingay, Is it a sign, 2005

Quantas vezes o Amor nos acontece na vida? Quantas vezes descobrimos alguém e esse alguém nos descobre em sintonia? Quantas vezes, na vida, acontece essa descoberta absoluta e sublime? Quantas vezes podemos dizer com certeza 'És o amor da minha vida!"? E quantas vezes podemos esperar  ouvir, com verdade, o mesmo da boca de alguém com a mesma intensidade com que o sentimos? Quantas vezes o Amor vem bater à nossa porta aberta de par em par para o receber? Quantas vezes na vida teremos disponibilidade para amar, segurar e cuidar para sempre?... Uma, se tivermos sorte... muita sorte.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O que sinto...

Linda Mingay, Broken Hearts On The Mend, 2004

E se o Amor é esta força incontornável que descobri em mim, através de ti, que outras forças me sobram senão o bem que te quero e o bem que quero que sintas em mim?...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Lado esquerdo

Susan Rovira, Owl Creek Pass

Á medida que vou vivendo, vou cada vez mais tomando consciência de que sei muito pouco da vida. Quanto mais conheço menos sei. E neste assumir, com todos os riscos, a minha ignorância, assumo também a minha humildade perante o mundo e perante tudo quanto desconheço. A verdade é que, embora haja diferenças significativas no que diz respeito aos fragmentos de conhecimento que dispomos, somos todos iguais no infinito da nossa ignorância. E eu não sou melhor do que ninguém. A minha razão é e será sempre relativa. O meu lado esquerdo é, por conseguinte, o meu chão, porque não tenho dúvidas em relação ao que me anima. Não duvido do que sinto. Se duvidasse, mergulharia num enorme vazio e perdia-me de mim mesma. E nada seria pior do que a deriva nesse vazio em que já vivi quase uma vida inteira, onde nem a razão me fazia sentido nem o eco da minha voz eu ouvia... O meu lado esquerdo é a vida, o que sou e o que existo, a prova de que a alma existe e de tudo o que em mim vale a pena. Ignorar esta intensidade é esvaziar-me de conteúdo e abandonar-me à escuridão. Naquilo que sei que sinto tenho a certeza de mim mesma.

domingo, 10 de abril de 2011

Consequências

Raymond Ma, EMP

Por vezes, as coisas que dizemos são tão sufocantes como um edifício alto que nos tapa o sol e nos condena à sombra dia após dia. E, por vezes, nem dizemos mais do que um suspiro de momento desencantado e triste e, no desencantamento do momento, um suspiro é suficiente para elevar paredes cada vez mais altas, duras e surdas. Outras vezes, dizemos o que nos vai na alma desencantada e triste, mas não vencida e com amor na voz, e não nos ouvem ou, se ouvem, não querem ouvir. Por vezes, dizem-se coisas como um grito, à espera que reparem em nós do lado de fora da muralha. Chamamos a atenção com o que temos à mão, à bruta como as crianças que partem coisas para não serem ignoradas. Outras vezes, põem-nos tão injustamente de castigo, que não apetece dizer mais nada a não ser coisas que vão cair sobre nós como estilhaços que perpetuam, infinitamente, o castigo. Como as crianças negligenciadas que estão sempre a ser castigadas... acabamos sempre a apostar numa asneira maior.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O mesmo de sempre

Mysterious Heart

Porque há coisas na vida que não mudam e nos tornam cativos para sempre. Porque hoje é especial e porque o coração não reconhece distância. Porque os afectos que se criam não desaparecem porque o mundo mudou de lugar. Porque as 'minhas' estrelas brilharão para sempre em mim, aqui fica um beijo de parabéns a uma delas embrulhado em saudades que não têm fim.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O que não sei

Wenche Aune, B&W #11, 2011

Se nós soubéssemos toda verdade sobre todas as coisas e todas as respostas certas para todas perguntas difíceis, não seríamos seguramente pessoas. E não sendo pessoas não poderíamos apreciar as coisas que, normalmente, as pessoas sentem, tocam e vivem. Um abraço, por exemplo. A força dos braços que nos abraçam quando desejamos abraçar e ser abraçados. Coisas simples e humanas, imperfeitas e, tantas vezes, inexplicáveis. O que faz duas pessoas apaixonarem-se? Como se explica o Amor entre duas pessoas? Que respostas podemos dar a perguntas que transcendem a própria resposta? Se soubesse responder a todas as incertezas que nos sobram enquanto humanos, não seria livre porque estaria refém de respostas correctas e formatadas. A vida não existe abrigada num terreno seguro de respostas para todas as perguntas. A vida acontece nas perguntas que nos desalinham no que sentimos e não sabemos explicar. A vida é o caminho que fazemos à procura de respostas e de sentidos, porque nada acontece por acaso. 

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Identidade

Ann LT, By the sea

Quando não sabemos quem somos e pensamos que sabemos, ou fingimos para nós mesmos saber, cheios de certezas mal trabalhadas e aparente controle sobre a situação, alguma coisa está fora de lugar. Quando não sabemos quem somos está tudo tão fora de sítio que a vida acaba por se tornar um comboio em permanente descarrilamento. Porque a questão da identidade individual é o pilar da nossa construção pessoal e do que nos damos no mundo outros, porque sem essa estrutura assente e consolidada, somos pouco mais do que plasticina ao sol. Porque é a nossa identidade que nos define no que existimos nos outros. Se ela é vivida de forma intermitente, ou tão superficialmente como uma imagem num espelho, mais tarde ou mais cedo, surgem a dúvida e a insegurança de um lado e do outro do espelho. Se não sabemos quem somos, tendemos a acreditar que os outros divagam na mesma incerteza, porque queremos estar acompanhados na nossa angústia, porque não gostamos de ser nós o problema, porque temos dificuldade em assumir que ainda não chegámos onde julgamos estar interiormente, porque tal dói e é muito incómodo. Para quem observa não é menos incómodo nem menos doloroso, porque é inevitável o desconforto e a insegurança desse território estranho e indecifrável que fica no canto mais recôndito do ser, sem caminho certo para lá chegar. Porque as identidades não estruturadas, ou assumidas com pés de barro, são limbos de sofrimento agravado, cada vez mais profundo, por tudo quanto falha, e não se assume, pelo caminho da responsabilidade própria. Porque o peso, cada vez mais pesado, que vamos acumulando e carregando sobre os ombros, não se dilui nem desaparece no conforto, aparente e ilusório, de acreditar que se é vítima e que a responsabilidade não nos pertence. Todos os erros que cometemos podem ser "endireitados", a não ser o crime supremo de tirar a vida a alguém. A identidade adulta é a pessoa precisamente não se fazer de vítima. É tomar o controlo reconhecendo em que é que o outro é mais forte, e não ter de competir, para além da nossa própria força. A identidade adulta é assumir o compromisso do equilíbrio. Porque há tanta coisa que aprendemos tarde, mas raramente é tarde demais se a pessoa pensar que o que aprendeu, e conquistou em si mesmo, não se reflecte nem se esgota no 'hoje', mas vale para a vida inteira.

domingo, 3 de abril de 2011

Paciência

Anabark, Caído no chão #4 [Telemóvel, MAR2011]


"Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim... E ter paciência para que a vida faça o resto..."

William Shakespeare

quinta-feira, 31 de março de 2011

Com ou sem morangos...

Anabark, Cama, malas e... [MAI06]

I can't think straight... under my skin!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Frustação

Yves Rubin, Asphalt Dreams, 2008

"O que mais nos incomoda é ver os nossos sonhos frustrados. Mas permanecer no desânimo não ajuda em nada para a concretização desses sonhos. Se ficamos assim, não vamos em busca dos nossos sonhos nem recuperamos o bom humor! Este estado de confusão, propício ao crescimento da ira, é muito perigoso."
Dalai Lama

terça-feira, 29 de março de 2011

Coração de papel

Anabark, Caído na rua #1 [Telemóvel, MAR2011]

Encontrei-o, durante a noite, caído na estrada, atropelado pela indiferença dos carros que passavam e de olhos que não repararam. Assim, dobrado ou amarrotado pelo acaso, ou talvez não. À chuva, ao frio, inteiro na intenção. Abriguei-o na minha atenção. Procurei-o esta manhã, à luz do dia. Não estava lá, mas trouxe a memória comigo e dou-lhe aqui abrigo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Boa vontade

John Hamers, Sem título, 2011

"Pelo facto das pessoas serem como são e não como desejaríamos, é que nos tornamos tão irritadiços, rudes, mal humorados em certos momentos. Uma das causas frequentes de nossa falta de boa vontade com algumas pessoas, inclusive muito próximas de nós, é nosso apego a ideias de como as coisas e as próprias pessoas deveriam ser. 
O mais provável é que a vida com que sonhamos nem exista. Em vista disto, resta-nos a realidade. E quanto mais apagamos das nossas mentes a fantasia, maiores chances de descobrir elementos de prazer a alegria espalhados na vida real. E haverá mais afabilidade e doçura em nossas palavras e gestos, tornando a vida muitíssimo mais agradável."
Rita Foelker

sábado, 26 de março de 2011

Alma ao sol

Gordon W, River grass at sunrise, 2009

Espero que o sol aqueça e que a camada de gelo que te embrulha o coração se transforme num rio onde possamos navegar. Espero que raios de luz cintilante tornem o gelo translúcido e que consigas espreitar-me e ver, para além de espelho de tudo o que em ti se passa, o quanto de nós preservo intacto. Porque estou esgotada de subir e descer a montanha das coisas incompreensíveis e nada é mais desgastante do que caminhar vezes sem conta o mesmo caminho, às escuras, ao frio, carregando apenas pedras nos bolsos como alimento. Porque é estúpido entregar a alma a um caminho sem luz e sem paisagem cujo o único destino é a escuridão absoluta. Espero que o sol te aqueça e que a luz te ilumine uma perspectiva, uma ideia do quanto me habitas o coração, com ou sem razão, intocável no que sinto.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Anabark, Vida [JUN2010]

No irritante chão de pedra vou espalhando pétalas das flores que cuido dentro. A pedra é apenas pedra, não se reproduz. As flores não duram para sempre, eu sei, mas a devoção de quem as cuida fá-las renascer. Tal como as flores que nascem, morrem e voltam a nascer ao ritmo das estações do ano, também nós morremos muitas vezes quando nos fechamos no medo de viver. No irritante chão de pedra feito caminho de medo, vou deixando a cor que a terra fértil que sei que somos fez nascer.  O jardim que amo e cuido é um campo aberto que o inverno não apodreceu. E quando o sol deixar de ser tímido, do mar cinzento de pedra brotarão as flores que guardo e cuido dentro como princípio de luz.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Por outro lado...

Anabark, Visão turva [Telemóvel, JAN2011]

Ter razão é tão relativo quanto a posição que ocupamos no espaço. Depende, em primeiro lugar, do ponto de observação que escolhermos e essa decisão determina todo o raciocínio a seguir e os nós no pensamento que, aqui e ali, nos estrangulam a clarividência das coisas. Ter razão é um desejo e não uma verdade linear. Entre o que tu sentes ser verdade e o que realmente é e o que eu entendo como a minha razão há, certamente, muitas outras possibilidades de interpretação e outras tantas meias-verdades. Se mudarmos de sítio, a perspectiva é diferente, a realidade parece outra e, no entanto, nada mudou, a não ser a nossa visão, agora mais esclarecida pelo alcance panorâmico acrescentado. Tu tens razão, eu tenho razão, nenhuma de nós tem razão realmente. Temos a razão que teimamos ter, quase irracionalmente, enquanto permanecermos no mesmo sítio. E, se nos quisermos perceber de forma inteira e íntegra, é preciso compreender que o espaço que ocupamos individualmente começa e acaba em nós, se condicionado pela indisponibilidade de espreitar o outro e andar nessa direcção. Se essa vontade não existe no coração, não será na cabeça, suspensa no nevoeiro, que a iremos encontrar. Se o amor existe e insiste em manter-nos vivas, somos mais do que essa cegueira que nos consome por coisa nenhuma, diz-me a clarividência do coração.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Tango

'Les emotions d' aujourd hui', by Nonnetta

No espelho, reparo em partes de nós desengonçadas e ideias desarrumadas à espera de tempo e de vontade para deitar fora as coisas inúteis que ocupam o espaço que nos falta para algo mais importante, porque a vida acontece mais depressa do que o tempo que desperdiçamos a manter tudo teimosamente desarrumado. No que me une a ti não envelheço, recrio-me, transformo-me e tento aprender a vida do princípio, porque sei que nada sei e quero aprender o que sou ainda desajeitadamente. Por isso, aqui, ao espelho, sonho que tiras as mãos dos bolsos e vens dançar comigo como se fossemos a medida de todas as coisas infinitas e o nosso tempo não se contasse pela história das coisas desarrumadas.

terça-feira, 22 de março de 2011

Sobre o arame sem rede

Ann LT, Ping to myself

Diz ao Amor para não se esquecer de nós. Diz ao Amor que nos procure no mundo que tu e eu conhecemos bem e sabemos a vida infinita que, nele, nos habita. Saber quem somos é preciso, como também é preciso reconhecer as linhas tortas que nos desenham. Porque crescemos mais fortes e conscientes. Porque sabendo que a vida não acontece a ninguém, em parte nenhuma, em linha recta, procurando respostas edificamos maturidade. Quem, no mundo, depois de experimentar o amor, pode contentar-se com menos? O amor é um caminho sem retorno, por tudo o que nos acrescenta, por tudo o que nos faz sentir de bom e tudo o que nos faz sofrer, porque nada se passa sem consequências. Depois do Amor se instalar não voltamos a ser os mesmos, deixamos de ser tábuas rasas, somos mais uma dimensão. Não há como evitá-lo, sem ele sente-se o perigo iminente da janela aberta para saltos mortais no vazio. Ouve o Amor com amor no coração. 

segunda-feira, 21 de março de 2011

Deserta

Anabark, Burning fire, [telemóvel, FEV2011]

São cruéis as horas que passam desertas de ti. Os dias sem o aconchego de um hipotético beijo teu são áridos, frios, ocos, porque passam lentos no relógio da saudade e no silêncio em que te escuto. Se ao menos conseguisse dormir para me distrair da falta que me fazes… O amor que em mim acontece sem intervalos é feito desta saudade infinita. E as palavras são tão pequenas para te dizer tudo isto…

domingo, 20 de março de 2011

Escolhermo-nos...

Untitled

Sou o tempo que vivi e já vivi muito tempo desde que nasci para chegar a mim, num tempo que não é mesurável em anos mas no que me descubri capaz de ser e de sentir. Passaram milhares de anos desde que nasci para chegar aqui e só aqui cheguei porque tu chegaste até mim. Provavelmente, não saberás o quanto quero dizer com isto. Provavelmente entenderás apenas as palavras que escrevem a ideia, mas falharás a profundidade que a escreve. E isso atormenta-me porque, para mim, urge desfazer o equívoco que cavámos entre nós como um abismo. Porque me magoa, porque é estúpido e sem paredes sólidas que o sustentem para além da mesquinhez que teimamos exibir como enxada. Porque revela o pior que podemos ser e ninguém quer ser esse fundo do abismo, dia após dia, até o coração se tornar de pedra. Somos as escolhas que fazemos e eu escolhi-te, escolho-te a ti, e a mim também no melhor que sou, para além da mágoa, que existe também em mim como em ti, porque não quero ser vítima só porque não soubemos  fazer melhor do que cavar o abismo sem darmos conta. Porque não fizémos de propósito, aconteceu por estarmos, distraídas, a olhar para baixo, esquecendo a elevação do Amor e as estrelas como horizonte. Não gosto que te esqueças do princípio de tudo, daquela culpa que não 'foi do vinho' e do Amor que sempre foi insensato, intenso e maior do que a nossa vontade. Não gosto de perder de vista algo demasiado grande para se diluir na pequenez de sentimentos vis. Não sou essa pessoa. Amo, amo-te. E amar é ter a generosidade de alma de receber e encontrar formas de reconciliação. A fé que tenho é esta, mas preciso que a alimentes comigo... não acho que gostes de ser prisioneira do abismo. Caminha comigo!

sexta-feira, 18 de março de 2011

O que não adormeço...

Adalberto Tiburzi, Id-entity series - Glass, 2005

Aninha-me uma imensa tempestade e não consigo adormecer... Não durmo porque tenho medo do escuro mesmo quando o quarto está iluminado. E sonho-te, de olhos abertos, com o vagar impaciente de quem espera. Sabes o que te procuro, meu amor? Não procuro mais do que o que eu sinto e do que te encontro quando a mim te dás. Não quero mais do que o tamanho infinito do que abraço em ti, porque não existe mais para além disso. Perdoa-me se te parece impossível. Trago em mim esta ideia a segurar-me o corpo, a alma e o coração contra o desequilíbrio da tua ausência porque as saudades são escuridão e nelas tropeço noite e dia, dia após noite após dia. Não sei amar-te menos hoje do que amei completamente, ontem, no silêncio e na distância de um copo vazio.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Amor em contratempo

Harry Behret, Fences, 2004

E se o Amor, para se provar Amor, se testa a si próprio através obstáculos difusos pelo caminho, em vez de nos deixar seguir numa recta a perder de vista o princípio, o prazer da viagem e o sentido da caminhada? E se tudo o que se sofre, chora e luta é a prova de fogo do Amor àqueles que junta como amantes privilegiados? Se o Amor nos empurra e nos faz cair à espera de nos ver levantar mais fortes, tudo o que deixamos cair ao chão continua no mesmo sítio à espera de ser reencontrado. Por tudo o que vivi sei que o Amor não tem prazo de validade. O Amor é sem tempo - tem contratempos, momentos de desencontro quando está desarrumado, mas não se acaba como algo consumível. Não é finito aquilo que não se define materialmente. O Amor vem de dentro, surge e sente-se sem explicação. Não acredito que se acabe aquilo que nem tu nem eu podemos tocar pela nossa vontade. Esquecer? Procurá-lo noutro lugar aonde não está e poderá nunca vir a estar?... Talvez, mas só depois deste coração morrer - prefiro chorar, sofrer e lutar mas, no fim, dizer que AMEI.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O que aqui se passa

Benoît Jolivet, Patience... Bientôt l'Été / Waiting for Summer

Se soubesses as vezes que as palavras me ficam penduradas, num ou noutro pensamento ou em vários ao mesmo tempo, e me falham em transmitir fielmente o sentir?... Sabes quantas vezes te procuro no que as palavras não encontram e no que teimo em não deixar fugir? Ou quantas vezes o meu pensamento impaciente me atropela as intenções e perco o fio inteligente do que te quero dizer com a simplicidade de um sorriso? E quantas vezes a impaciência me retira sentido, e beleza até, no que digo sem sentir só porque dentro de mim tropeço e caio mil vezes por segundo? Se soubesses as vezes que me ultrapasso para chegar a tempo e chego depois de tudo a perder?... Quantas vezes espreito de memória o teu sorriso à espera que me adivinhes e à minha vontade de te beijar? E depois beijo em pensamento e abraço-te também. Mas tu não sabes e não sabendo de nada me vale. E ainda assim, nas horas que passam vazias e ausentes de nós, eu acredito que 'não é tarde nem cedo para quem se quer tanto'.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Sobra amor ao silêncio

Raymond Ma, Gardens of Mystery


Agora as semanas vão passando cada vez mais difíceis e mais pobres porque me sobra o amor e o amor não deve sobrar nas mãos de quem tanto o quer dar. Tudo sobra no silêncio. Não morri, não morreste, mas as saudades são quase dessa forma irreparáveis. Não tenho vergonha nenhuma de dizer, a quebrar o silêncio, que tenho saudades. Porque as tenho e coisa nenhuma no mundo me distrai dessa solidão cá dentro que sinto como ar irrespirável. Metade da minha vida foi-se e já não tenho outro tempo de vida para aquilo que só acontece uma vez na vida, porque já aconteceu quando te encontrei. 'Tudo é eterno enquanto dura', foi a mais dura lição que aprendi. Soubesse eu e teria tornado os momentos de infinito ainda mais infinitos, até o tempo parar e fixar-nos nessa eternidade. Teria aproveitado mais, pensado menos. Teria rido mais vezes descontrolada e sem pudor e teria feito rir da mesma forma. Teria abraçado mais do que é possível os braços abraçarem. Fiz tudo isso, dei tudo, o melhor que sabia pelo menos. Não sabia tudo, ninguém sabe tudo. Mas teria feito tudo em duplicado, em triplicado, dezenas, centenas de milhares de vezes, porque não seria demais a felicidade e o Amor não sobraria feito solidão interior num coração que não sabe deixar de amar.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Se calhar não é assim...

Roe,... Heart of gold, 2008

Tenho a certeza que o Amor é perceber que duas pessoas não são uma só mas a soma das partes de cada uma. E que amar é aceitar o outro, sobretudo nas contrariedades e torná-las vantagens, pela experiência acrescentada que resulta da diferença de gostos e de pontos de vista. Tenho a certeza que o Amor é querer conhecer melhor e não desistir do que não compreendemos, se calhar porque nunca pensámos nisso. E que amar é confiar que vamos aprendendo todos os dias a perceber o 'incompreensível'. Tenho a certeza que o Amor é assumir que não sabemos tudo e que, por não sabermos tudo, faz-nos falta um outro ângulo de visão do mesmo caminho. Se não for assim, não faz mal, posso melhorar o meu ponto de vista.

sábado, 5 de março de 2011

Falo por mim...

Stéphane Bouchard, A piece of eternity, 2004

Falo por mim, que sou feita à moda antiga: 'para toda a vida' quer dizer isso mesmo, para toda a vida. Falo por mim, que aceredito que o Amor não se desfaz com o tempo: 'para sempre' é para sempre. Falo por mim, que sei quem sou e o que sinto com certeza: infinito é sentir para além e apesar de tudo. Falo por mim, que acredito que o sentimento não se esquece: se esquermos não será, certamente, Amor. 
Falo por mim apenas, que sinto sempre como da primeira vez.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quase vida

Foto de Armando Jorge Espinho

"Temer o amor é temer a vida, e quem teme a vida já está três quartos morto."
Bertrand Russell

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"Um dia conversaremos..."


'Uma meta, um compromisso explícito, concentra a nossa atenção no alvo e ajuda-nos a encontrar formas de lá chegar.'

William H. Murray, o alpinista
...Isto eu percebo!!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Visão maior

Roe... Illusions of Love, 2010

Eu disse, escrevi, repeti, gritei, milhões de vezes de milhões de maneiras, mas não consegui fazer acreditar. Não estou errada, há quem concorde comigo e seja feliz dessa maneira. Tudo depende da grandeza do sentir, da maturidade de saber Amar...


Longe da Vista mas perto do Coração
"Ao contrário do que é habitual, hoje venho aqui desdizer um adágio popular que justifica muitos não ter, não ser, não viver, não poder, nas vidas de todos nós.

Longe de mim defender a tese de que o hamor e o querer muito são directamente proporcionais aos quilómetros entre as partes. Nada disso.
O que eu quero dizer é que estar longe não justifica deixar de hamar, gostar, respeitar e querer que resulte.
Muito menos servirá para dar como desculpa face a comportamentos desviantes, cobardes, menos nobres que eventualmente se escondam atrás do facto de que “o corpo é fraco”.
Hamar ao longe é antes de mais nada um desafio. É querer de forma mais forte, é investir ainda mais, é dar corpo e alma pelo que realmente desejamos.
É saber gerir saudades, desejos, faltas, com um grande sorriso, com força, com coragem, é dar colo e mimo quando as fragilidades do outro nos aparecem a pular ao telefone, no monitor, nos sms’s.
Hamar à distância é o dobro
É ser mais forte, mais poderoso, mais generoso e transformar por artes mágicas a falta que sentimos no prazer do abraço que nos aguarda daí a dias ou meses.
Hamar à distância é uma coisa assim a modos que impensável mas acontece aos melhores. E pode ser a melhor coisa que nos aconteceu na vida."

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sem comparação



Se encontrares por aí lábios que te beijem com a intensidade dos meus  (duvido), cuida deles TODOS os dias e não os beijes nunca de mãos nos bolsos como fizeste com os meus. Segura o que é teu com as duas mãos e faz entender, num abraço, que queres desses lábios, e só deles, todos os beijos de Amor.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Segurar

Nick Yoon, Person in grief?


"(...) Quando precisares de força para não ceder pensa nisto: ela cuida de ti se estiveres a chorar? Ela pergunta se jantaste, se tens dormido? Ela diz que viu uma coisa qualquer e lembrou-se de ti? Isso é que é importante, não é ela receber passivamente o teu blog e dizer que te ama e depois ter um perfil assim. É falar-te num livro que é igual a vocês, é levar coisas para a tua casa que sejam para ti. É a diferença entre manipular e dar-te as mãos abertas."


F.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Fora de jogo

Stu, Old Firm victory for the Bhoys!, 2005

Eu sempre disse que iria acontecer assim e aconteceu. Tu deixaste. Desta vez apostei tudo para provar que tinha razão, e tinha. Não tenho mais nada a perder. Para ela é um jogo, para ti a vida, que deixas outros jogarem por ti. Para mim a certeza do que sempre soube, a morte que sempre anunciei. A tua falta de convicção impele-te ao jogo, o que deitas a perder é por não saberes, ou não quereres, defender como teu. Achas que podes ganhar um jogo que outra pessoa controla por ti, por mim, por nós? Quantos trunfos te ficam quando descartas o que é teu por absoluta falta de convicção? Já fiquei a dormir na rua por causa da tua falta de fé, lembras-te? Foi o primeiro sinal de que estou fora de jogo na tua cabeça.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Nada mais do que a verdade



"O verdadeiro é demasiado simples, mas chega-se sempre lá pelo caminho mais complicado."
George Sand

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Hoje é o dia

Roe...Untitled, 2010

O dia, não hoje mas também, começou no futuro, isto é, com a ansiedade do que estaria para acontecer depois de amanhecer. Para além das palavras, não te sabia mais do que te escrevias e te descrevias e me partilhavas. Tentei a noite inteira adivinhar-te a voz, a presença, um gesto que fosse, qualquer coisa para me sossegar as horas e adormecer num esboço ameno do dia seguinte. Passaram cinco anos e hoje é o dia do futuro que não me deixou adormecer nessa noite. Hoje é o dia e o futuro, ainda, é um mundo inteiro por descobrir para o resto da nossa vida.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

É, não é?

Roe..., Sem título, 2010

"...Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente."
Clarice Lispector

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sonho de uma noite de inverno


Esperava na paragem de autocarro. E tu vinhas a passar... 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Positivamente

Roe, Illusions of Love

We'll get well soon ;-)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Convergência

Yves Rubin, Convergence

A inevitabilidade do curso dos rios em direcção ao mar não é corrompida por muitos obstáculos que enfrente pelo caminho.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Construção

Cno Eso, Papagaios em dias de chuva, DEZ10

Ter tudo não é um princípio, é um fim.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Olá

Anabark, A penny for yor thoughts..., JAN2011 (foto de telemóvel)

Hoje foi o dia, o primeiro momento da aventura que não tem tempo, mas que é essencial recordar como tudo começou. Hoje é sempre o dia. Sempre para sempre.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Opacidade

Anabark, Ameixoeira nebulosa, JAN2011 (foto de telemóvel)

Hoje sou nevoeiro. Caminho lentamente, a medo, não sei o que a névoa opaca esconde, mas sei que algo nela se oculta e eu quase não me vejo. Hoje sou nevoeiro, à espera de resgate e de resiliência minha e tua.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Só um mundo de amor pode durar a vida inteira

Rob Oele, Algarve in the Spring Series, 2010

"...O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". (...) Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. (...) O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

(...) O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Expresso'

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Jogo a feijões

Ace of Spades

Irritam-me profundamente aquelas pessoas que dizem: 'Não gosto de perder nem a feijões!'. Mas alguém gosta?! Que frase tão estúpida e pequenina! Um vencedor sabe que perder faz parte da vida, que a vida é uma jogo, e sabe perder. Um vencedor respeita os adversários e, acima de tudo, respeita as derrotas, as dele e as dos outros. Ganhar não é 'gostar de não perder', ganhar é saber jogar, ser mais forte. Ganhar é, também, saber perder quando o adversário prova a sua grandeza. Vencedor é aquele que respeita o jogo para além do espiríto de competição. Um vencedor mantém a dignidade e nunca fala de feijões para justificar falhas de carácter como a ganância e a pequenez de alma do 'disposto-a-tudo-para-ganhar'.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Diferença substancial

Anabark, Luz de toque, JAN2011 (foto de telemóvel)

"Being deeply loved by someone gives you strength, while loving someone deeply gives you courage."
Lao Tzu

domingo, 9 de janeiro de 2011

Desafiando a gravidade

Anabark, Gravidade, 2009

"Quand une femme est la douceur et le trouble, l'ammusement et la gravité, la nouveauté et la memoire, le voyage et la demeure... Quel homme / femme digne de ce nom refuse ce miracle et choisit de fuir en invoquant l'inconfort d'aimer?"

Erik Orsenna (2001)

sábado, 8 de janeiro de 2011

Irreflexão

Anabark, Múmia, JAN2011 (foto de telemóvel)

Há dois ou três dias atrás, já não sei, o tempo agora é irrevelante, estava tão chateada que peguei numa tesoura e numa máquina de cortar cabelo e mudei-me. O cabelo deixou de estar onde antes estava. Mudou a minha imagem no espelho e o cabelo espalhou-se pelo chão. Corajosamente, saí para a rua e toda a gente reparou. Gostaram e não acreditaram que foi um acto de frustração nem acreditam que foram as minhas mãos! Elogiaram-me o jeito. E eu ri-me, não por vontade, para ser agradável. Por fora, aparentemente, não se nota, mas, por dentro, continuo mumificada de tão imenso aborrecimento...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Conselho

Bob Reynolds, Mud volcanoes of the Salton Sea

"...Be patient toward all that is unsolved in your heart and try to love the questions themselves, like locked rooms and like books that are now written in a very foreign tongue. Do not now seek the answers, which cannot be given you because you would not be able to live them. And the point is to live everything. Live the questions now. Perhaps you will then gradually, without noticing it, live along some day into the answer."

Rainer Maria Rilke, Cartas a um jovem poeta (Carta Quatro, 16 Jullho 1903)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Oportunidade

Armando Jorge Espinho, Sem título

"Año nuevo no es vida nueva pero si es una nueva oportunidad para hacer mejor las cosas"

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Bom Ano...

Vincent Isler, Sands Of Time, 2010

Contagem decrescente... 
Que 2011 traga felicidade, com tudo o que a palavra felicidade inclui.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Votos de...

Anabark, Gelo, 2009

...FELIZ NATAL

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Aviso


FECHADO PARA OBRAS

Não há motivo para te importunar a meio da noite


Não há motivo para te importunar a meio da noite,
como nâo há leite no frigorífico, nem um limite
traçado para a solidão doméstica

Tudo desaparece. Nada desaparece. Tudo desaparece
antes de ser dito e tu queres dormir descansada. Tens
direito a um subsídio de paz.

Se eu escrever um poema, esse não é motivo para te
importunar. Eu escrevo muitos poemas e tu trabalhas
de manhã cedo.

Toda a gente sabe que a noite é longa. Não tenho o
o direito de telefonar para te dizer isso, apesar dessa
evidência me matar agora.

E morro, mas não morro. Se morresse, perguntavas:
porque não me telefonaste? Se telefonasse, perguntavas:
sabes que horas são?

Ou não atendias. E eu ficava aqui. Com a noite ainda
mais comprida, com a insónia, com as palavras
a despegarem-se dos pesadelos.

José Luís Peixoto