sábado, 30 de dezembro de 2006

Não te quero senão porque te quero


Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.

Pablo Neruda

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Perspectivas:Deixar de querer
Bocadinhos mistos #1 - Aim higher

4 comentários:

Anónimo disse...

Lindíssimo, muito sinceramente.. apaixonante e apaixonado. Gosto de ler e sentir assim, com todas estas palavras. Contradição e relatividade são palavras que entram cada vez mais no meu vocabulário, por isso o que aqui transpões faz muito sentido para mim..

whitesatin disse...

Ah...cá estamos...o Equilíbrio.
A contradição só faz sentido porque os opostos estão em harmonia.

:)

wind disse...

O "meu" Pablito:))))
Adorooooooooooo e este é belo com as suas contradições e "jogos" de palavras!:)
Gracias:)

Always disse...

É um poema que pessoalmente me diz muito e diz tudo o que há para dizer sobre o 'querer'!