terça-feira, 29 de novembro de 2011

Memória

Anabark, Dry (SET2011)

Por debaixo da pedra arrumam-se coisas que o tempo não apaga porque o coração não desiste da força que lhe deu vida. Por debaixo da terra, o tempo não existe e o coração bate fora de tempo e sem razão. Por dentro a memória não se esgota, tudo lembra e nada esqueço. Por dentro as lembranças são rios vivos que correm em circuito fechado. Tudo o que tempo não leva para longe com a força de vento forte, para sempre será meu com a força de vida eterna que lhe empresto. Tudo o que perdoo não esqueço. O coração é maior do que peito e a memória maior do que tempo que é infinito. Por debaixo da pedra arrumo o que está a mais por não estar aqui simplesmente. O que não me é sobra-me como parte inútil dos meus dias. Por debaixo da pedra arrumo o que tenho apenas na memória e na memória tenho a vida inteira que ontem existiu.

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