Marco Heisler, 2009
Encontro nos dias de chuva uma forma de me chegar mais perto, de me espreitar com uma claridade diferente dos dias secos e soalheiros. E ando debaixo de chuva miudinha com a verticalidade das gotas de água como se eu e elas fizéssemos parte da paisagem natural. Nesses dias, em que os meus olhos vêem com argúcia os cantos mais recuados da alma, invade-me uma nostalgia feliz daquilo que me encontro através da chuva. Os dias de chuva não são em mim tristes como o céu cinzento que faz chover. São uma janela aberta àquilo em que eu me esqueci e que recupero às escondidas do sol que, tantas vezes, me cega a vontade de ver. A transparência das gotas de chuva devolve-me a luz do que fui e ilumina-me o que sou. De amanhã nada sei, nem a chuva de hoje o desvendou. Guardo apenas a luminosidade que, aqui e agora, me toca na alma.
6 comentários:
Curiosamente, esta chuva - talvez por se fazer tardar - também me fez bem.
Como se a limpeza que proporcionou nas ruas se estendesse à alma, aligeirando o peso das penas.
Costumo gostar de chuva em circunstâncias bem definidas, preferencialmente partilhadas.
A escolher, hoje não seria um bom dia para chover. Mas, afinal, esta água gerou leveza. E vida.
Um beijo transparente
Sabes uma coisa? Eu também adoro partilhar a chuva com alguém que goste, obviamente, disso também...é tão cosy chover lá fora e sentir a chuva no conforto de braços quentes que nos embrulham!... :)
Enfim... Falta chuva há muito tempo e hoje fiquei feliz por ter chovido. E fez-me bem à alma pela claridade que me proporcionou e que sinto sempre quando chove fora de tempo!
Beijo grande!
PS - Chegaste a ver o HOOVER no outro dia?...
Não vi. De repente, deixou de me apetecer e segui para casa. Dediquei-me à leitura. Foi mais cosy, tanto quanto pode ser a um(a).
A leitura é sempre um prazer solitário!
É verdade. Entre outros. Dorme em paz, A.
Obrigada, B. E bons sonhos para ti também! :)
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