Saí à pressa de casa. Deixei coisas por fazer, desarrumadas, e outras tantas espalhadas pelo chão. Nem sei se me vesti completamente, nem reparei em nada a não ser nos ponteiros do relógios em nítida provocação. Saí à pressa de casa. Não sei se fechei a porta, se apaguei as luzes nem sei se trago comigo as chaves da porta para poder entrar logo mais à noite. Sei apenas que trouxe as saudades que tenho tuas porque me estão debaixo da pele, inevitáveis, constantes e incómodas como sal numa ferida. Corro pelo dia fora em carne viva, com a ansiedade de quem não sabe se o dia terá fim. Já passaram muitos dias desde que somos uma mas continuo ansiosa à espera de voltar-te como a vida que me corre nas veias, em tudo em que me cumpro e nos descubro em certeza e sentido.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Em contra-luz
Quando olho para o chão por onde ando encontro duas sombras paralelas debaixo do mesmo sol. Tu e eu. Quase inevitavelmente sigo às cegas as linhas que sei confluirem num mesmo ponto. Nós. Não estranhes a geometria descritiva de um percurso que não sabemos mas sentimos há muito tempo como nosso. Confia na sombra que segue à nossa frente com a certeza de saber por onde vai. Confia no movimento do sol que, dia e noite, se mantém num céu radioso, único, desenhado pela cintilância do que nos vem de dentro de forma tão inevitável. Temos a sorte de ser luminosamente recíprocas em qualquer estação do ano. Temos a sorte de termos um astro de luz na alma que nos descobre um mundo inesgotável que o Amor organiza à sua própria vontade.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Indisponibilidade
Caminho apoiada numa certeza que dá pelo teu nome. Se somos aquilo que sentimos, aquilo que sinto é absoluto e concreto, mesmo quando o chão é feito de areia e os pés me fogem, desarticulados. O meu caminho és tu em todas as direcções, mesmo naquelas em que me imaginas secreta, omissa ou apenas silenciosa. O que sinto e que te escrevo é o meu caminho definido pelos contornos que o Amor lhe desenha todos os dias, desde o dia que nascemos lado a lado. Pudesse eu ser mais concreta e definida para que me sentisses por inteiro neste desígnio que assumo tão completamente... Perdoa-me pela falta de palavras que me expliquem mais consistentemente. Perdoa o que falho em dizer, mas acredita na grandeza do que sinto sem limites de espaço e tempo, porque eu sou onde estiveres comigo, em qualquer parte ou mesmo num não-lugar.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Mundo insuficiente
Não acho que o mundo tenha sido feito para nós. Não foi. Importa navegar pelo tamanho das ondas e não esperar o que procuramos, importa partir do nosso lugar e encontrar ilhas para sentir e querer mais do que o mundo nos mostar. O mundo não foi feito para nós. Importa, no peito, a coragem rumo à dor que houver para vir e dar sentido à viagem do que em nós temos por descobrir. O mundo não foi feito para nós. O mundo é feito por tudo o que somos capazes de alcançar, pelas ondas que persistem como vontade de navegar. Importa, antes de morrer, saber que tocámos quem nos tocou, que agarrámos o que sentimos e quisemos segurar. Partir em paz é ter, na alma, uma paixão alimentada por Amor. Viver é esculpir o mundo à nossa medida, dar-lhe a forma dessa paixão que nos segura, lado a lado, num imenso mar que somos nós numa só.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Já te volto, Amor
Hoje de manhã tropecei num dia cheio de cores e fiz estragos por toda a parte onde passei. Os lençóis estão manchados de tons alegres e vivos como a intensidade dos nossos corpos um no outro. O tapete deixou de ser monótono, porque a cor explodiu sobre ele de uma forma rebelde e transformou-o num organismo quase vivo e cheio de opinião, acho até que andou a passear pela casa enquanto nós, pele na pele, viajávamos uma na outra. Pelo chão, manchas de tinta de cores diferentes desenham contornos que imagino serem os teus passos misturados com os meus, numa abstração perfeita que condiz harmoniosamente com a sintonia de duas pessoas que foram Uma durante toda a noite. As paredes desapareceram e deram lugar a quadros que nos observam e interagem numa espontaneinade surpreendente e impossível de descrever. Por todo o lado tudo é cor, a casa, o carro, as minhas mãos, os meus olhos nos teus. Esta noite acordámos todas as cores do mundo e pintámos um dia bonito por todo o lado. O Amor é esta forma abstracta de te procurar e de te encontrar de surpresa aqui, agora e daqui a um bocadinho, ou mais logo, ou ontem... amanhã, sempre. O Amor é esta capacidade de rir, escrever cartas cheias de histórias e tropeçar em tintas de cores diferentes sem medo de sujar o chão.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Paixão da alma
Sinto os olhos em estilhaços e a alma um pouco desfocada e vascilante, debaixo de vento forte. Passou por mim uma imensa tempestade. Não caí. Estou agarrada a uma ideia que é, no fundo, o meu sentido de existência. Uma ideia que me salva e que me organiza, mesmo quando os olhos se partem em pedaços e se espalham pelo chão. Não sei desistir da ideia do Amor. Não desisto dessa paixão que me alinha os dias desde que te encontrei. Não desisto de acreditar porque sei que existes e, sabendo que és, eu existo para ser contigo. Trago em mim esta ideia, como parte de mim mesma, a segurar-me o corpo, a alma e o coração contra a fúria das tempestades. Pode alguém desistir de uma ideia que nos materializa o sentido da vida? E se o Amor é a vida, pode alguém desistir da ideia apaixonada de amar e ser amado? Não. Não imagino o amor sem esse estado de paixão pela vida, essa urgência por quem se ama em estado de permanência no pensamento. Se é demais, não sei. O que sei é que a ideia apaixonada do amor que te tenho é sangue e oxigénio que me anima e me torna consistente. Desistir de viver apaixonadamente esta ideia não é possível.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Recados
Quase sem dar por nada, encontrei um recado num bolso que nunca reparo que existe. E, porque hoje reparei, procurei-lhe sentido e encontrei. Era um recado simples, algo que escrevi para me surpreender a mim mesma no futuro. Fui à procura de outros bolsos de roupa e sacos e neles encontrei notas e apontamentos que falam de ti, de coisas soltas nossas, de instantes únicos e impressões de alma. Há pedaços nossos em todos os compartimentos, gavetas e bolsos interiores. Fui escrevendo em toda a parte para depois lembrar. Parece que escondi para descobrir e recordar. Não me lembro de o ter feito, mas há recados de nós por todo lado, de ontem, de hoje, e se procurar bem, de amanhã também. Lembro-me do que está escrito, passado, presente e futuro. Percebes agora porque passo tantas noites sem dormir? Para espalhar recados nossos, mensagens importantes sobre o Amor que nos viu nascer e se escreve a si mesmo nos cantos e recantos da casa onde somos incondicionalmente sempre.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
No fundo do mar
Hoje espreitei o fundo do mar e senti-me pobre por viver à superfície. Aqui, sentada no conforto e abrigada da chuva, desejei ser peixe das profundezas, irresistivelmente luminoso numa escuridão sem fim, apenas quebrada pela vida desses reflexos de luz. Hoje deixei-me seduzir por esse mundo de diferença, onde tudo é ao contrário do que aqui existe ao sol. Porque a diferença seduz e torna tudo mais encantador. Foi assim que te vi pela primeira vez, como se fosses o fundo mar, onde eu nunca fui mas onde presssinto a vertigem e a sedução hipnótica da diferença, do desconhecido. E assim te vejo hoje quando nem suspeitas que estou a olhar. Gosto tanto da forma como me encantas sem saberes, nesses instantes em que te visito no fundo do mar.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Folhear o chão

Barry Green, Japanese Maple in Autumn 3, 2006
Hoje, quando acordei, havia um enorme silêncio no mundo inteiro e eu estranhei mas não soube explicar. Quando olhei à minha volta, por todo o chão do quarto havia folhas secas, caídas, imóveis à espera de vento que as levasse. Estranhei mas não soube explicar. As paredes continuavam brancas, as portas abertas e havia luz tímida e indefinida a entrar pela janela, mas, no quarto, apenas um chão de folhas se percebia, até a cama tinha desaparecido. Estranhei mas não soube explicar. Procurei-te um beijo como todas as manhãs mas encontrei a tua ausência como almofada. Estranhei e, só então, percebi o vazio que me visita quando o Amor não está em casa. Percebi que, durante a noite, coleccionei os milhares de folhas secas que jazem pelo chão, para escrever nelas frases soltas de histórias nossas, memórias, fragmentos de momentos que nos estão debaixo da pele. Escrevi também o teu e o meu nome em todas elas e não me lembro de ter dormido realmente. Quero mostrar-te cada uma das folhas quando chegares, para que acredites que me fazes falta, que a tua ausência é um silêncio imposto ao mundo, que as saudades são folhas mortas cheias de histórias de vida interior que transbordam o coração. Fica sempre comigo, mesmo que a vida se nos acabe fica em mim como tu, em mim, estás sempre.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Vivacidade
E por entre o que caminhamos, em cima e debaixo do chão, a vida impõe-se na sua espontaneidade florida, indiferente ao nosso humor, cheia de sentido. Quase milagrosamente passamos de um estado ao outro, de baixo para cima, na contemplação dessa força maior e inexplicável. Porque a vida é vontade e a vontade leva-nos onde quisermos se quisermos, de facto, lá chegar. Porque a vida é acreditar numa ideia e cultivá-la resistente, amadurecê-la e crescer com ela e por aquilo que nos é essencial. Ideias simples e identificantes de centralidade e pertinência, como o Amor. Esgota-se-nos a vida no dia em que perdermos a ideia de centro e divagarmos na secundaridade de linhas concêntricas. Como eu, já pensaste nisso certamente, por isso caminhamos de mão dada o permanente milagre da vida de um amor correspondido.
domingo, 12 de setembro de 2010
Formas condicionais
Se eu pudesse punha-te dentro de um frasquinho portátil e levava-te comigo para todo o lado, se tu quisésses, claro. Se fosse possível tu e eu seríamos indivisíveis e assim não haveria horas mortas entre nós. Se tu quisésses, claro. Se pudesse ser, seríamos corpo e alma uma da outra e ocuparíamos exactamente o mesmo espaço visível e invisível, se tu quisésses, claro... Se eu pudesse abreviava estes condicionais que nos dividem em duas pessoas distintas e, sendo duas, seríamos uma. Se tu quisésses, claro. Temos o sempre do nosso lado e o Amor para vencer as condições do humanamente impossível.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Festejar-te
E os anos passam e nós por eles navegando. Hoje, que é o teu dia, quero chegar, partir e voltar sucessivamente, numa viagem sem fim, a ti e contigo e desejar que passes por muitos anos e que eu navegue no mesmo mar, ao sabor do mesmo vento que nos empurra o coração na aventura de um amor infinito. Seguimos em frente, amarradas pela mesma corda robusta, cujo nó não desata porque, na nossa viagem, o sempre é um destino. PARABÉNS!
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Mais e mais de perto
Por um instante, deixa-te ficar aqui, sentada ao meu lado, sem fazer nada, como se o tempo não existisse para além deste momento em que eu desenho a verdadeira extensão do mar com o horizonte de olhos que não alcançam mais do que o preciso lugar que ocupas dentro e fora do corpo. Não te mexas, deixa-te ficar assim, quase imóvel para além do respirar, para que tudo seja exacto, feito por medida, a nossa medida. Deixa-te estar, descansa por um instante e imagina os mil mundos que estão para além deste nosso ponto de fuga. Imagina tudo quanto existe e mais aquilo que podemos descobrir. Imagina tudo isso e mais aquilo que não cabe na nossa imaginação. É muito, não é? Respira fundo e anda, levanta-te, vem daí comigo até onde podermos ir com o desejo de infinito no coração e o Amor a puxar-nos pela mão. Meu Amor, nunca te canses de ir até longe comigo.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Recapitulando

No outro dia, enquanto tu não estavas à distancia de um abraço e eu ficava suspensa no contar dos dias, entrei no carro, no fim do entardecer, ausente do mundo a minha volta, e deixei-me surpreender por um pedaço de sol e gratidão da natureza reflectidos no meu retrovisor. Fiquei quieta com receio de desmaterializar o momento que me espreitava do lado de fora do vidro traseiro e, só a custo, acordei a ideia e recuperei o gesto para poder guardar a imagem dessa liberdade e sintonia que só existem na natureza e nos afortunados que experimentaram o amor pleno. Quando penso em ti, consigo definir dois ou três conceitos primordiais que nos distinguem enquanto espécie humana: amor, felicidade e vida. Não por lógica ou pensamento inteligente, mas porque sei que, contigo, aprendi coisas essenciais e porque, hoje, sou maior, muito mais e melhor graças ao que consegui aprender desde o momento que nos descobrimos uma na outra. E os dois ou três conceitos que julgo saber definir acontecem inseparáveis, vivo-os num só, porque se implicam reciprocamente. A vida não existe sem Amor e quem não ama não pode ser uma pessoa feliz. Porque o Amor é o princípio de tudo e o infinito da vida. Porque a felicidade é o estado que se alcança quando percebemos a importância dos braços que nos amam à nossa espera. Porque nada vale a pena sem esse sentido de dádiva desinteressada e livre. Porque a vida é, acima de tudo, um acto de amor. Não se vive em desertos áridos e num coração vazio e moribundo cabem todas as pessoas infelizes do mundo. És em mim esta clarividência das coisas.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Pulsar

Gerla, Dreaming of a white christmas, 2009
O amor não é uma planície a perder de vista. O amor não é um horizonte plano onde não se passa nada para além da luz que alterna a noite e o dia. O amor não é um traço contínuo numa estrada nem uma linha recta geometricamente calculada. O amor não é branco que não é cor nenhuma mas ausência dela. O amor não é uma esfera, monótona, sem pontas por onde pegar. O Amor é uma montanha, alta, íngreme e agreste que nos faz olhar para cima e nos desafia a subir, na esperança de tocar o céu com a ponta dos nossos dedos e sentir os pés vitoriosos sobre a vertigem da escalada. O amor é um pedaço de gelo cheio de arrestas e muitos lados, uma forma prismática de perceber quem somos, o que vemos na complexidade dimensional que nos estrutura a existência. O amor é uma parede rugosa, irregular, viva e de personalidade difícil que não nos deixa encostar, que nos incomoda e nos faz reparar em coisas que nem suspeitamos em paredes lisas. O amor é velocidade, é cor, é estado líquido e estado sólido alternados e em simultâneo, é fogo e gelo, como uma ilha islandesa mais do que qualquer outro lugar no mundo. É um livro sem texto permanente, que se escreve a si próprio sem nunca chegar ao fim. Porque o amor é selvagem, cheio de tempestades, um movimento em espiral que nos leva numa viagem alucinante dentro e fora de nós. O amor é o infinito matemático, as casas decimais intraduzíveis. Amar é perceber que o Amor é acima de tudo um ritmo, um pulsar, um coração que bate, o milagre da vida na sua complexidade microscópica em que tudo se transforma, tudo evolui. Tu e eu somos vida, o reboliço que nos vem de dentro é Amor. Nem mais nem menos do que este perpétuo movimento de uma em direcção à outra. Sempre sem parar.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Menos é mais
Reagindo à hiperemotividade e ao expressionismo abstracto da arte dos anos 50 e 60, o despojamento e a simplicidade do minimalismo deixa-nos perceber que menos pode ser mais. Não sei porquê, esta paisagem mergulhou-me no conceito como num sonho de pura objectividade...
'O minimalismo não se refere directamente ao conceito de "pouco", e sim de ampliar a essência do que realmente é importante, chegando ao ponto de tornar todo o restante dispensável perante o verdadeiro foco da criação, podendo ser dito como a redução da variedade visual numa imagem.' (Alexandre Aguirre)
terça-feira, 25 de maio de 2010
O todo pelas partes

A superfície de todas as coisas é feita de várias camadas. Todas distintas em testemunho de espaço e tempo específicos, como impressões digitais das experiências que nos constroem, umas boas, outras más, outras nem uma coisa nem outra porque não as recordamos com o pormenor de quem aprendeu algo pertinente. Camada sobre camada vamos construindo a pessoa que somos. O interior vai ficando cada vez mais para dentro, longe do que se vê de forma descuidada. O centro esconde-se sobre camadas de muitas coisas diversas, às vezes incoerentes, que reforçam ou condenam a essência pelo que condicionam a nossa forma de existir e ser no mundo dos outros. A superfície não nos define nem o meio nos explica simplesmente. Somos a soma do que trouxemos connosco ao nascer e o que nos vamos sobrepondo em camadas. Nem sempre fazemos sentido e muito raramente somos por inteiro as competências acumuladas. Mareamos por entre a expectativa dos outros e a nossa vontade. No fundo, a nossa maior liberdade é o espírito de contradição.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Na soleira
À minha porta cresceram três flores de um rosa quase lilás que me impedem de sair. São inesperadas como o tempo mas estão lá, a marcar território, abertas ao vento e contentes, parece-me, por viverem mesmo em frente a uma porta, como um bom presságio ou um pensamento feliz à nossa espera do lado de fora. Não posso deixar de assinalar o inesperado e a falta de propósito da natureza que, de uma vasta porção de terra verde e fértil, escolheu um espaço limiar para se expandir por sua conta e risco.
terça-feira, 11 de maio de 2010
Antinatural
Hoje, que não é sábado nem feriado, apetecia-me organizar as coisas e partir como na semana passada. Voltar de férias é tudo menos motivador... O egoísmo de ter os dias feitos por medida é um prazer supremo que a 'alegria do trabalho' não consegue igualar. E aqueles que dizem que 'adoram trabalhar' são loucos ou não têm vida para além daquela que o ambiente de trabalho proporciona – não são ninguém, apenas uma ilusão que se mantém em horário de expediente. Ser o dia inteiro implica uma liberdade rara, um luxo, algo só atingível pelo dom da contemplação. Há ruído por toda a parte e distracções por todo lado - estamos demasiado habituados a acreditar que somos o que nunca seremos realmente. A liberdade de ser completamente é um estádio de evolução. Nascemos, morremos: talvez um dia, se tudo correr bem, tenhamos novas oportunidades.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Reticências

Que acontece aos espaços em branco que ficam dos dias? Porque há dias incompletos e horas que não se esgotam totalmente no que esperamos delas. Que acontece a esses intervalos de tempo imaterial? Acumulam como pontos de um crédito impalpável para usar numa outra ocasião de maior conveniência? É confortável a ideia de que existem vazios, intervalos e branco, espaços de tempo disponível, alternativas de voltar a fazer e fazer melhor o que ainda não aprendemos totalmente, o que perdemos ou o que não demos conta que existiu. É importante agarrar essa possibilidade como fruta fora de época que nos desperta maior vontade, porque viver é mais do que tempo contado, universal. A vida é a subjectividade do espaço temporal que ocupamos combinada com o desejo de rosas quando não as possa haver. Se assim não fosse, o universo inteiro seria uma imensa maçada, porque a previsibilidade é cansativa e porque não vivemos realmente se sabemos invariavelmente o que vem a seguir.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Se calhar hospital

Hoje acordei mais envelhecida do que o habitual, hoje dói-me o corpo e o dia pesa demasiado. Deitei-me doente. Durante a noite senti a tua mão cheia de calor aninhar-me e o sono veio e levou-me. Ou então, acordada, esqueci-me de tudo, dos ossos fora de sítio e de nervos inflamados, debaixo da tua mão quente reparadora. Durante o dia, quando o corpo se impacienta dorido, regresso à palma da tua mão quente sobre a minha pele da noite anterior e aí me recomponho e restabeleço a força que preciso para chegar a casa...
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Tu também não

Sou capaz de não ter razão. E tu também não. E talvez ninguém tenha a razão que quer ter porque é essencial acreditarmos em nós mesmos íntegros, sobretudo quando sobramos em fragmentos, onde não cabemos nem sabemos encaixar. Querer ter razão é uma procura de sentido quando nos apercebemos em pedaços, sem nexo, pelo chão. Sou capaz de não ter razão. Sou capaz até de nem saber o que é ter razão. Talvez não conheça, de todo, a razão. Talvez assim me justifique a minha intolerância e o desejo, oblíquo talvez, de razão. Ou talvez não. Talvez queira apenas aprender a reconhecer a razão e não teimar em tê-la simplesmente. Talvez a ti te seja indiferente a diferença, mas para mim são dois mundos à parte e um barco entre eles que não sei equilibrar. Não espero que percebas, entende apenas o esforço do meu querer, em ti e por nós, navegar.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
Parece que é
No fundo, vemos o que queremos, da forma que melhor nos convém. A realidade será outra coisa qualquer, nem concreta nem definida, algo elástico, variável em função de factores inconstantes como a luz, o ponto de observação ou a capacidade cognitiva do sujeito, por exemplo. No fundo, nada do que parece é e de nada do que é realmente temos absoluta certeza. E ainda que acreditássemos na realidade tal como a observamos, erraríamos, porque a verdade é inatingível como a essência do tempo, que só usamos de forma conceptual por uma questão funcional e porque temos absoluta necessidade de medir o universo à escala humana. Porque não sabemos de onde viemos nem para onde vamos. No fundo, a dúvida define-nos como espécie viva. No fundo, a maior parte dos mortais não tem a menor ideia do seu propósito de vida. Respiram apenas um dia atrás do outro. A realidade é o que cada um conseguir perceber de si próprio na sua relação com o mundo. No fundo, o Amor é um estado avançado de percepção do ser.
sexta-feira, 5 de março de 2010
Sobreaquecimento
Tocar o corpo a caminho da alma encontrada. Sentir o corpo com a intensidade da vida que o coração controla. Fundir a alma no mesmo compasso que nos descontrola o corpo. Derreter por dentro a queimar por fora. Ontem é também hoje e assim será deste lado do universo, onde tu e eu somos o espaço infinito de um corpo só.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Capricho da Natureza
Continua a chover por todo o lado. A chuva passeia-se pela rua e dentro de algumas casas, não poucas, também. E de pouco nos adianta a saudade de dias de roupa leve e céu aberto e lento. De nada serve queixarmo-nos do corpo encharcado e cheio de frio que arrastamos todos os dias por entre os intervalos da chuva, vento ou as duas coisas ao mesmo tempo. O Inverno reina no tempo dele, indiferente à indignação humana. E nós queixamo-nos por haver estações do ano umas menos azuis do que outras. Queixamo-nos da falta de água quando a chuva não chove e, quando chove, achamos sempre que é em demasia, convencidos de que sabemos melhor do que a Mãe-Natureza em que quantidades deve vir e ficar o Inverno. Melhor seria preocuparmo-nos em pensar soluções para melhorar o tempo dos homens em vez de dedicarmos os nossos dias debaixo de chuva a discursos inúteis sobre a metereologia, cheios de queixas infantis e caprichosas contra aquilo que realmente não podemos mudar nem alterar de acordo com vontades, jeitos e conveniências... e ainda bem.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Antes de chegar
Ponto de partida, de chegada, ou simplesmente porto de abrigo. Os dias são viagens numa viagem desconhecida. O destino pouco importa, é durante a viagem que acontecemos e que o mundo muda de sítio e nas voltas que o mundo dá multiplicamos a nossa oportunidade de crescer. Ser adulto é assumir a responsabilidade e o compromisso dessa evolução. O erro e o medo fazem parte da viagem, assim como a vontade de descobrir e de vencer os dias pela experiência e conhecimento adquiridos no dia anterior. E do medo se faz força e do erro sabedoria. Durante a viagem podemos escolher viver.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Viver com urgência
Talvez não sentisses frio se te abandonasses à fome de viver e percebesses que o resto da tua vida não começa amanhã, mas ontem ou hoje o mais tardar. Talvez não sentisses frio se te permitisses essa urgência de sangue a queimar por dentro pela falta de tempo a que, inevitavelmente, todos estamos condenados pelo simples facto de nascermos e morrermos demasiado depressa.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Escrever de luvas

Hoje lembrei-me de ir buscar as polaroids que nunca tirámos à gaveta das coisas impalpáveis e publicá-las aqui ou arquivá-las noutro sítio, de acordo com a sua importância. Assim, a olhar para elas, percebo que são muitos os momentos que ocupam este armário a guardar dentro a memória do que somos e do que erámos quando tudo começou. Hoje, sem mais nem menos, lembrei-me de desarrumar a memória e reviver o tempo desordenado. Foi assim que passei o meu dia, não me apeteceu fazer mais nada. Porque está a chover e está frio, refugiei-me no cheiro reconfortante de um móvel de madeira imaginário cheio de coisas nossas quentes, momentos de agasalho de ontem, hoje e sempre, que nos embrulham até que as massas de ar frio, que lá fora sopram os dias, deixem de o ser.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Inesperado
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Horas de gelo

Conto as horas gota a gota, o tempo estende-se, torna-se longa a espera. Reparto os grãos de areia que ficam entre o que eu aguardo e o que me separa. Conto sem fim o fio de areia que vejo esvaziar lentamente minuto a minuto. Espero. E tudo anda mais devagar no tempo em eu espero. As gotas de água que substituem a areia cansada de contar as horas quase se tornam gelo e suspendem o tempo na ponta das folhas das árvores. Tenho as mãos e o corpo frio, porque me fazem falta os teus braços durante as horas geladas que as gotas de chuva prolongam na distância em que não estamos embrulhadas e no tempo que, daqui até aí, nos demora o calor do abraço.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Chão de água
E, caminhando o Inverno, o chão tornou-se água, que abraça os pés em toda a volta, como se fosse essa a forma de fazer entender que assim é mais fácil a caminhada. Aqui e ali encontramos pedras, reais e imaginárias, pequenas, grandes, do tamanho que nós lhe inventarmos à nossa medida. Aqui e ali perdemos o pé e estremecemos. Depois olhamos para baixo. A água continua a embrulhar-nos os pés, como se fosse essa a forma de nos fazer saber que a carícia translúcida das ondas nos faz ver melhor por onde vamos. De resto, pouco importa se o Inverno se mantém invernoso, se a maré sobe ou desce, se o ceú se abre ou escurece. Não faz diferença a quem tem a claridade de saber onde quer ir.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Dentro, uma janela
Nem sempre reparamos nos diamantes que tropeçam no nosso andar. Nem sempre perdemos tempo para contemplar a luz que nos ilumina, não a noite mas os dias por inteiro para além do tempo contado em unidades. Nem sempre estamos há altura de ver mais longe, para lá da matéria em que fixamos o olhar. Nem sempre encontramos a beleza onde ela existe sem senão - pura, translúcida, infantil. Perdemos tanto e percebemos quase tudo pela metade. Os olhos enganam-se e, às vezes, derrapamos numa cegueira continuada. Perdemos. Anoitecemos sem reparar. E o tempo foge mais depressa do que a nossa teimosia. O tempo é curto. Não nos espera. Vem, meu amor, à procura de tudo o que ainda não sabemos, e sabemos quase nada. A casa que construimos é o que nos falta descobrir e o que já encontrámos pelo caminho. A viagem é uma janela aberta virada para os diamantes que guardamos dentro e que nos oferecemos generosamente quando saimos à rua ao encontro uma da outra.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Podemos almoçar?...
Não foi há muitos anos, mas já passaram alguns. Não temos muito tempo, mas temos uma outra vida. Podia ter sido ontem, lembro-me como se tivesse sido hoje, há poucas horas atrás. Podia ser amanhã e eu saberia reconhecer-nos, como me reconheceste da primeira vez. Seria fácil, como foi quando inesperadamente nos chegámos. Seria fácil hoje, amanhã, sempre. Porque há momentos instintivos, como nascer, respirar e morrer. Reconhecer-nos esse instinto de quem se acolhe na manta quente que corpo e alma sempre precisaram e nunca antes desse dia nos embrulhou, é renascer, crescer e viver. A vida só existe nesse acto instintivo que reconhecemos como Amor. Foi neste dia que te conheci e, reconhecendo-te, conheci-me. De forma inesperada, aprendi a respirar e a correr riscos pelo prazer de viver. Viver é amar-te e continuar a reconher-nos todos os dias.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
A dimensão do básico
Espaço básico, a dimensão do que somos dentro de nós e não o espaço que apropriamos. Espaço básico. As fronteiras são por dentro e por dentro o espaço tem o tamanho da alma que nos anima. Na alma tenho-te a ti e a fronteira do que te quero não tem fim. O espaço básico do meu querer é um infinito de nós, sempre em frente um horizonte sem longe em que o abraço em que nos embrulho tudo torna perto aqui e agora. Neste espaço básico em que te enlaço não existem recantos abertos ou pontos de fuga. Tudo é amplo, tudo é desejo de mais. Maior e mais além. Porque nada limita o tamanho do coração. O que somos dentro do espaço que a vista não alcança, tem a grandiosidade de todas as coisas impossíveis de medir numa escala precisa. O que sentimos é palpável como espaço básico de existência. Por dentro existes como minha vontade infinita de vida.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
A culpa é da vontade, amor da minha vida
Uma canção que não me sai da cabeça quando penso em ti. 'A culpa é da vontade que vive dentro de mim e só morre com a idade, com a idade do meu fim':
A culpa não, não é do sol
Se o meu corpo se queimar
A culpa não, não é do sol
Se o meu corpo se queimar
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te abraçar
A culpa não, não é da praia
Se o meu corpo se ferir
A culpa não, não é da praia
Se o meu corpo se ferir
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te sentir
A culpa é da vontade
Que vive dentro de mim
E só morre com a idade
Com a idade do meu fim
A culpa é da vontade
A culpa não, não é do mar
Se o meu olhar se perder
A culpa não, não é do mar
Se o meu olhar se perder
A culpa é da vontade
Que eu tenho de te ver
A culpa não, não é do vento
Se a minha voz se calar
A culpa não, não é do vento
Se a minha voz se calar
A culpa é do lamento
Que sufoca o meu cantar
A culpa é da vontade
Que vive dentro de mim
E só morre com a idade
Com a idade do meu fim
A culpa é da vontade
ANTÓNIO VARIAÇÕES
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Olhar esverdeado
Ainda está a chover. O verde que a chuva afoga mantém a esperança de que nenhuma estação do ano dure para sempre. Tal como a vida que nelas se vai enrolando e desenrolando, porque nada se perde, tudo se transforma. E não somos mais do que apenas isso - vento, chuva e tempo quente alternados, partes de um todo. E mesmo que a chuva nos incomode, faz parte do ciclo que nos descreve e nos inscreve a vida, passo a passo, como lágrimas entre o céu e a terra. É preciso acreditar que o verde não acaba e que a chuva é o princípio de tudo o que vem a seguir, mesmo quando o céu cinzento nos desanima. O conforto é um intervalo, sem garantia vitalícia. Somos, intrínsecamente, primavera, verão, outono e inverno. Porque a vida é um ano inteiro e não apenas dias combinados.
sábado, 16 de janeiro de 2010
O dia em que o mundo mudou de sítio
Regresso ao passado e celebro o presente. Estou eternamente grata às novas tecnologias que te trouxeram até mim.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Contrastar
Em tudo em nós há sempre uma perspectiva diferente que varia em função do ângulo de abordagem. Umas vezes cheia de tudo, outras errante no nada. Numa e noutra situação, importa dar passos, grandes e pequenos, em busca do que não está ao alcance da vista, mas que sabemos algures no horizonte que nos contempla, numa distância que aumenta ou diminue conforme a nossa forma de olhar. A paisagem e os obstáculos são construções nossas, prolongamentos de nós, do que nos sobra por dentro e não sabemos arrumar. Nem sempre estamos em ordem porque nem sempre temos noção da nossa própria escala. Nem sempre somos nós mesmos, por inteiro, no que temos de melhor. Nem sempre sabemos dar. Generosidade é dar e receber também. Por vezes, falta-nos a calma para fazer entender a nossa disponibilidade. As horas assimétricas que nos desencontram são apenas circunstâncias e não factos. O Amor constrói-nos num espaço e tempo únicos, onde as imperfeições são poeira numa paisagem que nós pintamos de horizonte mais alargado. De resto, os constrastes de luz são o elemento fundamental na definição do quadro. O Amor é luz que aprendemos a misturar.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Horizonte

Os anos passam e o poeta escreveu que para além dos tempos, mudam os ventos e também as vontades; muda-se o Ser e a confiança. Ainda que seja tudo isso verdade, a essência do que somos permanece, e o que somos essencialmente define tudo o resto, para o bem e para o mal. O Amor não muda. O Amor é o amor, a essência do princípio, meio e fim. O Amor é a origem do Ser, o príncipio que nos começa e que não se acaba porque é, por definição, inesgotável. Quando, em nós, descobrimos a capacidade de amar, a vida é sempre um infinito princípio. Não sei explicar essa qualidade humana, mas sei o que sinto e no que sinto os anos não passam, os tempos não mudam nem se modificam as vontades. O Ser muda e com ele a confiança, mas não a essência nem o princípio de vida. E ser adulto é aceitar que não há bem que sempre dure nem mal que não se acabe e amar sempre por igual. O Amor cresce-nos na interiorização da verdade nua do que somos. Não somos perfeitos, nunca seremos perfeitos. Quero que me ames sempre pelo que me sabes, despida de artíficios, despojada e nua. Quero que saibas com absoluta certeza que te amo pelo que és essencialmente e não pelo que julgas ser. Porque, às vezes, dou-me conta que não te conheces tão bem como eu te conheço. E é nesse espaço ou margem que te sobra, em que não te encontras facilmente, que eu semeio e colho os frutos da minha vontade imutável de te amar completamente.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Electromagnetismo

E se desatássemos a correr pelos dias, que imagens focaríamos? A velocidade, por desatenta que seja, tem a vantagem de recriar perspectivas e definir paisagens ligeiramente diferentes da realidade. Se pudéssemos fixar esse intervalo entre o que realmente é e o que julgamos ver, que coisas novas descobriríamos acerca de nós mesmos? Enquanto tento imaginar, para passar um pouco mais depressa pelas horas onde estou agora, dou-me conta que o teu tempo, tão diferente do meu, vai passando por onde não nos vamos encontrar senão à noite, quando nos regressamos por inteiro, despidas de contratempos, disponíveis em intensidade. Temos tão pouco tempo para tanto que nos queremos dar! Quem me dera que fôssemos mais velozes e fizéssemos durar as noites tão infinitamente quanto as horas dos dias que nos separam… Quem me dera ser raio de luz e encontrar-te, ao longo do dia, a intervalos regulares, empurrada pela voracidade dos trezentos mil quilómetros por segundo de um impulso e percorrer-te por inteiro com a velocidade desta ideia magnética que me anima!...
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Uma ideia de fé

Viver é acreditar. Acreditando vivemos mais coisas no mesmo tempo de vida. Acreditando vivemos, sem dar conta, duas vidas numa só. Acreditar é crescer em altura e em comprimento, porque construímos uma alma maior, mais preparada para chegar a todo o lado. Acreditar é saber que não estamos sós e poder contar sempre com isso, porque fica mais pobre aquele que escolhe desfocar o mundo e ver tudo de um só lado. Acreditar é aprender um pormenor diferente em cada dia que passa, decorá-lo até saber falar dele de cor, sem hesitações. Acreditar é confiar que o lado bom é infinitamente superior ao pior que se imagine, porque vivem bem aqueles que fazem dos obstáculos pontos de apoio para alargar conhecimento. O Amor, que é coisa que não se vê, acredita-se porque se sente e vive-se acreditando que aquilo que não vemos nem tocamos é uma razão maior do que a nossa capacidade de raciocínio. Amar é confiar e confiar é admitir que há coisas que não sabemos explicar e crescer em busca de respostas, sem desistir nem vascilar no que sentimos como força maior, centro do mundo. Assim te sinto eu.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Um lobo chamado António Sérgio

Foi ontem, dia de Todos-os-Santos, durante a hora do lobo que partiu. Ou talvez não. Ninguém parte realmente quando deixa para trás história viva em cada um de nós crescidos ao som de uma voz, de um gosto, de uma estética, de uma maneira de estar sem fronteiras. Apostas, transgressões para a frente, sempre adiante e mais além. Sede de descobrir, de arriscar, de musicar o mundo de forma alternativa, porque o mundo tem ser alternativo para que seja inteiro e completo. Porque o direito à diferença foi o que aprendi na voz, no som, na escolha de António Sérgio, assim cresci embalada pelo uivo da resistência e assim me reconheço parte da matilha do lobo 'Gitano', obrigado António Sérgio - o teu espírito vive para sempre... para além do éter para além do tempo.
Subscrever:
Mensagens (Atom)