quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Nas memórias do sonho


Tom Gething, Locked, 2004

Daqui a pouco estarei a dormir o pouco tempo que falta para me levantar. Deito-me e adormeço e sonharei contigo porque não sonho com outra coisa que não sejas tu. Ou, se calhar, não sonho, penso adormecida, convoco memórias, porque os sonhos fazem-se combinando recordações. Amanhã não me vou lembrar das memórias encontradas que o sono combinou numa ordem qualquer que não sei entender acordada. Mas sei que, em tudo o que sonhei, estavas tu porque te guardo em mim de coração fechado a cadeado. Por grande que seja a alma, o Amor é exclusivo e nunca lhe sobra espaço. Sonho-te de noite para matar saudades e entreter as horas que, não sendo muitas, são infinitas de olhos fechados. Sonho-te de dia para enganar o tempo e ter-te sempre à distância de um beijo, porque sinto saudades tuas mesmo no intervalo dos nossos lábios. Amar-te é acumular saudades no aqui e agora e sofrer o tempo que, lentamente, vai passando entre um abraço e outro. Adormeço de vida suspensa à espera de sonhos que invento para te reviver neste tanto que somos, infinitamente, uma na outra.

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