Havia dias em que o mundo cabia na palma da mão com o mesmo à vontade com que se segura um berlinde feito de mil reflexos de cor. E nesses dias, poder-se-ia pensar que o mundo não seria mais do que esse insignificante tamanho, que se perde numa mão cheia de força e de muitas outras coisas infinitamente maiores do que a visão atrofiada dos pobres de espírito. Nessas alturas, o tempo acabava-se mais depressa e os dias custavam a passar na espera dos instantes em que o mundo tinha a importância relativa de uma existência paralela, inevitável e real como todas as coisas paralelas na vida. E nesses dias, um outro universo paralelo, sem limites, expandia-se sem que as leis da física conseguissem explicar a proporcionalidade entre a matéria e a anti-matéria que lhe dava consistência. E havia um sol brilhante, intenso e eterno, que chegava a todas as partes desse universo, e tudo era luz e caminhos abertos por onde a vontade passeava livre como ondas do mar ao encontro da praia. Tudo era força e intensidade. Tudo era um querer demasiado. Tudo era o desassossego de algo impossível de explicar e, também, de perceber. Esses dias eram assim, uma urgência de ser e de viver por inteiro como se fosse o último dia.
25 comentários:
Bonita prosa para bela foto:)
:)... De quando em quando faço uma ou outra foto mais ou menos boa! ;)
Bjo
Isto que escreveste é lindo! E a foto está fantástica. O mar...sempre o mar... :)
Fiquei com saudades do meu universo paralelo...snif :/
Vou dormir e sonhar para matar saudades. Não sei se regresso.
Bjs
:))...Sempre o mar porque o mar não tem fim...
Bons sonhos, mas regressa. Os universos paralelos são as realidades que soubermos construir.
Bjo
O truque reside em vivermos sempre como se cada dia fosse o último, como se cada momento não se voltasse a repetir nunca mais... e conseguirmos saborear a vida tal como ela é sem pensar em como já foi ou em como poderá vir a ser...
Há uma fronteira ténue entre o lado bom e o lado mau das memórias. Mau se não conseguirmos abstrair-nos delas para vermos o mundo à nossa volta tal como ele é.
E o bom é porque gosto muito do que escreves! :-) Pode ser penoso reviveres esses momentos, mas é muito belo e retém uma certa poesia intemporal.
Beijos grandes!
o mundo não deixa de ser um berlinde na palma da mão, não deixam de existir coisas maiores que o mundo, muitas, diversas, tantas quantas as cores da pequena bola de vidro, não deixa de haver força…
nós é que por vezes saltamos do trilho, ou somos empurrados para fora, e depois levamos tempo até encontrar o próximo cruzamento de linhas…
há quem nunca encontre, mas isso é porque não olha o suficiente, pq não quer, porque não "pega o touro pelos cornos" e enfrenta, porque a velocidade nos trilhos é estonteante e há quem não queria correr o risco, aguentar as contrariedades, as condicionantes, o calor do atrito, e mande para cima dos outros o peso de um mundo que pintam muito grande e pesado, fora da mão…
o sol qd nasce é para todos (eheh clichê), embora por vezes as nuvens não nos deixem ver e sentir o calor… mas ele está lá, é uma possibilidade quase certa. as nuvens hão-se dissipar-se.
nada é impossível.
as memórias são um referencial, um farol. recordam-nos o que foi/é importante... e o que é importante nem sempre está dentro de um contexto. pode acontecer em mil e um contextos. como o sol. ele é o mesmo aqui ou na china.
bj
Blue,
A escrita tem esse lado bom que é dar forma a um conteúdo que nos é importante. Escrevo com a minha verdade e sentimento, só isso. Não invento nada - a poesia está na forma como quem lê chega ao conteúdo através da ordem das palavras escritas.
As saudades podem ser boas, mas também más, porque corróiem o presente, deixando cada vez vincada a noção daquilo que não poderá voltar a ser.
SK,
A verdade é que podemos muito pouco contra aqueles que desistem e que refugiam as suas decisões no peso que o mundo têm sobre eles (esquecendo-se que o mundo pesa a todos por igual). Esses são os que preferem viver instalados em conformidade com o julgamento alheio, ainda que isso implique desistir do que são e do que sentem honestamente. Para eles só conta o mundo dos outros e excluem outras possibilidades de mundo. Esses deitam fora pessoas e sentimentos, protegem-se entre muros e pouco lhes importa quem fica do lado de fora, porque quem fica do lado de fora é secundário e incómodo. Não se importam de magoar, mas dizem que sim. Não distinguem contextos nem percebem mais do que aquilo que o medo lhes impõe. Vivem prisioneiros dos outros e ausentes de calor interior. Mortos por dentro e condenados por opção ao que esperam deles, sem autodeterminação, nem amor-próprio. Pensam-se justos e correctos porque só alcançam o seu próprio umbigo. Porque foram mal-amados não distinguem, interiormente, os fáróis dos rochedos. Não se dão sequer oportunidades de crescer para além o olhar dos outros. Não se auto-estimam o suficiente para serem livres em si mesmos. Contra isso ninguém pode nada, é um percurso interior, um esforço de maturidade que nem todos reconhecem e valorizam.
A luz não é para todos, é só para aqueles que a QUEREM ver.
Bjo
:)
Isto foi escrito de uma assentada só, não?! :) de perder o fôlego... :D
e agora para quebra o gelo... ainda estamos à espera do desfecho da história que mete cabedais e cenas macabras à mistura... :D
LOL
Escrevi a correr, estava no trabalho... Não fiz parágrafos mas pus virgulas. Se respeitares as vírgulas, consegues respirar. :D
Quanto à história da minha aventura no estranho mundo do 'Bondage-Dominação-SadoMaso-e-Fetichismo' (escrito de uma assentada também, hehehe...), deixa-me, ao menos, descansar - que cheguei toda encharcada a casa - e retomar algum fôlego... :D
Bjo
PS - E quem é que te disse que a história mete cenas macabras?! Olha que não, olha que não... :D
Tu descansa lá o que quiseres... pintainho. não quero que apanhes uma constipação. enquanto isso eu trabalho mais uma horita. nem sei se me consigo concentrar o suficiente, tal é a expectativa pela história bondage-dominação-sadomasoquismo e fetichismo com fins científicos :D
...e não tem cenas macabras?! :( que pena... :DDD
i put it to practice everyday.
>>Esses dias eram assim, uma urgência de ser e de viver por inteiro como se fosse o último dia.<<
Gaff: It's too bad she won't live! But then again, who does? :D
saudades,
F.
i've been waiting for another 'theme' but what the hell... :) also, your choice of music...i know this nummber. if it matches your mood today then i probably shouldn't say anything...hehe...
I swear you’ll be the last one. I’m done, I’m through.
SK,
Ainda dizes tu que eu trabalho demais!! :D
Pronto, está bem a noção de 'macabro' é muito lata... lol... Já vais ver...
Bjo
Porquinho feliz,
Gaff: It's too bad she won't live! But then again, who does?
Blade Runner... again! I love that line by Edward James Olmos. :)
Did you really get the meaning of all I write in Portuguese?! Thatt's awsome, dahling! :)
I love Recoil and "Breath Control" is one of my favourite songs from all the three albums. So, it has nothing to do with my mood - besides I don't listen to music according to my mood - I love music under any circumstances and states of mind.
Beijo.
:)
ainda não?!
se eu não trabalhar, mais ninguém trabalha por mim... :)
vá... vejo amanhã que eu hoje não rendo mais.
bj
SK,
Pois, também estou cansada e a funcionar a meio vapor... Vês amanhã. Fica bem.
Bjo
Cansadinhas, cansadinhas mas ainda vai sobrar uma "chibatada" para alguém.
LoL (''),
Pera aí que eu vou ali buscar as algemas! ;D
Always, querida, nem penses que eu me esqueço disto. Se não for hoje, há-de ser um dia destes, porque eu vou-te melgar o tempo todo, hehe ;P
(só mesmo uma coisa assim para me trazer de volta a esta realidade, hehe)
Então, contas ou não o resto?:)
Eu cumpro sempre as promessas que faço. E mesmo cansadinha, escrevi o resto da história como prometi.
Tenho mais para contar, mas hoje já não dá. Se insistirem muito conto também a outra aventura...
(''),
Tenho dois chicotes e um par de algemas (muito fraquinhas). Se a whitesatin trouxer as dela, já podemos organizar uma festa. :D
Ena... e eu que, quando li o post, pensei que era alguém a falar do PREC... ;-)
likeabridge,
Bem-vinda! :)
Processo Revolucionário em Curso?! Explique lá isso devagarinho a ver se eu percebo porquê...
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