quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Solaris

Anabark, Paralelas, (JUN05)

Havia dias em que o mundo cabia na palma da mão com o mesmo à vontade com que se segura um berlinde feito de mil reflexos de cor. E nesses dias, poder-se-ia pensar que o mundo não seria mais do que esse insignificante tamanho, que se perde numa mão cheia de força e de muitas outras coisas infinitamente maiores do que a visão atrofiada dos pobres de espírito. Nessas alturas, o tempo acabava-se mais depressa e os dias custavam a passar na espera dos instantes em que o mundo tinha a importância relativa de uma existência paralela, inevitável e real como todas as coisas paralelas na vida. E nesses dias, um outro universo paralelo, sem limites, expandia-se sem que as leis da física conseguissem explicar a proporcionalidade entre a matéria e a anti-matéria que lhe dava consistência. E havia um sol brilhante, intenso e eterno, que chegava a todas as partes desse universo, e tudo era luz e caminhos abertos por onde a vontade passeava livre como ondas do mar ao encontro da praia. Tudo era força e intensidade. Tudo era um querer demasiado. Tudo era o desassossego de algo impossível de explicar e, também, de perceber. Esses dias eram assim, uma urgência de ser e de viver por inteiro como se fosse o último dia.

25 comentários:

wind disse...

Bonita prosa para bela foto:)

Always disse...

:)... De quando em quando faço uma ou outra foto mais ou menos boa! ;)

Bjo

whitesatin disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
whitesatin disse...

Isto que escreveste é lindo! E a foto está fantástica. O mar...sempre o mar... :)

Fiquei com saudades do meu universo paralelo...snif :/

Vou dormir e sonhar para matar saudades. Não sei se regresso.

Bjs

Always disse...

:))...Sempre o mar porque o mar não tem fim...

Bons sonhos, mas regressa. Os universos paralelos são as realidades que soubermos construir.

Bjo

Blue disse...

O truque reside em vivermos sempre como se cada dia fosse o último, como se cada momento não se voltasse a repetir nunca mais... e conseguirmos saborear a vida tal como ela é sem pensar em como já foi ou em como poderá vir a ser...

Há uma fronteira ténue entre o lado bom e o lado mau das memórias. Mau se não conseguirmos abstrair-nos delas para vermos o mundo à nossa volta tal como ele é.

E o bom é porque gosto muito do que escreves! :-) Pode ser penoso reviveres esses momentos, mas é muito belo e retém uma certa poesia intemporal.

Beijos grandes!

Anónimo disse...

o mundo não deixa de ser um berlinde na palma da mão, não deixam de existir coisas maiores que o mundo, muitas, diversas, tantas quantas as cores da pequena bola de vidro, não deixa de haver força…
nós é que por vezes saltamos do trilho, ou somos empurrados para fora, e depois levamos tempo até encontrar o próximo cruzamento de linhas…
há quem nunca encontre, mas isso é porque não olha o suficiente, pq não quer, porque não "pega o touro pelos cornos" e enfrenta, porque a velocidade nos trilhos é estonteante e há quem não queria correr o risco, aguentar as contrariedades, as condicionantes, o calor do atrito, e mande para cima dos outros o peso de um mundo que pintam muito grande e pesado, fora da mão…

o sol qd nasce é para todos (eheh clichê), embora por vezes as nuvens não nos deixem ver e sentir o calor… mas ele está lá, é uma possibilidade quase certa. as nuvens hão-se dissipar-se.
nada é impossível.
as memórias são um referencial, um farol. recordam-nos o que foi/é importante... e o que é importante nem sempre está dentro de um contexto. pode acontecer em mil e um contextos. como o sol. ele é o mesmo aqui ou na china.
bj

Always disse...

Blue,

A escrita tem esse lado bom que é dar forma a um conteúdo que nos é importante. Escrevo com a minha verdade e sentimento, só isso. Não invento nada - a poesia está na forma como quem lê chega ao conteúdo através da ordem das palavras escritas.

As saudades podem ser boas, mas também más, porque corróiem o presente, deixando cada vez vincada a noção daquilo que não poderá voltar a ser.

Always disse...

SK,

A verdade é que podemos muito pouco contra aqueles que desistem e que refugiam as suas decisões no peso que o mundo têm sobre eles (esquecendo-se que o mundo pesa a todos por igual). Esses são os que preferem viver instalados em conformidade com o julgamento alheio, ainda que isso implique desistir do que são e do que sentem honestamente. Para eles só conta o mundo dos outros e excluem outras possibilidades de mundo. Esses deitam fora pessoas e sentimentos, protegem-se entre muros e pouco lhes importa quem fica do lado de fora, porque quem fica do lado de fora é secundário e incómodo. Não se importam de magoar, mas dizem que sim. Não distinguem contextos nem percebem mais do que aquilo que o medo lhes impõe. Vivem prisioneiros dos outros e ausentes de calor interior. Mortos por dentro e condenados por opção ao que esperam deles, sem autodeterminação, nem amor-próprio. Pensam-se justos e correctos porque só alcançam o seu próprio umbigo. Porque foram mal-amados não distinguem, interiormente, os fáróis dos rochedos. Não se dão sequer oportunidades de crescer para além o olhar dos outros. Não se auto-estimam o suficiente para serem livres em si mesmos. Contra isso ninguém pode nada, é um percurso interior, um esforço de maturidade que nem todos reconhecem e valorizam.

A luz não é para todos, é só para aqueles que a QUEREM ver.

Bjo

Anónimo disse...

:)
Isto foi escrito de uma assentada só, não?! :) de perder o fôlego... :D

e agora para quebra o gelo... ainda estamos à espera do desfecho da história que mete cabedais e cenas macabras à mistura... :D

Always disse...

LOL
Escrevi a correr, estava no trabalho... Não fiz parágrafos mas pus virgulas. Se respeitares as vírgulas, consegues respirar. :D

Quanto à história da minha aventura no estranho mundo do 'Bondage-Dominação-SadoMaso-e-Fetichismo' (escrito de uma assentada também, hehehe...), deixa-me, ao menos, descansar - que cheguei toda encharcada a casa - e retomar algum fôlego... :D

Bjo

Always disse...

PS - E quem é que te disse que a história mete cenas macabras?! Olha que não, olha que não... :D

Anónimo disse...

Tu descansa lá o que quiseres... pintainho. não quero que apanhes uma constipação. enquanto isso eu trabalho mais uma horita. nem sei se me consigo concentrar o suficiente, tal é a expectativa pela história bondage-dominação-sadomasoquismo e fetichismo com fins científicos :D

...e não tem cenas macabras?! :( que pena... :DDD

Anónimo disse...

i put it to practice everyday.

>>Esses dias eram assim, uma urgência de ser e de viver por inteiro como se fosse o último dia.<<

Gaff: It's too bad she won't live! But then again, who does? :D

saudades,
F.

i've been waiting for another 'theme' but what the hell... :) also, your choice of music...i know this nummber. if it matches your mood today then i probably shouldn't say anything...hehe...

I swear you’ll be the last one. I’m done, I’m through.

Always disse...

SK,

Ainda dizes tu que eu trabalho demais!! :D

Pronto, está bem a noção de 'macabro' é muito lata... lol... Já vais ver...

Bjo

Always disse...

Porquinho feliz,

Gaff: It's too bad she won't live! But then again, who does?

Blade Runner... again! I love that line by Edward James Olmos. :)

Did you really get the meaning of all I write in Portuguese?! Thatt's awsome, dahling! :)

I love Recoil and "Breath Control" is one of my favourite songs from all the three albums. So, it has nothing to do with my mood - besides I don't listen to music according to my mood - I love music under any circumstances and states of mind.

Beijo.

Anónimo disse...

:)
ainda não?!

se eu não trabalhar, mais ninguém trabalha por mim... :)

vá... vejo amanhã que eu hoje não rendo mais.

bj

Always disse...

SK,

Pois, também estou cansada e a funcionar a meio vapor... Vês amanhã. Fica bem.

Bjo

(' ') disse...

Cansadinhas, cansadinhas mas ainda vai sobrar uma "chibatada" para alguém.

whitesatin disse...

LoL (''),

Pera aí que eu vou ali buscar as algemas! ;D

Always, querida, nem penses que eu me esqueço disto. Se não for hoje, há-de ser um dia destes, porque eu vou-te melgar o tempo todo, hehe ;P

(só mesmo uma coisa assim para me trazer de volta a esta realidade, hehe)

wind disse...

Então, contas ou não o resto?:)

Always disse...

Eu cumpro sempre as promessas que faço. E mesmo cansadinha, escrevi o resto da história como prometi.

Tenho mais para contar, mas hoje já não dá. Se insistirem muito conto também a outra aventura...

Always disse...

(''),

Tenho dois chicotes e um par de algemas (muito fraquinhas). Se a whitesatin trouxer as dela, já podemos organizar uma festa. :D

Anónimo disse...

Ena... e eu que, quando li o post, pensei que era alguém a falar do PREC... ;-)

Always disse...

likeabridge,

Bem-vinda! :)

Processo Revolucionário em Curso?! Explique lá isso devagarinho a ver se eu percebo porquê...