segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Frágil

Linda Alstead, Fortune Coockie, 2005

É porque amamos tanto que a alma, por vezes, adoece na ambiguidade da palavra ou num erro de cálculo de um gesto desastrado. Às vezes entramos numa loja de cristais e deixamos tudo em cacos. Às vezes julgamos o todo pelas partes porque estamos contrariados. Às vezes damos demasiado importância a coisas sem importância nenhuma e dizemos coisas em voz alta que nem nos passaram pela cabeça de mansinho. Ouvimos e dizemos coisas que não queremos nem ouvir nem dizer. Coisas sem sentido que sabemos que nos adoecem e não impedimos que o absurdo aconteça, porque acontece o absurdo cada vez que não te oiço nem te vejo. Porque o absurdo é esse instante entre duas verdades numa balança. Porque a verdade tem um peso absoluto, imesurável, em cada um de nós. Convencer-me do contrário é tornar-me surda ao argumento, andar em círculos em opiniões divergentes. Convercer-te a ti é desencontrar-te em cada ideia, perder-te nas palavras fora de contexto. Só porque amamos demasiado isto acontece, por vezes, sem razão. Porque te quero demasiado bem tudo tem uma importância do mesmo tamanho, mesmo a irrelevância das coisas sem sentido. Sei que falho ser inteligente e falo com o coração quente, mas em tudo o que falho há Amor para sempre, porque o Amor é a incondicionalidade de saber amar também a imperfeição. Amar-te tudo é saber-te humana e distinguir-te do resto do mundo como o Amor da minha vida. Assim desejo eu fazer tão completamente parte de ti, mesmo cheia de erro e abastada imperfeição. Amar por inteiro é abraçar a fragilidade e compreênde-la de alma e coração.

2 comentários:

Maria Papoila disse...

É preciso tocar o cristal com mãos de veludo, e isso só o amor é capaz de fazer.

Always disse...

Maria Papoila,

Lindo! Estou absolutamente de acordo. Todo o cuidado é pouco quando o cristal nos é tão precioso.