segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Por outras palavras

Brian Miller, Lines

Obrigado N. pelo teu infinito cuidado.
Algumas respostas às perguntas que me fazem...

«Sputnik, meu amor», de Haruki Murakami:

"...E assim prosseguimos com as nossas vidas, cada um para o seu lado. Por mais profunda e fatal que seja a perda, por mais importante que seja aquilo que a vida nos roubou - arrebatando-o das nossas mãos -, e ainda que nos tenhamos convertido em pessoas completamente diferentes, conservando apenas a mesma fina camada exterior de pele, apesar de tudo isso continuamos a viver as nossas vidas, assim, em silêncio, estendendo as mãos para chegar ao fio dos dias que nos coube em sorte, para logo o deixarmos irremediavelmente para trás. Repetindo, muitas vezes, de forma particularmente hábil, o trabalho de todos os dias, deixando na nossa esteira um sentimento de um incomensurável vazio. (...)"

"(...) Ao perder S., muitas coisas morreram dentro de mim, como acontece quando a maré recua, levando com ela tudo o que estava depositado na areia. Ficara sozinho num mundo deformado, vazio, um mundo frio e tenebroso. Aquilo que se passara entre S. e eu nunca poderia voltar a acontecer nesse novo mundo, tinha plena consciência disso. Cada um de nós possui qualquer coisa de especial, que se revela numa determinada altura da nossa vida, e só uma vez, como uma pequenina chama. As pessoas precavidas, abençoadas pela fortuna, conservam religiosamente essa chama, fazem-na crescer, usam-na como uma tocha que ilumina as suas vidas. Mas uma vez apagada, ela não voltará nunca mais a acender-se. Eu não me limitara a perder S. Juntamente com ela, perdera também essa preciosa chama."

17 comentários:

wind disse...

Clap, clap, clap, bato palmas à tua resposta:)
bjs

Always disse...

Há palavras bem mais eloquentes do que as minhas para dar respostas. :)

Bjo

whitesatin disse...

Belas, tristes, e tão verdadeiras estas palavras!..
E é assim que é suposto aprendermos a sobre-viver...?

Bjs

SMA disse...

Eu li a resposta... mas fiquei e sempre que lia e relia, ficava naquela imagem... que é a resposta... um deserto sedento, ressequido, pobre de nada...

Bjo

Always disse...

whitesatin,

Quem as escolheu, escolheu-as por isso mesmo. ;)

Aprender a sobre-viver, não sei, preferiria a ideia de 'renascer', voltar à vida...

Bjo

Always disse...

Presença,

Sem dúvida...
Uma imagem vale mim palavras e as palavras do texto descrevem esta paisagem.

Bjo

wind disse...

Ao fim ao cabo este texto só me dá razão e nada mais acrescento:)

Always disse...

Wind,

Não se trata de ter ou não razão. O texto traduz bem a noção de perda, só isso - a perda que eu assumo. :)

Bjo

whitesatin disse...

Quando nascemos levamos uma palmada no rabo para arrebitarmos e enchermos os pulmões. (aviso já que isto me soa a violência e maus tratos)
Para renascer o que será preciso? (nem quero imaginar) ;D

Bjs

wind disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Always disse...

whitesatin,

LOL... violência sobre menores é crime, sim senhora! :D
Renascer é levar uma tareia valente e levantarmo-nos sem estragos no amor-próprio.

whitesatin disse...

Uma valente tareia? Chiça!! Olha lá, eu ainda gosto o suficiente de mim para não enveredar na filosofia sado-masoquista.
Para quem já levou com um furacão em cima (nos Açores), a minha auto-estima até que não está muito em baixo. Hehehe

Always disse...

Whitesatin,

Uma tareia metafórica e não uma tareia sado-masoquista. :D

E a propósito de BDSM - Bondage & disciplina (B&D)
Dominação & Submissão (D&S)
Sadismo & Masoquismo (sadomasoquismo) (S&M) - tenho uma história gira para contar, começa assim:

Num belo dia de Dezembro último, estou eu no meu gabinete a fingir que trabalho e toca o telefone. Do outro lado oiço a voz de uma amiga minha que, sem rodeios e muita descontracção, vai directa ao assunto: "Tu não te importas de sair com o meu marido no sábado à noite?" Não levei a sério a proposta e soltei uma gargalhada. Resposta dela: Olha lá, tou a falar a sério! Tu és tão maluca como ele, estão bem um para o outro e tenho a certeza que só tu para o acompanhar na maluqueira que se lhe meteu na cabeça agora!. E vai daí pede-me para acompanhar o marido (que me acha muita piada...) a uma festa BDSM (com dress code e tudo). E eu, que até gosto de roupa de cabedal e do preto, aceitei (por curiosidade científica, mais nada), apesar de achar que a minha amiga não devia estar muito boa da cabeça para me pedir para sair com o marido, sabendo que ele me acha MESMO MUITA piada.

Bem, a história é longa e tem momentos hilariantes mas já é tarde e eu tenho de dormir. Fica para depois...

whitesatin disse...

Olha...é que nem precisas dizer mais nada...para quem está familiarizada com o género...é melhor ficares por aí antes que destruas a imagem (santa) que temos de ti.

(brincadeirinha, hihihi)

Agora a sério, desta não te escapas. Vais ter que contar!!! Hehehe

Bjs

Always disse...

Hahaha... Eu? Santa?! Lol.
Há quem me tenha mandado ir a Fátima, vá-se lá saber porquê e o que ela quis dizer com isso - não fiz mal a ninguém, não me arrependo de nada, nem preciso de aconselhamento porque sei bem o que quero e o que quero não é pecado). E tu agora falas na minha imagem 'imaculada'! Hahaha...

Quanto à história, o truque do suspense resulta sempre... Mas está bem, um faço um post a contar do princípio ao fim. Claro que vou ser excomungada depois, mas assim c'm' assim... ;)

wind disse...

Também gostava de ler o resto da história:)

Always disse...

Hahaha...

Nem só de histórias tristes vive o homem/mulher!...

Ok, conto a história mais logo. :)