segunda-feira, 19 de março de 2007

As saudades em que morri

Alfisti, Nail

Deixa-me falar-te do que sei de cor e, de cor o que sei melhor são as saudades em que te vivi nos dias em que me faltaste. Nesses dias tudo era espuma, frágil e inconsistente. Tudo era um inverno infindável, cinzento e chuvoso. Nesses dias só havia noite e um sol negro ao meio-dia. A tua ausência deixava-me rente ao chão e, no teu silêncio, eu morria muitas vezes sem nascer ao outro dia. E no tempo que passava só a minha dor me acordava do pesadelo em que dormia. Não sonhava depois de adormecer nos dias em que adormecia, procurava-te durante o dia em sonhos de quem não dorme há muito tempo. E neste mar de destroços em que me flutuava, eu ia aprendendo a respirar debaixo de água. Amava-te e, de vez em quando, sorria contente por saber amar e ter bem concreto e definido este sentir-te em mim tão completamente. E adoecia nas saudades como um castigo de mau marinheiro à deriva num voltar a casa impossível. E quando caia no fundo do mar, vinha uma voz de longe, de dentro de mim, que te trazia e em mim ficavas por instantes. E as saudades matavam-me mais um bocadinho. Enquanto a dor dessa saudade me consumia, sentia-te e, pouco a pouco, passei a acreditar no que não via, mas sentia tão intensamente quanto a dor que me mantinha viva. Guardava-te dentro de um copo a transbordar de saudades e aprendi a sentir-te para além da distância em que me fugias. Guardei-te em amor do qual nunca desisti e no amor silencioso em que me guardavas também. Desencontrada de mim no que te perdi, reencontrei-me na fé do que se sente e não se vê. Falo de cor dessa saudade porque a conheço bem. Mas hoje que me voltaste, as saudades que tenho tuas são tão infinitas quanto o meu querer-te sempre embrulhada em mim. Sinto a tua falta quando te tenho e tendo-te na certeza de estares sempre comigo e eu contigo em pensamento.

11 comentários:

Anónimo disse...

:)
É dificil comentar isto, pq essa felicidade é tão simples que nem dá para comentar... :)
Estes últimos textos (que sei que são reflexos de ti) deixam-nos com o sorriso nos lábios e com uma sensação boa.. :)
Tem um bom dia.
Bjo

wind disse...

Olha faço minhas as palavras de SK, com a devida licença:)
Beijos

Sandra Marques Augusto disse...

Tiveste-me sempre ao teu lado...
S.Star

Anónimo disse...

"Guardava-te dentro de um copo a transbordar de saudades e aprendi a sentir-te para além da distância em que me fugias."
Tens de ensinar-me esse truque:)) Tou a brincar...Que maravilha estares feliz! Bjs

Always disse...

SK,

Obrigada pela sorriso que me devolves. :)

Tudo o que escrevi neste espaço é o reflexo de mim.

Um beijo grande.

Always disse...

Wind,

Agrada-me a ideia de fazer sorrir... :)

Bjos

Always disse...

Sandrinha,

Nem um só segundo me faltaste. Tens uma paciência infinita e eu adoro-te!

Beijo

Always disse...

Bamboo,

"Tens de ensinar-me esse truque"

Nem eu sei como acontecia (e acontece). Só sei que é real para meu total assombro, acredita. No outro lado acontece o mesmo, logo concluo que é o efeito do Amor. :)

Always disse...

Maria,

Sê bem-vinda por aqui. :)
Tenho-te lido em diversos 'espaços' que temos em comum. Visitarei o "Kolmi» logo mais à noite. :)

Beijo

Angell disse...

Sinto-me sem palavras para te dizer algo! Da tua mente brotam estas prosas tão vivas, do que sentes! Do teu interior tão apaixonado e feliz! :)

Bjs!

Always disse...

Angell,

Tenho a certeza que haverá sempre qualquer que possas dizer... :)

Bjos