domingo, 18 de fevereiro de 2007

Só isso é tudo

Anabark, Lá em baixo (JUN05)

Navego-te num mar revoltoso feito do que não foi suficiente para quereres ficar. Não posso mudar o que sou e aquilo que sou é o que não aceitas viver comigo. Não posso mudar o que sou e, mesmo que pudesse, não mudaria, nem mesmo por ti. Sei que sou suficiente para apostarem tudo em mim, ainda que tu penses o mundo de outra maneira. No princípio eras mais, depois foste ficando mais pequena, igual a toda a gente que só vê à superfície. No princípio eu também era mais, acreditei no mundo contigo sem condições, sem tempo nem distância. Hoje desconheço-te e desconheço-me também. Sinto a alma mais pequena, insensível ao que nos cresceu no coração. O que é o amor senão a forma como nos prometemos e nos damos a alguém? Quando dizes que não queres o que as palavras confessam, é porque não sentes o suficiente. O meu amor é do tamanho da minha incondicionalidade, um mar sem fim. Navegas-te num mar de culpa que eu não sei se percebi. Talvez te culpes do que me rejeitas, do que te recusas ou do que ainda sentes por mim. Acredito no brilho dos teus olhos e é só isso que me prende a ti. 'Só isso' digo eu, 'só isso' é tudo! Não espero nada de ti, não tens nada para me dar a não ser essa vontade urgente que me confessas de desistir de me amar. Não te sintas culpada com uma esperança que não tenho. Quanto ao que sinto, aproprio-me das tuas palavras "estás e estarás sempre comigo (...) Já só encontro as memórias e encontro-me a mim perdida nelas. Porquê? (não precisas de responder, eu sei a resposta)". Encontro-te vezes sem conta nas memórias que revisito só para te dizer porquê...

26 comentários:

Isobel disse...

Desculpa invadir o espaço dos comentários, Always, mas gostava muito que me dissesses em que álbum de Cocteau é que posso encontrar a música que tens a tocar... estou toda arrepiada, fiquei sem palavras.

(' ') disse...

Já somos duas...

Angell disse...

A vida é estranha e muito árdua! Hoje estamos aqui; amanha ali; depois... quem sabe? Vamos coleccionando vivências, conhecimentos, amarguras, tristezas; mas também alegrias e felicidades! Nem tudo pode ser mau! Por vezes as coisas estão tão díficeis; que não conseguimos descortinar uma luz que nos venha libertar, e acalmar as nossas ânsias; os nossos medos e temores. No amor as coisas não são diferentes. Pensa, no entanto, que mais vale amar (ou ter amado) alguém (e para mais com a intensidade que amas) do que nunca esse sentimento ter cruzado no teu caminho!

Tem paciência! Tem calma!

Bjs!

Anónimo disse...

O amor não é só aquilo que se promete, um projecto.
Começa por ser aquilo que se deita na terra, nasce e cresce, e depois, se o deixarem viver, é aquilo que se cuida, e se fortalece, se torna frondoso e belo.
As palavras por outro lado, os esquiços, podem ser veneno, e valem zero quando desprovidas de conteúdo e sentido.
Lembra-te que os porquês não se ensinam, assim como o amor, por mais que doa.

Já me custa verte-te nesse cerco pequena… é sufocante.
Receio que um dia esse cerco de fogo te engula. Pára lá um bocadinho e orienta-te.
Se alguém recusa caminhar a teu lado, e já não te vê senão através do véu do tempo e neblina da memória, deixa para trás.
Segue tu em frente, e nem te atrevas a dizer que só se caminha assim uma vez numa vida.
A principio vai-se de muletas, e depois de bengala, até se ganhar a coragem e a força para seguir pelo pp pé.
Ab Gr.

whitesatin disse...

Ahm...é que, nem te atrevas a mudar uma vírgula em ti! Senão deixavas de existir. E isso, minha amiga, não acredito que tu sejas capaz de fazer.

E já agora, porque não tentar respeitar a vontade desse amor moribundo? Iça-lhe a vela e deixa-o ir ao sabor do vento.

Bjs

Always disse...

Isobel,

Este tema é um dos meus preferidos de sempre da carreira dos Cocteau Twins. Trata-se da primeira canção do álbum «The Moon and the Melodies», assinado pelo colectivo Harold Budd, Elizabeth Fraser, Robin Guthrie e Simon Raymonde (4AD, 1986). É lindo! :)

Always disse...

(' '),

Bem melhor do que a música da festa de ontem! :D

Always disse...

angell,

..."mais vale amar (ou ter amado) alguém (e para mais com a intensidade que amas) do que nunca esse sentimento ter cruzado no teu caminho!"

Penso exactamente como tu - sinto-me hoje uma pessoa mais completa por ter conseguido sentir o sinto.
De resto, tenho calma e toda a paciência do mundo. Escrevo o que não sei calar por ser demasiado.

Bjo

Always disse...

SK,

Tens razão em cada palavra que escreves. Tal como diz a canção dos Pretenders '...action speak louder than words...'. E sim, os porquês não ensinam e muito menos o amor.

Não desistas de me 'bater', um dia hei-de lá chegar. Guardo preciosamente o que vou aprendendo contigo e, já agora, deixa-me dizer-te que tenho saudades tuas.

Devolvo-te a grandeza do abraço. :)

Always disse...

whitesatin,

Só existo como sou e nada nem ninguém pode mudar isso. Tenho um profundo orgulho em mim.

Quanto ao amor, antes fosse moribundo! Não é. Está partido ao meio, mas vive para além disso, de vela içada e ao sabor do vento.

Bjo

Isobel disse...

Obrigada, tenho obrigatoriamente que arranjar este álbum, fiquei obcecada. E quando fico assim, tenho de conseguir mesmo :D
Tenho o Treasures e o Garlands, que são os que mais adoro (tendo ouvido outros, não apreciei).

Beijinhos,

Cátia

Always disse...

Confesso que sou fanática dos Cocteau Twins - sou da geração de 80 - e tenho quase toda a discografia deles.

Se gostaste de «Garlands» e «Treasure» tenho quase a certeza que aprenderás a apreciar outros albuns da banda (o «Victorialand» é muito na onda de «Treasure», por exemplo). «The Moon and the Melodies» não é exactamente um álbum deles, ou melhor, resulta do trabalho de parceria da banda com o Harold Budd. É quase todo ele instrumental, muito ambiental (como quase todos os trabalhos do Harold Budd), só vocalizado em 1 ou dois temas. Não é fácil de encontrar no mercado e tem preço de raridade, claro. Só tenho em vinil, infelizmente...

bjo

Isobel disse...

Hmmm, gostas mesmo a sério e tens excelente gosto :)) Eu descobri só há cerca de um ano ou coisa que o valha e tinha alguns trabalhos deles comigo. Ouvi alguns e apenas me entraram aqueles dois mas acredito que deva ter sido impaciência minha, não fui muito persistente, por acaso.
Hmm, vou ver o que consigo, apesar de tudo. Como sou teimosa, pode ser que resulte :D
Obrigada pelas dicas, gosto de conhecer músicas novas.. aliás, ando sedenta de coisas novas (para os meus ouvidos, nem sempre recentes).

Always disse...

Quando gosto de alguma coisa (ou de alguém), gosto mesmo a sério e tenho muito bom gosto! :D
A música e o cinema são duas paixões minhas.

Garanto-te que vale a pena explorar a obra completa dos Cocteau Twins - são quase duas dezenas de originais, é impossível que não encontres mais albuns de referência. Posso dar-te umas dicas, se quiseres... :)

Aproveito para dizer que tenho quase a certeza que o teu nickname vem da canção, da fabulástica Björk, "Isobel" (que é umas das minhas preferidas também).

Bjo

Isobel disse...

:D Acredito em ti! Eu também sou assim (em ambos os casos). Olha, desde que descobri The Knife nunca mais parei de ouvir.
Hmmm, também ando a tentar colmatar falhas cinematográficas. Clássicos, sobretudo.
:D Agradeço as dicas quantos aos Cocteau e a outras coisas mui buenas que conheces :)
A raiz do nick é essa mesma :) Há alguns anos que a personagem criada, a Isobel, se confunde comigo. Adoro o clip e a letra significa muito para mim.

;)

Always disse...

Vês, adivinhei! Gosto muito de "Isobel" e acho o clip uma obra de arte do clip musical. Deixaste-me curiosa com essa do personagem 'Isobel' se confundir contigo...

Também acho que tens bom gosto (Peta Wilson, Björk, Laika... :D ) Descobri muito recentemente os The Knife e estou a gostar da descoberta. :)

Claro que terei todo o prazer em recomendar, ou melhor, sugerir alguns trabalhos dos Cocteau Twins e outras coisas que me lembrar e/ou achar que também vais gostar. E espero que me vás dando umas dicas também. :)

Clássicos de cinema é comigo - pergunta o quiseres. Tenho quase sempre resposta. ;)

Sleep tight!

Isobel disse...

Uma verdadeira obra de arte, sim, o clip, dos que prefiro mesmo a sério dela :) Mas confesso que, neste momento, as minhas audições musicais se ampliaram demasiado e a Björk não faz tanto sentido para mim como aos 15 anos. Foi uma grande paixão, de 10 anos, que tem vindo a minguar com o tempo.
Se, por acaso, quiseres The Knife, tenho os 3 álbuns.
Hmmm, é uma história longa, a da personagem, que tem sobretudo a ver com a minha personalidade. Em parte, sempre me vi um pouco nela.
Posso tentar dar-te dicas embora ache que já deves conhecer tudo o que eu conheço :D
No que toca aos filmes, estou a tentar arranjar o Whatever Happened do BabyJane, o Johnny Guitar e O Crespúsculo dos Deuses. Estou nessa onda, neste momento. Se te lembrares de algum dentro do género.. Sei que tens uma bagagem gigantesca de visionamentos e eu estou bastante receptiva a sugestões.. :)

Bons sonhos! ;)

Anónimo disse...

:)
Eu preferia não andar sempre à porrada, nem de ser conhecida por isso… :D
Logo eu que detesto violência para ficar com este estigma LLOLLOL

Eu sei que não tenho comentado muito, que tenho andado ausente, mas são só mesmo os comentários que estão ausentes. Eu continuo a vir aqui todos os dias. A verdade é que, à medida que se estreitam e aprofundam laços, é mais difícil ler e comentar… mas eu não desisto. Dou-te a porrada e o carinho todo que for preciso :D tudo muito equilibrado :)
Cuida-te.
Bjo grd

Always disse...

SK,

Eu sei que me 'bates' com todo o teu carinho e também sei que não estás ausente, muito pelo contrário. E percebo muito bem que à medida que os laços se vão estreitando, seja mais difícil ler-me comentar. Mas sei que estás aí, sem distância e com um abraço que sabe cuidar. Disso ao tenho a certeza.

Olha, não ligues ao que eu escrevo - já me conheces mais um bocadinho para além disso - não sou um caso perdido, pois não?... :)

Um beijo grande.

Anónimo disse...

Não, não... de todo. :)
Bjo

Always disse...

:))) Ainda bem, conto contigo!

Bjo

Always disse...

Isobel,

Eu continuo a gostar da Björk, embora considere o seu último trabalho um pouco decepcionante, no sentido em que esperava mais. Mas pronto, percebo que é uma artista cada vez mais apostada em criações conceptuais que ultrapassam a questão meramente musical. Agradeço a disponibilidade em relação aos The Knife. Vou ver o que me falta e depois direi alguma coisa. O mesmo é válido para ti se te lembrares de algo.

Quanto ao filmes que mencionas, tenho os três e lamento não poder gravar-te cópias - o meu pc não tem gravador de DVDs (vou comprar um portátil brevemente... assim que o Windows Vista estiver estabilizado e sem bugs). Seja como fôr, não poderiam ser melhores escolhas, cada um no seu registo, todos eles notáveis :

- «O Crepúsculo dos Deuses» /«Sunset Boulevard» (Billy Wilder, 1950) é um dos meus preferidos de sempre. É obrigatório para qualquer cinéfilo (e não só) que se preze. E mais não digo, porque tudo o que pudesse dizer seria pouco. Uma verdadeira homenagem ao cinema em si mesmo.

- «Whatever Happened to Baby Jane» (Robert Aldrich, 1962) é um filme que vive da interpretação irrepreensível das suas duas actrizes (em final de carreira): a fantástica Bette Davis e a 'assustadora' Joan Crawford. É outro dos clássicos obrigatórios.

- «Johnny Guitar» do grande Nicholas Ray (1954), também com a Joan Crwawford, é um western muito pouco convencional, uma referência no género e um marco na obra do realizador.

Assim de momento, sugiro-te dois filmes diferentes de dois realizadores que também fizeram história no cinema americano:

- «All About Eve» / «Eva», de Joseph L. Mankiewicz (1950);
- «Gaslight», de George Cukor (1942).

Bjo

Isobel disse...

Pois, eu partilho da mesma decepção em relação à Björk que tu.. progressivamente, o experimentalismo dela tem-me desinteressado. Ela sempre disse que se considera uma cientista da música e é essa perspectiva que tem do trabalho dela. Mas, sinceramente, acho que a música dela resulta melhor se for emocional e não pensada, apesar de achar que aquela evolução é normal.
Não há problema quanto aos filmes, vou conseguir arranjá-los :)
Hmm, obrigada pelas tuas sugestões, vou acrescentar no meu papelinho :D Tenho apontado aquilo que quero ver ou ouvir.. Por acaso, já vi o All About Eve, falei sobre ele no meu blogue. Adorei, simplesmente, é fantástico. Pelas reflexões que faz sobre a maturidade dos actores, sobre a mudança de paradigma do mundo do espectáculo, o choque entre Hollywood e o teatro.. as interpretações são fantásticas. É um dos meus preferidos, mas a minha lista está demasiado fraca para poder determinar algo mais. Só sei que tenho muito interesse em ver cada vez mais, absorver cada vez mais.

;)

Always disse...

Em relação à Björk - o esforço de uma afirmação como artista conceptual produz algumas assimetrias no trabalho da cantora, uma vez que compromete a essência da música enquanto expressão artística de base emocional. Mas percebo que a proximidade dela ao artista plástico Matthew Barney, célebre pela série de videos «Cremaster», a tenha feito explorar novas direcções artísticas, tal é a natureza desassossegada que a caracteriza enquanto pessoa (aconselho-te a ver os trabalhos do escultor-realizador, embora te avise já que são algo muito especial e, quiçá, estranho - os videos estão disponíveis em qualquer programa peer-to-peer). Apesar de tudo, a Björk não perdeu a sua genialidade, penso apenas que está numa encruzilhada a tentar redifinir uma direcção. Ainda há muito para explorar naquela cabeça. :)

Fico particularmente feliz por teres gostado de «All About Eve» da forma fundamentada com que o dizes. É, de facto, um grande filme, cheio de diálogos brilhantes e de uma inteligência incontornável. Também é um dos meus preferidos.
Essa tua disponibilidade para absorver o mais possível e descobrir coisas é muito saudável e admirável - também sou assim (apesar de já não ter a tua idade...). :)

Já agora gostas de cinema mudo? Não estou a falar dos filmes do Charlot (Charles Chaplin).

Bjo

Isobel disse...

Sim, concordo contigo, a conceptualização e o contacto com artistas eclécticos como o Matthew, acabou por transportá-la mais para o plano da experimentação plástica (de sons e imagem) do que para a exploração de sonoridades. Ainda não prestei a devida atenção ao artista, quanto tiver mais disponível de cabeça vou ver os vídeos :)
Acho que a genialidade no caso dela nunca esteve comprometida, simplesmente, como tu dizes, a sua constante insatisfação e insaciedade mental faz com que as mudanças ocorram agora a um ritmo quase alucinante.
Hmm, acho que no dia em que a gente pára de querer descobrir coisas.. bem, é grave, estamos adormecidas em vida :)
Olha, eu tenho muito interesse em cinema mudo mas ainda não consegui explorar. Tenho o Metropolis aqui no portátil e, lamentavelmente, não tenho conseguido disposição para o ver. Andei uns tempos à procura de outros clássicos mas não consegui arranjar.

Always disse...

Passados 3 anos depois deste teu comentário espero que tenhas tido tempo para explorar obras-primas dos primórdios do cinema como o 'Metrópolis', 'M', 'O testamento do Dr Mabuse', 'Sunrise', 'The Wind', 'The Birth of a nation', etc. :)