Tenho uma sede desmedida de tudo quanto te recebo. A minha vontade, tão cega quanto infinita, desespera-me em desassossego, no espaço de tempo em que a tua pele me foge. Raros são os minutos em que não suspiro o teu nome baixinho, para que não percebam que o meu pensamento se escapa dos sítios onde estou, para te encontrar mais depressa do que o tempo que me falta para te beijar. Por onde passo espreito-te, desejo-te e apresso o passo para que me sintas na distância e nunca te canses à minha espera.
quinta-feira, 26 de março de 2009
terça-feira, 24 de março de 2009
Para além do ruído
Se a união faz a força, haverá algo mais forte do que a vontade de caminhar em frente, lado a lado, para um mesmo lugar ou não-lugar quando vamos à descoberta? Nada segura a força do ser e querer é viver tudo sem limite de velocidade. Amar é ter a alma em permanente ebulição, é um mar revolto de mil viagens por cumprir depois de outras tantas realizadas. O Amor é esta constante tempestade em que te vivo e te quero eterna comigo em qualquer lugar do mundo e numa qualquer parte incerta do universo. O ruído que me escutas é tudo quanto quero dizer-te ao mesmo tempo e de forma descoordenada. E em tudo o que não sei desculpar-me, nem explicar-me talvez, subsiste a vontade e a força do Amor que, de tão precioso e absoluto, se assume selvagem e bruto na expressão, como os diamantes antes de serem o que realmente são.
terça-feira, 17 de março de 2009
Nada a declarar
A liberdade que nos assiste é a que só o Amor permite no seu verdadeiro sentido, a escolha - amar-te porque quero, viver-te porque a minha vida é o que respiro em nós, construir-nos porque acredito-te como o meu sempre e tenho fé em nós para além disso. O Amor é esta escolha ampla e plena, este tempo inteiro que nos envolve corpo e alma em que não cabem outras possibilidades, esta vontade absoluta de prender os meus olhos nos teus e ser essa a paisagem, noite e dia, em todas as direcções. Amar-te é escolher-te todos os dias, perder-te e procurar-te nas saudades e encontrar-te por instinto em todos os pensamentos nos intervalos de um aqui e um agora. É esta pessoa livre que te escolhe uma e outra vez e se compromete sem tempo num querer-te tão completamente como infinito é Amor. Porque nos sinto a força do vento que nos empurra a mesma vontade, um único destino lado a lado.
sexta-feira, 13 de março de 2009
Em abstracto

Comprei tintas, muitas, de várias cores, as que encontrei. Estou ocupada a combiná-las e a procurar todas as possibilidades para pintar tudo à nossa volta, mesmo o que não se vê, especialmente os teus sonhos, tal como me pedes antes de adormecer. Vou ficar acordada toda a noite para te encontrar na obra de arte em que, durante o sono, me esperas e te desejo adormecida. Se, entretanto, acordares desenha-me um beijo sobre a pele que me cubra o corpo da cor que mais gostares.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Noite americana
E se a luz fosse sempre a mesma não haveria a noite que é precisa para embrulhar o que o dia deixou por cumprir e, assim, encontrar caminhos que nos acordem cores em que deixámos, momentaneamente, de reparar. Porque o corpo nos pesa uns dias mais do que outros. Porque a alma fica sem voz à procura de palavras certas. Porque olhos cinzentos só conseguem ver por dentro. A noite é um porto de abrigo ao que o dia nos cega. O silêncio que adormeço nos teus braços é um grito, estridente e prolongado, do que morri durante as horas que passaram sem nós. Porque, ás vezes, só a tua luz me faz falta e, por isso, espero a noite para me aninhar no teu olhar. Nem sempre sou difícil. Mas sei sempre o que encontro em ti que me amanhece a alma.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Tenho as mãos atadas

Tenho as mãos atadas em redor do teu pescoço e tudo o que eu quero é tocar-te o corpo porque a verdade em mim nua, em ti, caminha. Tenho as minhas mãos atadas à espera de acção porque a qualquer hora é sempre agora e hoje quero cantar-nos. E porque perder não sei, não sei não querer mais porque quero insaciavelmente o que é nosso, o que é único e sem tamanho. Tenho as mãos atadas à tua volta e, debaixo da pele que te consome incendiada, bate um coração maior do que eu porque esta forma de Amar assim só acontece uma vez na vida. Tenho as mãos atadas em teu redor e os teus braços à volta de mim hoje, ontem, amanhã… infinitamente.
(a partir de "Mãos Atadas" de Simone e Zélia Duncan)
terça-feira, 3 de março de 2009
Peças combinadas

E serão feitas de que matéria as saudades que se instalam por não sabermos dar sentido ao longe, mesmo quando o longe se mede em horas? Procuro uma cor, uma textura ou talvez um odor preciso e logo me chegam imagens tão definidas como o toque da tua pele que uso como pele de mim mesma em todas as dimensões do espaço físico ou imaginado em que te habito. E vêm-me as saudades à boca como sede de água em lábios ressequidos pela espera no deserto do tempo. Na paisagem áspera por onde ando fora de nós, vou combinando sons, cores, sabores e fotografias de alma como um puzzle em que nos encontro num todo, onde todas as partes são únicas como único é jeito em que as combinamos uma a uma. Como um poema onde as palavras se aninham e se embrulham num estado de alma pessoal e intransmissível, vivo as saudades do que não te tenho e não te abraço no aqui e agora.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
A vida no cimo das árvores
Restos do Inverno transportados pela brisa amena que anuncia a estação verde enfeitam-me os passos neste chão destroçado pelo mau tempo. Enquanto a semana entardece, caminho para o princípio de tudo, da vida que me encontrei, do presente e do sempre que acredito como futuro. Em todos os jardins crescemos nós e hoje já somos árvores, cada vez mais altas, feitas de ramos seguros. Em cada folha a certeza que nos renasce indiferente às estações do ano. O azul infinito que nos abraça o despertar é a única luz que precisamos para perceber o infinito. À noite celebramos a força dos braços que constroem, no corpo e na alma, a casa que incansavelmente acrescentamos na arquitectura do Amor.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Recreio

Se horas de ócio houvesse entre os minutos que passam contados e cheios de urgência, o mundo seria infinitamente mais bonito pelo que poderia sonhar-te sem pressas, antecipando a vida em tempo real. Os momentos que nos invento nos intervalos de nós são paisagens de férias nos dias de cansaço irremediável que nos envelhecem no desespero das horas que, passando, não nos trazem uma à outra. Encosto-me, por agora e durante quase todo o dia, nesta pausa de tempo para te dar conta do que me custa este longe do abraço onde me aguardas e eu te guardo quando, à noite, nos regressarmos para renascer em todas as madrugadas.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
As asas do Amor
E quando as correntes que me prendem ao chão têm o peso e a magia de asas que atravessam céus e mares de um lado ao outro da terra? E quando a liberdade que me protejo como bem supremo e insubstituível ganha o seu verdadeiro sentido na escolha e na vontade infinita de ficar para sempre contigo? E quando a força das amarras é um privilégio raro que nos faz sentir livres, autênticos e vivos de dentro para fora? Que nome hei-de dar a este sentir pleno e voluntariamente aprisionado a ti que não seja Amor? Porque a liberdade vem da alma e eu na alma prendi-me a ti. Porque na alma, que é infinita, a palavra do Amor é a própria vida, a liberdade incondicional de ser o que nos diz o coração.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Durante o dia
Assim, a perder de vista é este lugar onde pertencemos antes, durante e depois do mundo. Assim, onde o horizonte não existe na paisagem ilimitada do que somos, vamos desenhando as horas, uma a uma, numa mistura de cores que, sobrepostas de saudade, se esbatem, a preto e branco, em tons de cinzento onírico. Às vezes, chego a fechar os olhos por segundos e assim viajo-te num espaço indefinido, num tempo difuso, onde somos sem fronteiras, quase imateriais. Nestes instantes, toco a eternidade com a ponta dos dedos na pele que, de memória, se passeia e que passeando-se se incendeia. No intervalo que nos separa o corpo, percorro a distância à velocidade escaldante das ideias que tenho de passado, presente e futuro contigo. E depois corro ainda mais depressa porque o tempo urge e é sempre pouco o que nos sobra nesse lugar que ocupamos em todas as direcções, onde beijos e abraços recuperam, pela noite fora, da privação da luz do dia. São cruéis as horas que passam desertas de ti.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
A propósito de casamento
Não é nada pessoal.
Não é que eu viva com ansiedade a ideia do casamento nem a urgência de casar. Não é para fazer eco da voz do movimento. Não é que eu tenha pensado muito sequer sobre isso. Não é que eu ache sequer que isso mude alguma coisa na vida de duas pessoas que se amam e se partilham. Mas não será anti-democrático discriminar cidadãos com base em critérios da vida íntima de cada um? Não é uma violação dos Direitos Fundamentais dos cidadãos desconsiderar alguns nos princípios básicos de dignidade, liberdade e igualdade? Não é um direito que me assiste eu escolher com quem quero casar? Não é lógico a pessoa que amo ser a única autorizada a dizer SIM ou Não à minha vontade? Não é que eu queira casar - não é uma questão pessoal, é universal. Mas não é absurdo não ter legalmente o direito de escolha?
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Too late to undo
E, quase de forma inesperada, fez-se luz e nunca mais foi noite daí em diante. Nos lábios que me deram vida, senti-te o sabor de quem se encontra e fica e renasce no momento em que a terra muda de lugar. E em ti me abandonei na vertigem de quem perde o chão por dentro para ganhar solo firme e uma raiz no coração. Num beijo, o fogo primordial do princípio do mundo. 'Too late to undo'. Fecho os olhos por instantes e, no arrepio de uma viagem no tempo, encontro os teus lábios à procura da minha boca que os deseja. 'Too late to undo'. A intensidade do beijo é hoje a mesma e o fogo que nos incendiou queima da mesma forma. Por debaixo da pele, os beijos são impressões digitais do Amor. A alma guarda a chama, a ponta de lume de um primeiro beijo, com a promessa de infinito.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Na véspera
Na véspera de uma nova vida, a luz das pequenas partículas abre portas para uma dimensão diferente de tudo o que conhecemos até então. Olho para trás neste momento ao encontro do meu último dia antes do nosso mundo acontecer. A memória refractada dos reflexos do que ainda não éramos, sendo já tanto, vive uma intensidade própria das estrelas em combustão. Os dias que passaram continuam cintilantes, a descoberta não acabou porque o universo é infinito desde que te tenho. Na véspera do momento em que a terra tremeu e nós mudámos de essência para algo mais perto do essencial, sinto o impacto sem tempo de uma onda de choque infinita. Tudo é possível quando sabemos intuitivamente quem é pele da nossa pele. Na véspera da verdade em que nos descobrimos como o futuro, houve um momento sublime, inconsciente em que reinámos sobre todas as coisas, com a imortalidade dos deuses reais ou imaginados. Na véspera do dia em que a vida começou, recordo-nos com a mesma impaciência de quem nasce no dia seguinte.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Em construção
Ainda há pouco coleccionava os dias numa fita métrica de tempo, de forma quase inócua, como se o tempo fosse algo inconsequente na forma de estar. Ainda há pouco eu era outra, alguém que vivia uma tranquilidade matemática na forma de respirar os dias, como se nada os acrescentasse um a seguir ao outro. Ainda há pouco era assim, um mar sossegado e lento que se navegava sem pressa e sem lugar de chegada. Ainda não há muito tempo a vida era assim, nem quente nem fria, um passeio nem sempre atento, nem sempre cheio, apenas confortável. E vieste-me tu. E cheguei-te eu. E o mundo descolou numa velocidade diferente. Ando mais depressa por todo o lado para chegar mais rapidamente ao que nos descubro todos os dias. Passo por mil lugares que desconheço e quero aprender tudo ao mesmo tempo, porque tenho consciência do tempo que perdi numa outra vida. Às vezes não me saio bem, sou desajeitada, eu sei. Mas não seria humana se não tivesse falhas, se não caisse de vez em quando, para perceber completamente a vontade de correr apressada para te chegar. Hoje, que somos nós, colecciono tudo o que me inspira o sentido definido do sempre em que nos acredito como destino.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Histórias de chuva
No que fica da chuva à minha volta, vou guardando retratos em pérolas de água de transparência luminosa. E nos meus olhos brilha a cintilância da água, que é vida, e das histórias que lhe acrescento, quase todas elas feitas de ti. E assim, enquanto chove, mato saudades do que me falta para voltar ao centro das coisas que nos são por inteiro e por direito absoluto. À chuva fica o resto do mundo quando eu chegar ao teu abraço, a minha casa. Longe me ficam as tempestades de chuva e vento quando te seguro no meu corpo. Lá fora um inverno muito distante acontece perante a indiferença de gente que se ama corpo a corpo, de alma em chama. No lume que nos funde, dou-te conta das pérolas de água como quem mata uma sede insaciável dos teus beijos, numa teia de histórias feitas de primavera infinita.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Sem prazo de validade
Hoje conheci-te porque ontem nos encontrámos e quero estar contigo amanhã. E assim por diante, até somarmos muitos 'hoje' a abraçar o dia de amanhã com a mesma ansiedade do primeiro dia do resto das nossas vidas. Hoje conheci-te há mais de mil dias, todos únicos porque no Amor nada se repete, tudo engrandece e cresce, tudo se torna mais inteiro e eloquente na forma de sentir. Hoje, que estou mais crescida, tenho o nosso tamanho e nós temos uma vida inteira feita pela medida do Amor, que já era antes e será também depois de nós. Amar é o único verbo que nós conjugamos no infinito.
sábado, 31 de janeiro de 2009
Ao céu subiu uma estrela

Antes de ontem o teu mundo ficou mais pequeno, e o meu também. Antes de ontem o mundo inteiro perdeu um sorriso do tamanho do mundo e ficou menos do que era antes de antes de ontem. Ontem acordámos mais pobres, mais despidas, mais transparentes e mais rentes ao chão do que somos sob a contemplação das estrelas que, na terra, adormecem para acordar no céu. Ontem démo-nos conta que somos muito pouco no infinito mistério da vida, mas também aprendemos que o muito pouco que somos, às vezes, faz a diferença na vida do muito pouco dos outros. Ontem choviam tempestades desde a alma ao céu. Hoje o sol brilha como se nada tivesse mudado a não ser a nossa consciência de que o que importa verdadeiramente é amar todos os dias como se fosse o último, viver nesta urgência, percebendo, a cada instante, quem faz a diferença no que somos e no que queremos ser para ser felizes. Hoje à noite, quando olharmos as estrelas, uma delas reconheceremos pelo sorriso que, em nós, nunca se acaba.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Revelação

Celebro tantas coisas em ti, mas, talvez por egoísmo, festejo aquilo que não te descobriste noutros tempos para me chegares com a maturidade de quem viveu e encontrou a essência que se adivinhava. Celebro a descoberta pelo valor acrescentado que ela representa num percurso intímo que só depende de nós próprios e do que estamos dispostos a apostar para nos cumprirmos. Celebro o momento que te disseste que sou mais do que apenas o que tenho por agora. A luz que deixamos entrar, nesses momentos raros de lucidez, plena fazem a diferença entre viver realmente e o existir por existir. Porque a felicidade depende da capacidade de nos assumirmos perante a vida, de nos permitirmos sentir inteiros, dessa liberdade que aprendemos, pouco a pouco, de ser o que somos verdadeiramente. Tudo aquilo que nos acrescentamos livres faz-nos crescer por dentro. Quando sabemos quem somos é mais fácil encontrar o que nos faz falta. Ser feliz é encontrar o que nos desejamos instintivamente. Celebro-te a coragem de não desistir de procurar o que sempre quiseste para ti. Celebro o estarmos aqui nesta forma completa de quem está por muito querer.
sábado, 24 de janeiro de 2009
Sem desvio
Em todas as paredes dos lugares por onde passo, vou escrevendo o teu nome no seu verdadeiro sentido e não com as letras que o formam. Por todas as estradas, caminhos ou encruzilhadas, vou deixando pistas da direcção que te escolhe sempre antes de tudo. Em frente é por onde vou, sem memória de outra coisa senão aquilo que vivi para te encontrar. Em frente sem passado senão aquele que me esculpiu o sonho e o tornou palpável. Caminho na linha recta do indefínivel e assim te partilhas na mesma caminhada. O Amor, que ninguém sabe definir senão por aproximação, é uma estrada de sentido único sem desvios e a vertigem da velocidade de querer ir mais longe e ter mais história partilhada. O Amor, que não tem peso nem contorno, é uma direcção irreversível. Não seria Amor se nos distraíssemos a olhar para trás.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Partida, largada, fugida
Anda comigo, tenho o mundo para te mostrar e o universo à nossa espera. Vem daí, vem comigo pela terra inteira à conquista do que é nosso por direito absoluto: o infinito. Dá-me a mão e acompanha-me por todo o lado, porque tudo nos pertence, tudo é nosso e nós somos o tudo que percorrermos, lado a lado, num passo único e seguro. Corre livre neste passeio pelo tempo que temos emprestado e sê comigo tudo o que sonhas e o que te queres cumprir. Vem com vontade de saltar em altura e comprimento aquilo que não nos faz falta e que nos faz perder tempo no caminho. Juntas somos uma cuja força ninguém virá que dome.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
De corrida

Neste intervalo, que não tenho mas que invento para te chegar, confesso que as horas do dia acontecem mais plenas nos instantes em que te sonho e me sonho contigo. E sorrio. E tudo o resto me parece insignificante pelo que lhes falta de nós. Porque tudo o resto acontece num contra-relógio para te voltar. Neste intervalo, que o tempo real não me permite, mas que eu insisto em inventar, regresso-te vezes sem conta e, em ti, descanso da corrida, das subidas e das descidas, e em ti permaneço o tempo suficiente para recuperar a força necessária para dar a volta e fazer tudo o me falta para te poder voltar de alma inteira e corpo sedento do teu abraço. O coração fica sempre contigo, aninhado, à espera de nós no mesmo espaço. E sorrio, contente, por ser assim, sempre eu em ti e tu em mim.
domingo, 18 de janeiro de 2009
Provavelmente a eternidade
No que o tempo acrescenta à paisagem, encontro-te, camada sobre camada, com a consistência da pedra que conta a história de muitas vidas passadas junto ao mar. Em mim és sem tempo, ou melhor, talvez sejas o próprio tempo, o tempo que eu conto e desconto, a medida de todas as coisas em que aconteço dentro e fora de mim. Talvez o infinito coincida com este fora de tempo em que te sinto e vivo. Talvez eternidade seja esta paisagem alterada pelo tempo em camadas. Há em nós uma inevitabilidade demasiado grande para caber no tempo. Porque o Amor e o tempo são duas dimensões diferentes. Por vezes tocam-se e deixam marcas na alma que nos sustenta o corpo. Mas o tempo passa e acontecem mundos diferentes por entre as horas que se desenrolam. O Amor transcende o corpo porque acontece no universo da alma. E tu, nesse universo em mim, és imortal.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Celebrando...
Sabes qual é o meu maior desejo no dia de hoje?
Que multipliquemos infinitamente os 3 anos que temos.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Pela chuva
Em frente aos olhos um jardim suspenso, onde o verde se afoga nos lagos que a chuva deixa à superfície da terra saciada pelo inverno. E, hoje, tenho sono. A chuva que, lá fora, nos torna o dia desconfortável, surpreende-nos em diferentes esquinas da alma. As mãos e corpo gelados aguardam momentos de agasalho, enquanto vai anoitecendo no jardim. Não sei onde estou. Cá dentro e lá fora, tenho frio e sono e sei que não estou em mim.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Minimal

Enquanto, no meu colo, aninho a espera do tempo que conto e desconto para que chegues com a mesma pressa com que te espero, vou alinhando o sentido das palavras que quase nunca chegam ao que eu lhes projectei. Sei que, neste espaço de perda entre o que se pensa e o que se quer dizer e o que se lê e se interpreta, falho muitas vezes em dizer exactamente como sinto e não o que sinto. Porque o que sinto é mais fácil de dizer. Como o sinto é uma visão calesdoscópica de muitas coisas ao mesmo tempo que, embora tente, não sei dizer num sentido único, sem margem de erro interpretativo. Por mais que organize um sentido e uma geografia precisa na cadeia de palavras que me ocorrem para falar de ti, sei, com toda a certeza, que as palavras têm vida para além de mim, no que tu lês e nem sempre escrevi. Aqui e agora, tenho três palavras inequívocas para te acordar amanhã de manhã: tu, amor e sempre. Assim, de forma minimal e sem ambiguidade.
domingo, 11 de janeiro de 2009
Mais do que palavras
Está escrito em todos os livros, em todas as línguas, mesmo nos livros que não são livros e em linguagens que não são línguas. Está escrito numa forma universal de comunicação. Está escrito com uma força contra a qual não existem leis nem sequer a ausências delas. Está escrito em todas as cores e em todos os tamanhos. Está escrito de trás para a frente e da frente para sempre. Está escrito simplesmente, na medida exacta do que se sente. Do que sinto. E o que sinto não sei dizê-lo de outra maneira nem ser mais convincente. Sinto-me inteira, sem fim, verdadeira. Não procuro mais do que o que sinto e o que encontro em ti. Não quero mais do que o tamanho infinito do que abraço em ti. Porque não existe mais para além disso. Mas nada no Amor é suficiente e ainda bem. Por isso, não quero mais nada para além de ti e tudo me parece pouco. Sabes porquê? Porque tu és a minha vontade de sonhar o infinito e, não querendo nada, tenho contigo todos os sonhos do mundo para cumprir. Perdoa-me se te parece impossível, mas acredito numa escala de tempo que poucos compreenderão, o que é irrelevante. Basta que tu me acredites da mesma forma em que projecto a nossa eternidade.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Decrescer
Se tivesse escolha, se tivesse o privilégio de decidir pelo que me apetece e não pelo que tem de ser, se fosse realmente livre como ninguém o é completamente, tirava o dia e ia brincar com o frio, à procura de bonecos de neve em ruas onde não neva, num carrinho de brinquedo e um gato, um cão e um lobo amigo por companheiros quentes de brincadeira. Gostava tanto de ser um desenho animado!...
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
De baixo a cima

Hoje, que viajei até ao mais profundo do centro da terra, apeteceu-me o tempo todo andar nas nuvens e vigiar a paisagem lá de cima, como os anjos, supostamente, têm como missão, nem sempre bem cumprida. Agora que o dia caminha mais lentamente, regresso ao meu infinito pessoal, o abraço do Amor, firme como as montanhas que nos observam desde o princípio do mundo.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Fado
Sem mais nem menos, somos confrontados com a fragilidade da vida. Neste dias, irreversíveis, que começam mal e não chegam ao fim, porque o que era não voltará a ser, percebemos que somos muito pequenos e insignificantes. Aprendemos pouco ou quase nada. Amanhã, quando acordarmos, somos feitos da mesma matéria e teremos sorte se acordarmos. Haverá quem não acorde para o dia seguinte e uma tristeza intrínseca nos que são tocados pela ausência. Deveríamos aprender algo, uma lição de vida. Passear os olhos tristes é muito pouco perante a urgência da mensagem: temos pouco tempo, seria um desperdício viver a adiar as coisas importantes da vida. Há que aprender a valorizar, a hierarquizar e a viver à escala humana.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
À beira de 2009
Está quase e é inevitável. É ver o que acontece...
FELIZ ANO NOVO a todos dentro e fora do 'Copo...' Que 2009 nos faça mais fortes, mais felizes e melhores como seres humanos.
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Prémios Dardo
Obrigada Brokenangel e Angell pela distinção atribuída a este espaço, com um prémio que tem como objectivo "...distinguir blogues que contribuem de forma significativa para o enriquecimento da cultura virtual, através da veiculação de valores culturais, éticos, literários, pessoais… premiando os blogueiros que demonstram a sua criatividade através do pensamento vivo e através das formas de comunicação que utilizam para o expressar...."
Aqui fica o selo do prémio, mas não a escolha de outros blogs para premiar, porque é difícil escolher e porque há demasiadas coisas boas para escolher só algumas.
Lembrança
Lembrei-me de um anel que nos segurasse a força de para sempre e mais um dia. Lembrei-me dessa força imparável que nos fez convergir num centro inamovível. Lembrei-me da resistência dos metais preciosos, da velocidade de um cometa ou da altura de uma montanha. Lembrei-me de tanta coisa, meu amor. E depois ficou-me a ideia obcessiva de uma argola em ferro, sem princípio nem fim, para definir a ideia em que eu habito o nós.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Do outro lado do inverno
Enquanto a chuva desce e o abraço em que descansamos nos aquece a noite do frio em que se desfiou o dia, lembro-te a ti e a mim sem o abrigo que hoje somos. Aqui, por detrás do vidro da janela que nos separa da tarde invernosa, sabe bem recordar as muitas voltas que o mundo deu até nos encontrar num mesmo passo, num mesmo tempo, numa mesma história. Aqui, abrigadas dos dias invernosos em que derivámos na dôr, à margem uma da outra, celebramos uma fé maior do que a vida, porque ela é a própria vida quando tudo perde sentido longe do Amor. O fogo, que é como sempre foi, vive em tons escaldantes numa chama alta. Aqui não temos frio, a roupa sobra-nos despida da pele incendiada por este algo tão imenso e quanto impalpável que sentimos por dentro e nos estremece o corpo todo. Ontem já éramos tudo isto, mesmo quando, longe, chorámos o que nos julgámos impossível. Hoje somos mais e amanhã, recordando hoje, seremos mais ainda. Somos infinitas, porque o provámos a nós mesmas e aprendemos a razão desse infinito. Porque, se dúvidas houvesse, bastaria olhar para trás e repararmos na nossa sombra escura e arrastada nos tempos de abandono. Porque tu e eu temos uma razão de ser, aqui, do mesmo lado. Do outro lado do inverno, um mundo de vento, chuva e nevoeiro sem nós.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
O amor no calendário

Quase a fechar o ano e a celebrar, pela terceira vez, o dia em que a vida nos começou um fogo diferente ao nosso encontro, sorrio aos três anos que nos juntam e percorro todas as esquinas do pensamento, revivendo os caminhos que andámos para estarmos aqui, à distância de um beijo a qualquer hora do dia. Temos história. Temos tanto para contar, vivemos tanto para aqui chegar. Temos muitas histórias, sobramos em intensidade no tanto que já vivemos em tão pouco tempo. Somos o exemplo de que de nada serve lutar contra a vontade que a alma segura a ferro e fogo. Porque o coração tem vida própria, porque aos dois corações que se reconhecem na primeira hora une a promessa de sempre. Somos esse inexplicável e esse infinito que os outros nos reconhecem no olhar. Porque brilhamos por dentro e há uma luz que nos encaminha os dias, um a um, cada vez mais perto do que queremos cumprir - o nosso sempre é um estado de alma absoluto, sem sombras nem dúvidas.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Boas Festas

A todos quantos por aqui passam e se demoram e aos outros que, nunca passando por dentro de copos escritos, desejam e procuram ser felizes votos de FELIZ NATAL.
Que, esta noite, haja presentes sem preço, tão raros e únicos quanto os desejos de alma de cada um de nós. Nada do que é realmente importante está à venda em lojas...
Um abraço de boas festas!
Always & U-Turn
sábado, 20 de dezembro de 2008
Pelos cantos

Nos cantos, pela casa, espreitam partes de nós desengonçadas. Reparamos todos os dias no que temos de arrumar e, por vezes, arranjamos tempo para deitar fora e desocupar o espaço que nos falta. Outras vezes acostumamo-nos e deixamos estar desarrumado. Porque nos doi o corpo pelas horas acordado, porque nos doi a cabeça de tanto pensar. Nos cantos, pela rua, sobram pedras abandonadas. Tropeçamos, passo a passo, nas que não conseguimos evitar. Não sabemos de onde vêm, mas apenas que ali estão à espera da gente que passa distraída, de olhos mais alto do que o chão. Os dias estão muito longe do Natal. Voltar a casa é acreditar que o que nos apetece vai acontecer. E corremos mais depressa do que as pernas podem. Todos os lugares do mundo são não-lugares longe da casa onde nos cumprimos. Pelos cantos, vão estando coisas soltas por arrumar, que nos sabemos, muito bem, onde as encontrar.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Descrição
A vida acontece acontece mais depressa do que a dor tantas vezes incurável. A vida passa sem darmos conta que envelhecemos e da irreversibilidade do que vamos ficando. Aqui e ali juntamos estilhaços úteis de uma moldura que nos configura a existência, com mais ou menos sentido, dependendo do empenho que lhe dedicamos. E ainda que tudo se transforme, às vezes perdemos o jeito de criar de novo. E nesses momentos, salva-nos o espaço interior que nos faz sentir inteiros, unos e cristalinos, o que sentimos só nosso incondicionalmente, ou nada do resto faria sentido. E só o Amor assim se descreve. Nada em mim é mais verdadeiro do que o laço que me faz viver-te sem descanso porque não sei distinguir-me de ti. No que me une a ti não envelheço, recrio-me e transformo-me. Aprendo a vida do princípio, porque não sei nada e quero muito aprender sobre todas as coisas que somos sem saber. De ti nasce-me a vontade de ser para sempre porque, à medida que o tempo passa, seja qual for a estação do ano, confirmo que não sei separar-me de ti. Só o Amor assim se descreve, neste olhar para dentro e ver-te aqui, para além da pele, onde as mãos não tocam, aqui no mais intímo e autêntico do que sou e tu és num todo. Só o Amor assim se descreve, a clareza de ser contigo, indivisível.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Pedras
Pedra sobre pedra crescem muros.
Dentro de paredes há um mundo inteiro retraído,
de paisagens retalhadas
pelos muros que se erguem
em florestas de pedra descontroladas.
Debaixo das pedras vivem escorpiões assustados.
Pedra sobre pedra deixamos acontecer
muros mais altos do que altura segura para saltar.
Que nos falte o cimento
e nos sobre a força para os derrubar.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Chega-te a mim
E havia fogo sepultado no gelo das horas vazias porque a chama permanece na alma tão naturalmente como a fome e a sede habitam o corpo vivo. E o gelo nunca fica porque se transforma em água que mata a sede ou que aquece o estômago à procura de conforto. Longe de nós pouco existe, a consistência perde-se e as coisas derivam numa lógica imprópria porque incompreensível. Até as palavras que nos abandonam procuram formas de nos alcançar com uma urgência incontornável que, por vezes, não sabemos acompanhar. Erros de percepção são reflexos no espelho, imagens imperfeitas que se sustentam numa inversão da realidade. Descubro-te lentamente descubrindo-me. Os dias de tempestade são apenas nuvens num céu de azul infinito. Por cima das nuvens o sol não dorme. A luz permanece num plano absoluto de imortalidade. Assim nos sinto eu, assim nos vivo sem equívoco do que te sinto em mim. Porque há um lume aceso em nós como o céu luminoso e sem limites para além das nuvens.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Dias úteis
Nos dias em que nos são úteis, sinto o mundo encolher e tornar-se tão pequenino que, às vezes, chega a desaparecer. Outras vezes, vai ficando tão difuso e indefinido que se torna, simplesmente, invisível. Nesses dias raros, porque únicos para nós, a matéria que nos funde é de uma outra grandeza e consistência que só estremece perante uma catástrofe natural. E somos sem tempo e sem fim encostadas uma à outra, a ordem de todas as coisas, mesmo daquelas que ainda não são. Tudo quanto existe perde centralidade e a pertinência relativiza-se numa inversão voluntária de prioridades. Tudo quanto existe somos nós, o princípio e o fim de tudo e não o mundo que nos sobra. Nos dias que nos são úteis, o universo deixa de ser uma ideia da física e da matemática combinadas. Nos dias que nos são úteis, somos o infinito e todas as combinações e probabilidades de existência.
sábado, 29 de novembro de 2008
Meteorologia
O frio que, lá fora, despe as árvores até à próxima estação e pinta o chão de folhas em tons de Outona quase Inverno, aconchega-nos num abraço que queremos sempre mais quente e mais demorado. O calor que procuramos no corpo uma da outra prolonga-nos a vida numa estação única e a certeza da escolha - o Amor escolheu-nos e nós escolhemos o Amor. Sinto, no abraço que nos recolhe ao fim do dia, a essência desse encontro feliz que nos devolve a vida que antes de 'nós' só existiu enquanto promessa. Sinto, no beijo em que nos damos e recebemos por inteiro, a alma e o corpo encontrados e a eternidade que ouvi dizer, sem acreditar, tantas vezes antes de ti. Hoje sei que o Inverno é apenas uma estação do ano e que a lã das mantas que nos cobre, embrulhadas uma na outra, não nos deixa passar frio. E que depois do Inverno virá a Primavera e assim sucessivamente. Tenho sorte, porque, às vezes, a vida é um deserto de gelo onde o sonho esmorece e morre, porque ouço dizer a alguns que o Verão é uma apenas promessa. Eu acredito no calor que me aninha todo o ano. Tenho-te a ti, não dependo da meteorologia.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Sem lugar
Recordo a rua que nos encontrou ou em que nos encontrámos pela primeira vez. Já não existo no mesmo sítio e faltam-te poucos dias para deixares a vizinhança que me tem ausente. Pouco importa quando conquistámos um mundo depois disso. Para trás ficam instantes feitos de primeiros momentos, coisas nossas que não morrem no tempo. Para trás ficam apenas lugares que continuam nossos para além do espaço que ocupam. Nada se perde numa partida de mãos cheias. Os dias que aí vêm são o resto da nossa vida e será sempre assim. Tu e eu existimos em todos os cantos do mundo, tu e eu não temos nem tamanho nem distância porque não existe medida quantificável que nos contenha no que vivemos por debaixo da pele que nos embrulha numa só. Os dias que aí vêm são mares infinitos por onde nos navegamos de corpo e alma. O lugar que nos acolhe é a nossa certeza de ser sempre sem limite e incondicionalmente. A rua que, um dia, nos encontrou continua no mesmo sítio, mas nós, que deixámos de por lá passar, existimos muito para além dessa recordação do princípio. Somos os dias por vir e a esperança de que o tempo não tenha fim. Recordo a rua pelo prazer eterno de te revisitar ao meu encontro pela primeira vez. Será sempre assim.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Na terra inteira
Está escrito em todo o lado, nas paredes, nos muros, no chão, o que corpo reconhece infinito no coração. Tudo à minha volta me fala de ti. Está escrito em toda a parte que tem de ser para toda a vida, que nós somos sem tempo em todas as dimensões. Este nós em que crescemos cada vez mais uma é um estado de existência superior. Porque crescemos para além de um 'eu' e aprendemos a melhor parte de nós. Porque nos cumprimos, partilhando. Porque o ser é mais inteiro por ser capaz de integrar o outro e renascer nessa união. O Amor para toda vida é capacidade de nos reaprendermos uma na outra num nós forte e adulto. A minha vida é hoje infinitamente mais rica pelo que te aprendo e o que dou de mim. Eu e tu somos em tudo mais porque amamos e sabemos a importância do Amor. Está escrito na terra inteira que tu e eu somos um lugar infinito, um caminho único, um universo por descobrir. Debaixo da minha pele o nós é imortal.
sábado, 15 de novembro de 2008
Cá em cima
Lá fora, as horas avançam de um lado para o outro e ignoram-nos. Espreitamos cá de cima o que não nos apetece e ficamos coladas à janela ausentes do tempo que, lá fora, não é nosso. Aqui, onde nós estamos, o tempo é História - a nossa era, passado, presente e futuro. Por debaixo da janela, na rua, onde as horas correm apressadas, as pessoas vivem indiferentes a esta ideia de imortalidade. Tu e eu sentimos e vivemos uma outra dimensão, onde a medida de tempo é o ritmo cardíaco do teu toque na minha pele, do teu beijo no meu coração. E nesta eternidade de sentidos em que nos concebo, nada nos interrompe. Nesta História heróica e exemplar vivemos muitos anos, ontem, hoje e depois disso. Tu e eu somos o espaço e o tempo do Amor - indiferente à vida e à morte, absoluto e incondicional. Para além do Amor, não há matéria nem outro tipo de partículas - só vazio, escuridão, o nada.
domingo, 9 de novembro de 2008
Am(arte)
Haverá arte maior do que o rendilhado do Amor? Porque a malha que o tece exige-nos uma inegualável disponibilidade e porque somos absolutos e verdadeiros para nós mesmos quando amamos. Se te sinto de forma plena nada me faz desistir da parte que és em mim, porque sem ti não sou eu, sou apenas um estado de existência transitório. Amar-te é ser mais do que apenas eu, é acreditar que tenho um sentido e que me cumpro na arte de viver. Porque o Amor é vida e o contrário é morrer. Sem ti cuidei que morria e morri todos os dias e todos os dias sobrevivi porque acreditava que eras tu a minha vida e que, um dia, me voltarias. Porque, apesar da dor do longe e da distância, acreditei em nós, porque o Amor vivia em mim e sempre soube que em ti também. Haverá maior arte do que esta que me esculpe, no coração, o teu nome?
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Mistério
Assim, no meio de uma paisagem aberta ao infinito, visto-me de céu e saboreio o vento que me empurra. Tenho a sorte de reparar na brisa e nos diferentes tons de azul que me espreitam lá de cima. O espaço que ocupo é pouco mais do que o meu tamanho e, por pouco que seja, não preciso de mais porque não sou mais do que eu mesma, logo dispenso o excesso ao qual não serei capaz de dar uso. A dimensão das coisas é a grandeza da vida interior que as habita e não o que a física torna lei. Do tudo ao nada vão muitas vidas num só tempo, vidas de nada e vidas de tudo. A existência perfeita é aquela em que coincidimos no que somos com o que os outros nos reconhecem. É difícil, senão impossível - somos múltiplos em nós mesmos e nos outros uma imagem apenas. Numa paisagem deserta, embrulhada de vento, tudo parece mais simples e inteligível.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
A fragilidade das horas
A fragilidade dos dias é vivida hora a hora, segundo após segundo. De um momento para o outro a luz pode tornar-se noite escura, impossível de navegar e, por vezes, definitiva. E nem sempre nos damos conta deste estado de fraqueza que é passar pelo tempo sem perceber que os dias passam sem retorno. Esbanjamos o que não é nosso, deitamos a perder o que jamais conseguiremos ganhar. De uma hora para a outra perdemos tempo de vida a pensar que temos uma vida cheia e adormecemos indiferentes à contagem decrescente que, irremediavelmente, caminhamos. Consumimos tempo por tudo e por nada menos pelo que é essencial. Ou porque achamos que os dias não têm fim ou porque não sabemos o que é importante. Passamos pela vida sem cuidar do jardim cujo o verde primavera, um dia, terá fim. Não chegaremos a tempo de salvar coisa nenhuma se não soubermos a medida exacta de cada segundo que respiramos.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Do lado de fora, o Inverno
Agora que o Inverno se aproxima da cidade onde tu e eu somos uma, dou-me conta que esta é a primeira estação fria que passamos em nossa casa. As minhas mãos frias nas tuas, tão geladas quanto as minhas, encontram debaixo da tua pele um verão tão longo quanto o Amor que nos embrulha indiferente às estações e à mudança de cor da paisagem. O tempo frio e as tempestades são meros intervalos que nos engrandecem o aconchego de um nós sempre quente e pulsante como a vida que anima as montanhas de fogo. Em nossa casa há mantas quentes em cada corredor da alma e no quarto abraça-nos um sol permanente como o centro de luz que organiza galáxias e dá forma ao Universo. O frio não nos chega, o calor que vem de dentro retem o Inverno à porta de casa. O Amor embrulha o teu corpo quente no meu e quando adormecemos sonhamos com a luz intensa que nos abraça o passado, o presente e os dias por vir.
sábado, 1 de novembro de 2008
Things to remember

"...Love Anything
Use a metaphor and tell us that your lover is the sky
Sometimes
Sometimes nothing often means the beauty of the human experience
These things are to be remembered
To be remembered"
Use a metaphor and tell us that your lover is the sky
Sometimes
Sometimes nothing often means the beauty of the human experience
These things are to be remembered
To be remembered"
PETER MURPHY, "Things to remember"
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Lá estaremos no Coliseu, hoje à noite, para lembrar com o mesmo prazer de sempre...
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