José Pinto, Outro Mundo
Havia no fundo do mar uma promessa, quase tão grande como o Amor, resumida numa única palavra 'Sempre'. E lá no fundo onde eu vivia sem luz do sol, iluminava-me essa ideia de ti - 'Sempre'. Como desistir da certeza de 'Sempre'? No fundo do mar segurou-me a esperança de que me sentisses como eu te sentia a ti, sem longe nem distância. E ainda que não te soubesse, acreditava-te a pensar em mim e chorar ao mesmo tempo que eu enchia de mais lágrimas o mar que me afundava. Sentia-te sem terra firme, à deriva e eu deixava-me naufragar todos os dias ao fim do dia, sem vontade de adormecer e acordar para mais ausência na manhã seguinte, porque a ausência torna-se doença e acaba por matar. No fundo do mar, era eu e tu comigo no que eu sentia e acreditava. Lá longe, do outro lado do mundo, vivias tu o mesmo 'Sempre' da promessa, silenciosamente, tão silenciosamente que só eu te ouvia. E enquanto te enrolavas na areia sem queres ouvir o que te respondia, eu, no fundo do mar, cuidava do 'Sempre' teimosamente, tão teimosamente que toda a gente se ria. Mas eu e tu tínhamos razão, da certeza de 'Sempre' não desistimos. Salvou-nos o Amor e nele nos navegamos numa ideia de mar infinito e intemporal. Sempre - tu és insubstituível.
____________________"They couldn't hear him. They couldn't see him. But he was there when they needed him... Even after he was gone." («Always», Steven Spielberg, 1989 - EUA)
4 comentários:
olha... essa foto é do Penedo da Saudade - Norte...
Excelente texto, como sempre :)
Esse tempo já passou graças ao Amor que vos salvou.
Beijos x 2
Anónimo (= SK?)
Pois... São Pedro de Moel, onde até há um farol...
Sendo tu de Leiria / Marinha Grande foi fácil de reconhecer... :)
Whitesatin,
E tu que dizes que vives à frente do tempo certo, tenho a certeza que vais acertar o teu relógio pelas horas exactas e salvar-te também. :)
Beijos nossos
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