Casa
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.
Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.
Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão
Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que sem voz me sai do coração.
David Mourão Ferreira
«Infinito Pessoal»
(1959-1962)
«Infinito Pessoal»
(1959-1962)
2 comentários:
Adoro este poema de DMF e entendo que és tu:)
beijos
O poema é lindo!
Sou eu no que está escrito e no que alguém me reconheceu quando mo dedicou. :)
Bjs
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