sábado, 30 de dezembro de 2006

Desencontro(-me)

Senhora Saudades aka F. Next Destination, 2006

Que mal é pior, viver num pedaço de passado ou ir acontecendo num presente ausentes de nós mesmos? Nada do que sinto faz sentido a não ser pela certeza que me fica de saber sentir o que sinto tão intensamente. Tenho a sorte de ser amada e o azar de não amar quem me ama. E arrasto-me na infelicidade de um amor que perdi no instante de um relâmpago. E neste desencontro carrego a tristeza de magoar todos os dias quem me quer incondicionalmente. O meu presente é feito deste incómodo de querer o que não posso ter e não corresponder a quem me espera. No peito há um buraco vazio, o lugar do coração que ficou no passado; seguro nas mãos as mãos de quem, no presente, me quer bem. Espero que o coração me regresse para poder abraçar o amor que agora rejeito a quem me vai cuidando da ferida que só o tempo pode curar. Os dias passam lentamente e eu vou andando devagarinho como tu... desencontrando-me.

6 comentários:

ic disse...

Parece que "metade da intensidade" não faz parte do nosso dicionário;). E tal como o dizes, no desencontro da vida, de algo que fujo sem parar porque nunca voltarei, tento me encontrar.
Deixando, de pegar nas palavras, porque elas, tornam a vida perigosamente deliciosa, digo-te que gosto verdadeiramente de te ler.
Beijo de champagne para um novo ano

wind disse...

Uma foto espectacular, para uma prosa de conflito que só tu podes resolver.
Mas não percas muito tempo, senão um dia sem dares por isso estás sózinha.
Um bom ano e muita força para ultrapassar tuo o que te incomoda:)

Always disse...

IC,

É a intensidade com que sentimos as coisas que nos dá a certeza do que queremos. Não sei ser feliz com o 'copo meio cheio'. Prefiro nada a sentir as coisas pela metade. Para mim é mais importante ter o que quero do que ficar pelo que preciso.

Ainda bem que gostas do que aqui lês com a mesma intensidade com que eu o escrevo. :)

Ainda bem que te lembraste do champagne - retribuo-te o beijo de boas entradas em 2007.

Always disse...

Wind,

Somos todos feitos de conflitos entre o ser e o dever.

Talvez tenhas razão, se demorar muito tempo acabarei sozinha. Mas pelo menos, não faço promessas de amor em vão, não engano ninguém, não embarco numa mentira. Incomoda-me causar dôr, mas não posso dar aquilo que não sinto e quanto a isso não minto. Aproveitar o amor sério de quem me ama para ultrapassar a minha fragilidade seria oportunismo e, mesmo acompanhada, sentir-me-ia sozinha e infeliz na mesma.

Que a vida nunca te incomode e, se incomodar, que saibas percorrer o caminho para ter o que desejas.

Anónimo disse...

Always...ontem por um acaso encontrei o teu blog...fiquei presa... Não tenho muito jeito com palavras...grave problema de expressão, o que não implica de todo um défice de sentimentos! É o contrário...por vezes (quase sempre) tenho tantos sentimentos/emoções/sensações enrolados uns nos outros...até contraditórios ..que me é muito difícil exteriorizar...ontem ao ler-"te" não consegui não retirar umas frases que retratam tão bem o que sinto...para escrever a alguém... É tão feio não é?? :-/ Agora estava então a escrever......e não consegui pelo menos não confessar o meu crime... Um beijinho... (não publiques este comentário, não?)

Always disse...

Anónimo,

Quase um ano depois encontrei este teu comentário e não sei se valerá a pena responder-te tanto tempo depois. Caso ainda estejas desse lado, obrigado pelas tuas palavras - fico contente em saber que as minhas palavras têm eco em quem passa por elas.

Beijos