quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

'U' turn

Alfisti, Nearness
Porque há histórias de coragem. Porque há pessoas que num determinado momento da vida dão a volta ao contrário e decidem outras coisas que não o socialmente aceitável, contrariando as expectativas de toda a gente. Porque há quem descubra um outro mundo de repente e, de forma inesperada, sinta que tem de mudar de vida por si e não pelos outros. Porque há quem não desista contra todos os riscos e pressões. Porque há quem, perdendo o que deixou para trás, ganhe uma nova vida no que encontrou entretanto. Porque há quem perceba que há outras saídas que não apenas o modelo em que fomos formatados. Porque há quem, tendo uma família e vida construída, tenha decidido pelo amor e não se tenha arrependido. Porque a verdade é o melhor caminho que podemos ensinar aos filhos. Porque temos obrigação de ensinar mais do que nos foi ensinado. Porque o amor protege e segura... Porque o mundo pula e avança / como bola colorida nas mãos de uma criança, como diz a canção que fala do sonho... hoje escolhi um testemunho de coragem e maturidade - obrigado Blue, por me deixares publicar este pedacinho de ti que partilhaste comigo em privado:
"O facto de uma pessoa ser mãe (o que poderás pensar que condiciona as decisões) não é um impedimento sério caso uma pessoa leve uma determinada relação a sério. Podes fazer sacrifícios em nome dos filhos, todas as mães os fazem, mas virar as costas a alguém que tanto se ama... os filhos não servem como justificação para isso! Nem eles algum dia reconhecerão tudo o que fizeste por eles! É nossa obrigação fazermos o melhor que podemos e sabemos, mas isso não inclui abrirmos mão da nossa felicidade ou, pelo menos, de tentar alcancá-la da maneira que melhor entendermos. Os filhos justificam decisões quando as pessoas não querem mudar as coisas... mas, nesse caso, não é por eles que não mudas, é mesmo por ti! Sabes... acho que talvez seja isso... talvez haja quem não tenha maturidade suficiente para assumir e enfrentar as suas opções, independentemente de ser mãe ou não. Claro que não sendo mãe é mais fácil, não tens de pensar nos danos colaterais e nos impactos na vida deles... mas, sendo mãe também podes escolher o teu caminho, desde que esse caminho seja verdadeiro e honesto e que, obviamente, não prejudique a relação que tens com os teus filhos. (...) ser mãe faz parte de mim, parte do que eu sou e a pessoa com quem me relacionar tem de aceitar o facto de que parte do meu tempo é dedicado às minhas filhas, pelo menos enquanto elas forem pequenas.
(...) As pessoas são para nós aquilo que mostram ser, os seus actos, mais do que as suas palavras, tornam-nas mais admiráveis (ou menos) aos nossos olhos. É no seu modo de vida que tu encontras a veracidade daquilo que elas são..."

29 comentários:

Anónimo disse...

sublinho tudo. com riscos, de arco-íris.

Abraço U

Always disse...

Analogic,

De repente, a manhã está mais cheia de sol.

Podia, igualmente, ser o teu testemunho.

Abraço-te com a mesma força.

whitesatin disse...

Bom, não quero ser repetitiva (poderia fazer um copy/paste do meu comentário 2 posts abaixo que resume a minha total concordância com tudo o que foi revelado), por isso, resumo-me à minha insignificância perante tamanho exemplo de coragem e maturidade.
Obrigada pela partilha :)

Beijos respeitosos (para as duas)

Anónimo disse...

: )

AÍ!!!

Abraços

Anónimo disse...

:-)))) Enalteces-me demasiado minha cara... não mereço tanto!!

Beijos e eu é que tenho que te agradecer, sabes bem porquê!

Always disse...

Whitesatin,

Insignificantes são os que se escondem em argumentos fechados sobre si mesmos.

Beijos

Always disse...

(''),

Um abraço também para ti.

Always disse...

Blue,

Mereces o meu total respeito e consideração pela maturidade e coragem com que enfrentas a vida e te cumpres a ti mesma, sem medos de numa escolha de verdade como única opção possível.

Um beijo.

SMA disse...

Meus Parabéns...
Esse texto demonstra as verdadeiras caracteristicas do Amor... um amor libertador que cuida, que ajuda acrescente e a voar... que não pede nada em troca, algo que muitos pais nao conseguem...
Ao mesmo tempo não se deixa e não se esquece como mulher, como pessoa de desejos...
Que bom dares espaço aqui a quem merece esse espaço...

Bjs

Always disse...

Presença,

Assim o entendo também.
Quis com este testemunho destacar que, se existe amor, os obstáculos são ultrapassáveis, mesmo quando tudo parece impossível e todos lutam contra isso. Se existe amor é preciso acreditar nele e defendê-lo com bom-senso e maturidade.

Claro que para algumas pessoas - e refiro-me a uma em particular, porque vivi a experiência - o amor não tem grande importância, só atrapalha e conseguem viver melhor sem ele. Deitam tudo a perder porque não sabem amar.

Não sou mãe, mas amei uma mãe e as filhas dela e por elas daria o meu melhor. Mas essa pessoa, pouco tempo depois de saltar o muro, voltou ao ponto de partida - teve medo, deixou de acreditar ou, muito simplesmente, não me amou o suficiente para estar disposta a arriscar como tinha prometido, mesmo sabendo do meu amor incondicional.

Obrigado pela tuas palavras.

Um abraço.

Anónimo disse...

Eu já sei que tu vais dizer que eu sou do contra, mas aqui vai.

Eu admiro verdadeiramente quem se atira para a frente, quem age com grande coragem, quem enfrenta a vida de frente, de chapão, de impulso e de forma apaixonada, obviamente que sem aquela ideia romântica de que será feliz para todo o sempre, pq este tipo de “postura” e decisões acarretam muitas vezes muito sofrimento (para uns, pq para outros, não). Porém, reconheço que as mesmas circunstâncias, vividas com a mesma intensidade e importância por várias pessoas, provocariam reacções diferentes, porque na verdade, não creio que haja uma pessoa igual à outra, assim como não creio que todas elas vivessem de acordo com a mesma "postura" e tomassem a mesma decisão, ou fizessem mudanças no mesmo sentido.
Umas radicalizariam, outras ficar-se-iam por uma cómoda e equilibrada solução de compromisso, outras ainda recuariam.
Qualquer destes “estados de situação” provocariam danos, uns maiores outros menores… enfim. Lógica da batata e tudo isto para dizer que não é possível teorizar sobre a decisão correcta, pegar num dos exemplos, que logicamente ou idealmente seria o mais correcto, definindo-o dessa forma, como o acertado, "aquele" exemplo, analisando todos os outros à semelhança deste, afirmando que, se houvesse isto ou aquilo, o resultado seria aquele ou aqueloutro.
Resultados categóricos ou padronização de resultados só mesmo em ciências exactas e mesmo assim…
Por outro lado e como refere, e muito bem, a Bleu: “Os filhos [como variadíssimas outras coisas] justificam decisões quando as pessoas não querem [sublinhe-se querem] mudar as coisas”... e dai, não tem nada a ver com ter ou não ter maturidade.
Às vezes apetece-me dizer que tudo isto não é mais do que uma questão de honestidade [interior e com o outro, na relação]. Assim como, por vezes, de egoísmo e de desencontro pelo meio. Mais nada.
Enfim, calo-me pois, ou mt me engano ou o comentário está já maior que o post e esta casa não é a minha ;)
Bjs, tb para todas as pessoas corajosas, determinadas e apaixonadas (como eu gostaria de ser mas não sou, e quem diz a verdade não merece castigo).

Anónimo disse...

Obrigada pela ponte, estrada, "ligação directa" lá para o sítio das margas escuras à beira do mar :)
Bj

wind disse...

Sábias palavras as de Blue:)

Always disse...

SK,

Vou dizer aquilo que estás à espera: estás a ser do contra... mas percebo porquê. LOL

Deixa-me só esclarecer que este meu post não reveste a posição da Blue de validade universal. Penso que isso não transparece em momento nenhum do que escrevi. Não há verdades verdades absolutas e inequívocas para toda a gente, o Einstein explica bem porquê. Mas isso seria outra discussão que nada tem a ver com as intenções do post.

Aquilo que me pareceu importante foi destacar um testemunho pelo esforço de honestidade implícito na decisão da Blue de 'mudar de vida' e porque reconheço coragem nesta decisão que, seguramente, não é fácil para ninguém, muito menos para ela mesma.

Quando falo em maturidade e coragem, portanto, refiro-me à capacidade de avaliar e assumir a verdade interior, sobretudo quando essa verdade não é pacificamente aceite pelo mundo à sua volta.

De resto, salientei um exemplo positivo. Eu vivi a experiência contrária, por isso sei, perfeitamente, que, quando as pessoas querem arranjam justificações e quando não querem também - sejam os filhos, a família, o trabalho, o estatuto, etc. Tudo se explica, sejam justificações válidas ou não - também aqui tudo é relativo. Só muda quem quer, de facto, mudar, por si próprio por uma questão de verdade e honestidade.

Não pretendi explicar o que é 'a decisão correcta'(quem sou eu para apontar direcções). Nos comentários que aqui deixei apenas destaco algumas das razões que justificam a decisão contrária porque a vivi e posso dizer, com alguma certeza, o que afirmei. Não posso obrigar ninguém a escolher-me nem a amar-me quando não é isso que a pessoa quer na vida. Mas desde que ela seja feliz interiormente com a decisão que tomou, é isso que importa.

Um abraço.

PS - Quanto ao caminho para as prdras, you're welcome! :)

Anónimo disse...

Bom, eu peço realmente desculpa mas eu não pretendia particularizar o meu comentário nem desvalorizar qualquer opção/decisão de vida. Pelo contrário. Como disse, eu admiro, particularmente, os dois testemunhos e as decisões inerentes e dou-lhe o valor de quem não teve nunca a mesma coragem, que sou eu, mas gostaria. Sou portanto daquelas pessoas meio frustradas nalgumas opções que vai tomando, aspirando trata-las com menos racionalidade e dar mais importância ao que o instinto animal/emocional me diz… enfim.

O que pretendia demonstrar na primeira parte do meu comentário, e que confesso que ao ler hoje não se percebe quase nada, é que acredito que é fundamental compreender. Temos de nos afastar (a lógica da objectiva da máquina fotográfica) para compreender. Pq considero que a compreensão é meio caminho percorrido para não nos deixarmos cair num caldeirão de maus fígados e dor, tristeza e estados de rancor, asco, raiva, mas acima de tudo tristeza crónica e inoperância perante a vida que ainda temos para viver, etc..
Confesso que detesto conflitos e detesto mais ainda que, ao invés do amor, as pessoas façam nascer/transforma-lo em rancor, em lamentos que não levam a lado nenhum.
Por vezes, qd me ponho a pensar nisso, chego à conclusão que é porque se está tão focalizado naquele objectivo que nos deixamos levar por tudo qt é negativo. Talvez se compreendêssemos que as pessoas são tão humanas e “instáveis” ou inconstantes como nós (quer queiramos admitir ou não), pudéssemos compreender melhor e não as julgar ao ponto do julgamento se materializar em nós em feridas que nunca cicatrizam.
Ao centramo-nos tanto, quer nos casos particulares, quer nos sentimentos negativos, nunca mais saímos dali, de um buraco de ar rarefeito e insalubre que nos faz mal ao sangue, ao invés de sair dele e começar a olhar para ele de cima, do ar, e cada vez mais longe.
Para rematar pois tenho de trabalhar (que o patrão não me paga para isto :D) eu tb sei o quanto custa estar do lado de quem sai mt magoado, o quanto dói, e raios que dói imenso… mas o luto tb tem de acabar e ninguém merece que desperdicemos o resto dos dias a olhar para “esse buraco”.
Bjs

Anónimo disse...

Se calhar tb sou eu que estou para aqui a tentar justificar os meus defeitos e as minhas incapacidades… Pode bem ser, por isso, é melhor dar o devido desconto aos comentários.

Anónimo disse...

Mas sk não desvalorizes o que sentes nem as tuas palavras porque elas também têm a sua verdade, que é a tua verdade.

Eu quebrei um laço muito duro de quebrar, um laço que durou muitos anos pleno de eventos, sentimentos, acontecimentos alguns bons outros maus. Eu sei porque tive que o fazer, porque senti que tinha mesmo que ser, mas como é óbvio havia outra parte que neste momento me odeia por tudo o que eu fui capaz de lhe fazer depois de tantos anos de vida em comum. Deixar alguém que ainda nos ama é terrivel, e a culpa que ainda sinto por ter falhado essa relação ainda é muito grande e se calhar nunca conseguirei pôr uma pedra sobre esse assunto.

Para muita gente eu fui brutalmente egoísta, mesmo para pessoas que sabem porque é que eu senti que tinha que mudar de vida. Muita gente acha que eu devia ter-me sacrificado, aguentado em nome do passado e em nome das minhas filhas. Mas eu não fui capaz de ficar. Quem sabe o que é correcto ou errado? Eu não, sinceramente não sei. Fiz o que achei que tinha que fazer, porque é mesmo assim que eu sou e porque não conseguiria estar com ele fingindo que estava tudo bem. Não tenho capacidade de ocultar nada de ninguém mas sinceramente te digo que não sei se isso é positivo ou negativo. Há muita gente que lida mal comigo por eu ser assim, brutalmente honesta.

E quem sou eu para julgar seja quem fôr... não escondo de ninguém que passei tempos muito conturbados, inclusive andei em psiquiatras que me diagnosticaram uma "depressão crónica" e me entupiram com comprimidos... acho que bati no fundo mesmo... mas felizmente consegui dar a volta por cima, também não sei bem porquê mas acho que ao fim de uns anos já me sinto um bocadinho mais equilibrada e (por vezes felizmente) indiferente a certas insinuações e acusações que certas pessoas ainda me fazem.

Anónimo disse...

Blue (Always, perdoa-me a intromissão)
Concordo inteiramente contigo. Se eu não amo uma pessoa que tem estado a meu lado, pq é que eu hei-de continuar com ela?
Pq hei-de priva-la de viver uma relação de amor verdadeiro, recíproco e verdadeiramente gratificante? Apesar de fazermos sofrer, e de sofrermos.

Está certo e não acho que seja egoísmo. É honestidade. É uma decisão “adulta”. Certo!
Apesar de doer, é compreensível, há uma razão objectiva e sólida. E está explicada.
E podem haver outras razões objectivas e sólidas, umas mais legítimas, outras não.
Seja como for, ou há ou não há razões, e ou se toma a decisão ou não. Ponto.

O problema é quando não há razão aparente para tomar essas decisões. Mas até aí tudo bem, embora cause ainda mais dor em quem está do outro lado (pq é difícil ou impossível compreender, e pq por vezes é de chapão). Foi tomada a decisão de quebrar os laços e há ruptura.

Porém, qd esta decisão não é tomada com honestidade, para connosco e para com o outro, isto é, qd se toma a decisão, mas parece não se querer tomar, qd se deixa o outro que sabemos que nos ama “pendurado” à espera… já não acho que seja correcto nem legitimo.
Parece que nos dizem: olha espera aí que eu vou ali experimentar outra coisa e pode ser que volte. Espera por mim…

Ludibria-se e joga-se, pq sabemos que temos o jogo todo na mão. Isso é desonestidade, inqualificável e da pior espécie.
E aí duvido do amor, desse amor prometido e frio.
E bem… Eu acho que este assunto dava uma noite bem comprida de conversa, pq realmente as variáveis e as situações são imensas… já estou a falar de coisas completamente diferentes do que falei anteriormente :)
Mas, como vês a minha compreensão tb vai até certo limite.

Assim, Blue, admiro a tua coragem. Não me cabe a mim qualificar decisões, julgar, etc. Tomara eu que não me julguem a mim. Já me dou por satisfeita.

Se eu pudesse, se me tivesse cabido a mim criar o mundo e as relações humanas, teria criado de outra forma :) mas não fui eu nem posso mudar nada, claro está :)
Bj

Always disse...

SK,

Em resposta ao teu comentário, devo começar por dizer que sinto que fui mal interpretada.

Não estou a julgar ningém com a publicação do testemunho da Blue, estou apenas de salientar que existem pessoas diferentes e opções diferentes. Não sou ninguém para julgar as acções das outras pessoas. Não sei sequer o que é uma decisão acertada, depende do ponto de vista e do contexto. Tenho infindáveis defeitos como toda a gente e, mas há um que sei que não tenho que é julgar os outros. Só falo da minha situação porque a vivi e sei a intensidade do que vivi e como acabou. Posso avaliar só e apenas isso.

O meu post serve apenas para mostrar uma outra perspectiva de alguém que me explicou um ponto de vista diferente daquele que eu conheço e senti na pele. Não há pessoas iguais é certo, mas é a diversidade que enriquece o diálogo e faz o mundo avançar.

Não sou corajosa nem aventureira. Não exijo mais do que aquilo que dou. E, ao contrário do que julgo perceber nos teus posts, não estou a transformar amor em rancor nem a a destilar ódio nem raiva, pelo contrário. Não desvalorizo a pessoa que não me quis, não lhe quero mal e compreendo as razões delas. A minha dificuldade não é compreender - sou uma pessoa demasiado racional para não me colocar no lugar do outro e tentar perceber. O meu problema é que as razões não me foram devidamente explicadas e o pouco que me foi, objectivamente, dito não me convence. Ou seja, não tenho de aceitar como válida uma posição que não foi sequer discutida comigo, uma das partes interessada. Sei que não posso fazer nada contra isso, que não posso alterar a cabeça de ninguém nem obrigar alguém a fazer o que não quer. Por mais que eu quisesse, ela não quis.

Não é um lamento o que estou a dizer, porque eu não tenho pena de ninguém, muito menos de mim própria. O período de luto é variável de pessoa para pessoa. O tempo acabará por mudar o ângulo de focagem. Mas o meu ritmo é este e não posso apressar as coisas, sob risco de recalcar coisas que, mais tarde, terão consequências negativas na minha vida e na de outras pessoas com quem me relacionar.

Anónimo disse...

Certo.
Então eu repito: não estou a julgar ninguém, falei maioritariamente no abstracto e exprimi a minha opinião sobre algo que conheço mt pouco.
Assim sendo, nem poderia ser de outra forma, pq realmente não conheço o suficiente para falar em concreto.
Quis abrir janelas e contribuir para o diálogo e para algo positivo.
Não me compete julgar nem absolver ninguém.
Aceito os vários pontos de vista que aqui estão e vou concordando com eles.
Lamento se as minhas palavras magoaram alguém. Estava longe de querer isso. Muito menos de julgar o que fosse.
Os meus comentários foram no sentido de mostrar que as pessoas são diferentes, que existem vários pontos de vista, tantos quanto o número de realidades individuais.
Toma o tempo que quiseres para esse luto. Há paciência para esse tempo todo, seja ele qual for :)

Always disse...

SK,

Eu percebi a tua intenção. :) Não tens nada para pedir desculpa, prezo a tua opinião e tu sabes que sim. :)

No fundo, estamos de acordo se pensarmos em abstracto - não há nada que tenhas dito com o qual eu discorde intrinsecamente. São duas verdades aceitáveis, dependendo da ângulo em estiveres colocada. Eu conheço os dois lados da questão. Sei como nos sentimos em cada um deles.

Se particularizei demais (enfim, o blog inteiro é uma imensa particularização), é porque valorizo o meu sentimento. Não o faço para julgar a outra parte. Nada do que eu faça, diga ou pense vai fazer diferença e muito menos alterar seja o que fôr. Não tenho nada a ganhar como não tenho nada a perder.

A minha intenção, desde o início, foi mostrar que as pessoas são diferentes e vivem as coisas de forma diferente e, ao fim ao cabo, é o que tu dizes também. E como também referes, existem muitas realidades individuais, tantas quanto os pontos de vista. Pegando na mesma lógica te digo que, concordando e/ou discordando, abres sempre janelas e contribuis sempre para algo positivo, por isso te agradeço-te este diálogo.

A verdade é múltipla - há a tua, a minha, a da Blue e a de todas as outras pessoas que existem no mundo. A 'decisão certa' é aquela que me faz mais feliz (sublinho 'mais feliz', o que é diferente de 'menos infeliz').

Obrigada pela paciência que tens comigo! :)))

Beijo.

Always disse...

Blue,

Tenho uma pergunta para ti:

Custou-te obviamente desistires de um casamento de anos (com duas filhas) e de tudo quanto construiste (porque desististe de muito mesmo!). Mas desististe porque não podias sustentar mais a situação de viver numa mentira. Não te era suportável. A tua decisão teve graves consequências, que mais não seja pela culpa de estares a privar as miúdas de um pai que sempre foi exemplar e bom marido. Tal como dizes viveste mal por uns tempos, e sozinha (porque mudaste por ti e não pela pessoa por quem te apaixonaste que não te prometeu nada), pelo impacto da tua decisão nos outros e em ti.

A minha pergunta é: e se tivesses mantido o casamento e a fachada da 'família feliz' terias paz de espírito? Sentir-te-ias melhor, mais equilibrada e menos deprimida? Até que ponto aguentarias o teu equilíbrio interior a viver com um homem que deixaste de amar porque, aos 37 anos, inesperadamente, te apaixonaste perdidamente por uma mulher? Ou seja, não sofrerias também as consequências dessa situação ao fim de algum tempo? E o risco de um dia virares a tua frustração para a relação que tens com as tuas filhas, responsabilizando-as pela tua infelicidade e pela obrigação de manter um casamento que te deixou de fazer sentido?

Parece-me que ambas as decisões implicam elevados custos. Mas pelo menos, no que decidiste, foste honesta contigo mesma, não te mentes nem mentes a ninguém, e as tuas filhas, quando forem mais velhas e souberem, entenderão a mãe porque essa confiança e segurança constrói-se na boa relação que tens elas e não será o pai que destruirá esse elo a que te dedicas com tanto amor e carinho.

Um beijo grande.

Anónimo disse...

"A minha pergunta é: e se tivesses mantido o casamento e a fachada da 'família feliz' terias paz de espírito?"

A minha resposta à tua pergunta é não. Porque sou eu, porque me conheço, porque sei bem aquilo que consigo ou não manter ou suportar. Porque no dia em que senti que tinha deixado de o amar não fazia mais sentido continuarmos com a fantochada. Não tenho jeito para actriz e também sei as coisas às quais eu dou valor. Por exemplo a parte material a mim pesa pouco ou nada. Claro que preciso de dinheiro para viver e sustentar as minhas filhas, mas isso não passa à frente da minha vontade de viver em paz comigo própria. E era possivel que as maiores prejudicadas fossem as miudas e não me perdoaria nunca se sentisse que a minha frustração estivesse de alguma forma a transbordar para cima delas.

Mas cada uma sabe de si não é?... Cada pessoa é que sabe aquilo que valoriza e isso é seguramente diferente para todas nós... E a vida é uma merda quando nos deixa tantas pontas soltas... mas nós temos que seguir em frente e tentar focar-nos no futuro, ou pelo menos no presente, seguramente não no passado!

Beijo grande!

Always disse...

Obrigado pela tua resposta que eu já sabia. Perguntei para deixar claro alguma ponta solta que existisse por aí.

Cada um sabe de si e aquilo que valoriza, dizes bem. E somos multidimensionais, existimos em muitas realidades diferentes ao longo da vida.

Um beijo grande.

Always disse...

SK,

Fiquei apensar nesta parte do teu comentário:

(...) Porém, qd esta decisão não é tomada com honestidade, para connosco e para com o outro, isto é, qd se toma a decisão, mas parece não se querer tomar (...) ludibria-se e joga-se, pq sabemos que temos o jogo todo na mão. Isso é desonestidade, inqualificável e da pior espécie.
E aí duvido do amor, desse amor prometido e frio.


Bem visto.
Eu aqui abstenho-me de fazer um comentário que seja. É, exactamente, nesse ponto que ponho em causa o amor da outra parte: existiu realmente ou foi apenas um truque de magia?
Nunca saberei.

Bjo

wind disse...

Adorei estar aqui a ler-vos:)
Gosto de debates e de pessoas inteligentes:)

Always disse...

Wind,

'Pessoas inteligentes'... Obrigada pelo piropo! :)

Bjo

Anónimo disse...

Vinha comentar e fiqeui tão entretido a ver este delicioso debate que até me esqueci do que queria dizer. Mas digo que a vida é curta demais para nos dar-mos ao luxo de abrir mão da nossa felicidade. Eu falo por mim, fartei-me de viver em função dos outros.

Always disse...

Special K,

Falas por ti e penso que por toda a gente que aqui se pronunciou posso garantir-te. Foste muito a tempo de ser um homem de coragem e verdadeiro contigo mesmo. Ninguém deixa de gostar de nós por escolhermos a verdade de nós mesmos.

Gostava muito que toda a gente entendesse que não se pode viver em função das expectativas dos outros porque, mais tarde ou mais cedo, vai pagar-se um preço elevado que é o desgaste interior e a frustração de não sermos por inteiro. E isso tem, também, consequências na nossa forma estar no mundo à nossa volta, embora alguns acreditem que o melhor é mentir e continuar o teatro para deixar toda a gente contente, como se outros fossem estúpidos e não percebessem nada de nada.

Um beijo para ti.