sábado, 12 de novembro de 2011

Na ponta da agulha

Norma Gerber, Abstractions - Nails and Yellow 'Y', 2008

Vou tricotando o tempo como se os dias fossem de renda, de ponto largo e abstracto. Aqui e ali dou-me conta que me atraso, outras vezes que me engano, e nem sempre volto atrás para corrigir o buraco. Vou espreitando a malha do que lhe acrescento a toda a hora e não lhe encontro um príncipio de fim, a não ser que me falte o fio em que vou tecendo o que para além tempo fica em mim. Na agulha a que empresto engenho, seguro o Amor que a empurra, ponto a ponto, numa obra única. Na essência nada é mais forte do que o Amor que se define como alma, nas mãos nada mais persistente do que a vontade que faz bater o coração. No meu tempo nada resiste mais intacto do que o Amor.

2 comentários:

marta disse...

...laços e nós...que se cruzam...aqui...

Always disse...

...e aqui se desfaz o novelo entre laços e nós...

:-)