sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Azul algures...

Analogic, Pelo caminho (2006)
A.
Vou coleccionando os postais que me envias com a maior atenção ao que te dizes e à tua vontade de aprender-te. Gostava de poder dizer que tenho coisas úteis para te ensinar, mas tu sabes o que eu sei ou mais ainda. Tens muito, mais do que eu talvez. O caminho em que te procuras está à beira da tua vontade de ser completamente. Não me parece longa a caminhada - sabes onde estás e queres muito encontrar-te e há a promessa de um abraço de 10 anos no fim do caminho. Não será essa a força que precisas em cada passo que dás?
As perguntas que me fazes são importantes. Tenho receio de não saber responder, porque a minha noite é de outra natureza e a distância existe. Como posso ensinar-te a segurar quando não fui suficiente para ser guardada? Posso partilhar-me e receber-te, vigiar-te os passos e ouvir o teu grito em postais de ti. Tudo isso abraço e seguro, mas que posso eu realmente ensinar-te se não aprendi mais do que descobres em mim? Em que pode a minha noite ser-te útil se nem a mim me faz sentido?
Tudo o que aprenderes de mim são hipóteses, meras possibilidades de resposta. O resto, o essencial, está em ti e no esforço que te sinto disposta a regressar-te com o mesmo peito aberto com que me escreves e te revelas.
Gosto dos tons de azul que me dás a conhecer.

2 comentários:

Anónimo disse...

Aprendo-te o saberes ouvir-me.

Abraço sorrido

Always disse...

Seguro a tua voz com atenção e cuidado pela importância do tom com que te pensas e te fazes ouvir.

Um abraço de quem te aprende por palavras e pensamentos que reconfiguram a matéria do ser e sentir.