sábado, 28 de outubro de 2006

Uma história de adormecer

Analogic dream... Mer-de-Glace
Era uma vez um astronauta que, depois de inúmeras viagens por outras tantas galáxias, chegou a um planeta onde encontrou um ser que em muito apresentava semelhanças com o que na terra se podia ter como animal de estimação. Podia ser um cão ou um gato. Era uma criatura diferente, talvez até estranha, mas amistosa, mostrava-se afável e de confiança. E por tudo o que a criataura lhe inspirava imediatamente se afeiçoou a ela. Ficou radiante por também a criatura mostrar sinais de afecto.
O astronauta ficou muito satisfeito com a situação. Tinha estabelecido contacto com um ser alienígena e isso era um feito notável neste e em qualquer mundo habitado, tratou, por isso, de cuidar bem da sua descoberta. E lá foi cuidando sempre o melhor que pode. Pensou que a sua missão a partir daí seria cuidar. E a criatura, aparentemente cuidada e cuidadosa, deixou-se cuidar porque pensou que esse cuidado era importante para o astronauta.
Os dias iam passando e os cuidados do astronauta tornavam-se uma rotina mais ou menos bem sucedida. Entretanto a criatura, que não era nem um gato nem um cão, interrogava-se sobre o que faria o astronauta manter tanto afinco em cuidados que, afinal, não eram tão necessários assim, e sentia-se incomodado. O astronauta olhava a criatura cada vez mais com estranheza e pensava e repensava como é que tanto empenho e afecto a cuidar poderia incomodar e, confuso, foi entristecendo. A criatura notou e ficou triste, sem saber como curar a tristeza do astronauta.
O astronauta conhecia cães e gatos e amava todos os animais. Queira o melhor para eles. Por mais que se esforçasse não entendia o desconforto e a indiferença da criatura que, entretanto, comunicava numa linguagem estranha e indecifrável. O astronauta começou a ter medo sem saber de quê. A criatura reparou e não percebeu porquê. O astronauta inventava maneiras de cuidar. A criatura inventava formas de se deixar cuidar sem esforço do astronauta. O astronauta cuidava que cuidava. A criatura queria cuidar sem nunca conseguir.
Ambos se tinham esquecido que eram apenas diferentes. Diferentes no sentir e no cuidar. E isso fazia toda a diferença das peças por encaixar. O astronauta e a criatura eram diferentes e atropelavam-se diariamente sem perceber os limites da diferença.

32 comentários:

Anónimo disse...

Aninho-me por aqui um bocadinho, sim? só até me conseguir, novamente.

Abraço de quem se deixa adormecer

Always disse...

A confiança do aninhar e adormecer num abraço é um momento de azul cintilante para quem fica a vigiar o sono de quem adormece.

Um abraço.

Anónimo disse...

do teu amplexo me levito, em renovação, cicatrizada para o restante do mundo.
nos meus olhos a gratidão dum outro combatente de históricas batalhas nos nevoeiros intemporais da existência, que nos braços do companheiro larga a alma, no esquecimento do corpo dorido.
retornarei-te.

Abraço azul-enérgico

Always disse...

A cúmplicidade de quem conhece as nódoas negras do existir em dias de nevoeiro reconhece a força do abraço pela vontade de caminhar em frente, deixando para trás o esforço inútil de insistir em batalhas perdidas.

Um abraço.

Anónimo disse...

Olha retomo-te o aconchego, que tenho os ossos a contiparem-se e a vontade estafada...

acorda-me só na segunda, sim?

Always disse...

Enquanto dormes, invento histórias para aconchegar melhor e ponho-te uma manta por cima que te aqueça o que os ossos sustentam e te embrulhe uma vontade renovada...

...Acordo-te na segunda como combinado!

Anónimo disse...

HUggggfphhhhhhh! (espreguiço-me)
esticco-me a sacudir a hibernação
(a rolar ainda os punhos pelos olhos...)
Olha, está uma primavera ali à frente!

Ps. Acho que sonanbulei, pareceu-me ter desinterrompido qualquer coisa pelo caminho

Always disse...

- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho...


Em passos sonâmbulos ou não, gostei de te sentir a desinterromper esse algo pelo caminho.

... O que quer dizer 'cativar'?

Anónimo disse...

Olha trago-te um laço azul, que fiz ontem a pensar em ti... gostas?

abraço-te

Always disse...

Como poderia não gostar se o fizeste a pensar em mim?... Podia até ser de outra côr qualquer, para mim seria sempre azul.

Anónimo disse...

olha, ainda manhã... e eu já num cansaço que me acende uma noite por dentro...

Always disse...

Queres que te empreste a minha manhã sorridente para voltares a amanhecer esta sexta-feira de chuva?

Adormece por um instante no abraço em que aqui te descanso.

Anónimo disse...

Olha venho aqui num pulinho, só para sorrir contigo, para nos rir-mos numa bebedeira de qualquer coisa... podem até ser abraços.
Olha, os Poetas, são imortais, não é?... como as estrelas que conhecemos.

Abraço feliz

Always disse...

Numa bebedeira de abraços, rio-me feliz por ti.

Um abraço quente neste dia cheio de poesia! :)

PS - Agradeço-te o instante de teres parado por aqui para me dares conta da estrela cintilante no teu caminho.

Anónimo disse...

Vim hoje aqui para te dar um abraço. Vim aqui hoje como quem tem uma saudade e não sabe bem do quê.

abraço-te, porque sim.

Always disse...

Este é um cantinho a que regresso todos os dias antes de adormecer.
Ainda bem que te encontro!

Abraço-te como sempre.

Anónimo disse...

trago-me em sentimento

Always disse...

E em sentimento nos descobrimos.

Anónimo disse...

Fui lá fora apanhar uma lenha e vou acender a lareira para o serão, entretanto, enquanto o lume se aquece, vamos até lá fora cumprimentar as estrelas que nos brindam com a noite.

Olha, contas-me uma história?

abraços rústicos

Always disse...

Quando voltarmos para o fogo quente da lareira, conto-te a história do porquinho verde. Conheces?...

Um abraço a olhar as estrelas.

Anónimo disse...

escuta, guardei no peito um raio de Sol. guardei-o e cuidei dele, como soube. cresceu. agora partilho contigo um astro luminoso completo, imenso, que me aquece o centro do que sou e me ilumina o sentido de tudo o que preciso.
transplanto então um raio desta luz, aqui para este cantinho, e espero, aguardo, serenamente o desenvolvimento.
olha, cuidas dele?

abraço de quem sabe que sim

Always disse...

Aqui, neste cantinho de mim, guardo o teu raio de luz e vou cuidando dele à espera de que cresça um astro radioso e imenso como o que aqui me partilhas como essência de vida.
Queres esperar comigo para ver o que acontece?...

Abraço-te com braços de luz.

Anónimo disse...

olha venho contar-te o ritmo de coração que bate, pulsa, vibra. é um ritmo de vida, é um bater em crescente, é um pulsar que sente, é um vibrar contente.

conheçes?

abraço potenciado

ps. do que é feito um universo?

Always disse...

Conheci o meu em tempos e agora o teu também... reconheço-lhe o vibrar contente e crescente e fico a tentar ouvir o meu pulsar novamente...

Um abraço de ritmo renovado.

Os universos são feitos do que nós soubermos construir.

Anónimo disse...

retiro a pele, sacudo os ossos, e estico os músculos.

ficarei em hibernação até depois das festas

abraço de urso

Always disse...

Não perturbo o teu sono, se me prometeres que ficas quentinha...

Um abraço-cobertor

Anónimo disse...

Em piruetas por um fio.

Abraço malabarista

Always disse...

Desejo-te bem e piruetas seguras... com corda dupla.

Um abraço.

analogic disse...

... e um abraço azul

Always disse...

E o reencontro azul do mesmo abraço :)

analogic disse...

abraço-lareira

Always disse...

Obrigada pelo calor que aqui me deixas hoje como deixaste sempre que me sentiste invernosa.
Um abraço reconhecido :)