sábado, 14 de outubro de 2006

Um gato à cabeceira

Anabark - Ghost image (JUL05)

São olhos de noite e movimentos de silêncio
que vigiam e tomam conta da alma tantas vezes à deriva
Se a distância tivesse calor, a alma não teria frio.
Se entre esse longe e este aqui, se pudesse pintar um quadro,
teria as cores da invisibilidade
e as formas do que não se vê mas que existe:
o inexplicável que une dois seres diferentes na existência

O silêncio tem a cor da noite
mas os olhos felinos brilham às escuras e vêem longe,
deixam marcas na pele de quem olha por eles
Estranha forma de amar
silenciosa e arranhada
lenta e cuidada

4 comentários:

Anónimo disse...

...demoro-me um pouco mais por este "copo"... e questiono: onde estará o vazio?
reforço abraço

Always disse...

Demora-te o tempo que quiseres. :)

Dentro do "copo" está o vazio da perda. Perder é ficar de mãos vazias, é segurar coisa nenhuma. Recordar tudo o que foi é a materialização do vazio em tempo real.

Retribuo o abraço.

Anónimo disse...

engraçado, parece-me que esse vazio tem muito.
o que nós fazemos com o que nos dão, e com o que nos tiram também, não é o mais importante?

Abraço-te

Always disse...

O vazio é o espaço infinito de todas as possibilidades. Preenchê-lo é uma construção permanente, a acção contínua de uma procura maior. E neste sentido de perpétuo movimento, perder é também ganhar.

Um abraço.