terça-feira, 24 de abril de 2012

Com atraso relativo

Dwight Rankine, Weather Worn, 2007

É tarde para quem se quis tanto e não se acreditou. O mundo mudou de lugar e nenhuma janela ficou virada para o infinito. É tarde, não pelo tempo que passou mas pela inocência perdida que não se sabe recuperar. Atrás de uma fecham-se todas as portas que nunca, antes, existiram. É tarde, a pele envelhece e os olhos são outros, desencantados pelo que aprenderam a ver para além da contemplação. A criança desapareceu, por dentro e por fora uma voz adulta calou a aventura. Uma luz diferente sobre o presente e uma verdade dura aprendida. Bem que se quis e amor infinito, tudo em vão, ilusão de uma vida. Faz-se tarde para perder tempo quando se já se perdeu tempo para nada. É hora de deixar o que não é meu, mudar a casa, as chaves e a fechadura. É hora de perder o medo de ser livre e comprometer-me comigo. São horas de aceitar que amei alguém que não se deixou amar e a quem já nada resta do que, em tempos, foi capaz de ser comigo.

4 comentários:

Cat. disse...

Irra, são mais do que horas!!!
Que desperdício, ai ai...

beijo grande

Always disse...

Cat.,
Lol... o tempo é relativo, os sentimentos não.

Beijo :)

tiza disse...

é tempo! :)

Always disse...

Eu sei!... :)

Um beijo, Tiza... e saudades!