terça-feira, 4 de março de 2008

Terra à vista

Robin Mitchell, Sem título, 2004

De vento em popa, o nosso barco avança por mares imaginados. O sonho cumpre-se e o futuro é quase agora. Ao leme prende-se a vontade de sempre e agora mais valente do que nunca. De vento em popa, navegamos cada vez mais perto da margem que nos cumpre e onde não tardaremos chegar. Atravessámos o mundo inteiro para chegar a este lado e a terra do sonho existe porque acreditámos. Contra ventos e marés nós navegámos e se longa nos pareceu a espera, adivinha-se a ansiedade da chegada. Não tardamos, meu amor, aproxima-se amanhã e amanhã somos nós embrulhadas pelo sonho que aqui nos fez chegar. De vento em popa, avançamos para a terra que a nossa vista alcança com olhar do coração e a vontade infinita da alma. Daqui a pouco lançamos âncora a duas mãos e desembarcamos para um único chão.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Boa memória

Jeff Waldorff, Partial Lunar Eclipse (20FEV2008)

Ainda que passem anos que podiam ser milénios, a memória do eclipse que só tu e eu conhecemos não desiste. No centro do universo o eclipse acontece noite e dia, mesmo nos dias cinzentos em que as nuvens deixam ver um pouco menos do céu que somos incondicionalmente. E quando a terra esconde o sol da lua, o calor vem de dentro e sente-se o infinito como rumo. Encontro-nos no centro do universo, sempre mais absolutas do que a física que nos explica o princípio da vida. Sabemos onde estamos mesmo que o mundo fique às escuras, estás em mim e eu em ti e, ainda que nos falte o chão durante a falta de luz, sinto-nos o equilíbrio de quem caminha uma ideia concreta de Amor. Hoje sabemos um pouco mais do 'nós'. O que aprendemos e cumprimos com dedicação é que o eclipse é infinito quando os astros se alinham em pleno na rota definida pelo Amor.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Perto do céu

Kevin Sargent, Still, 2007

No céu que encontro em ti, desenho, com a ponta dos dedos, mil caminhos que quero percorrer contigo. Desenho braços estendidos para chegarmos mais depressa ao tudo que construimos no aqui e agora. Mas por enquanto é hoje e hoje a vida acontece, não há tempo a perder. Por isso, vivemos nesta intensidade que ninguém iguala, nesta vontade de viver para sempre, neste Amor sem descanso e sem medida. Porque o Amor é inadiável, porque tu e eu somos Uma, sem tempo, sem distância, incondicionalmente. Na pele que me tocas, gravo o teu corpo e abraço a alma. Seguro o coração nos beijos que te encontram a toda a hora e espreito-te um céu a perder de vista na força com que te abraço. E toda a Vida és tu. Somos esta vontade infinita de nós que moldamos afincadamente e a forma que lhe damos não se quebra nem se gasta. Nada em nós respeita o tempo - seguramos o momento e pertencemos à eternidade.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Hoje não vamos trabalhar

Jonas Svedberg, Frozen Ghost, 2005

Todas as noites te deixo um anjo debaixo da almofada para que te passeies por sonhos felizes da noite para o dia, onde somos infinitamente o Amor que nos veste a alma para além da pele. De manhã quando acordares o Amor será maior, porque os dias passam e nós crescemos mais algumas horas. Somos mais do que ontem, seremos sempre mais do ontem. Aos dias vamos acrescentando muito, um pouco de cada vez. E neste tanto que somos, tudo é pouco porque sentimos um absoluto para além do tudo. Somamos os dias, demasiados pequenos para cabermos neles completamente, às noites, demasiado curtas pelo que deixamos de dormir, à procura do sempre que vem de dentro cada vez mais terra firme à nossa espera. O abraço em que me seguras durante a noite é o universo inteiro onde viajo sem fim. Se dormimos aninhadas num beijo que nem o sono distrai, o Amor encontrou a sua casa. Debaixo da almofada, o anjo que te guarda enquanto durmo fala-te de mim e conta-te o resto da história de nós no passado, no presente e no futuro. Regresso-te pela manhã num beijo cada vez mais infinito. E ao mesmo tempo te sussurro 'Hoje deixamos o mundo à nossa espera e ficamos em nós todo o dia...'

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Quero-te

Idle Hands, Te quiero

Quero-te, muito, talvez mais do que no tempo em que não te tinha e obsessivamente sonhava em voltar a ter-te. Quero-te sem peso nem medida, mais do que tudo porque o meu tudo és tu e quero que sejas infinitamente o Amor da minha vida e depois disso também. Querer-te tão completamente nunca é suficiente, porque quero sempre mais, quero-te um universo sem fim e o centro da terra ao mesmo tempo e amar-te assim, incondicionalmente e sem contradição. Quero-te hoje a adormecer como amanhã em corpo vivo. Quero-te ontem e depois de amanhã e sempre, mesmo tendo-te sempre aqui comigo. Quero-te para além de mim, intemporalmente, porque o meu querer é perfeito e transcende o meu próprio fim. Não sei sentir-te menos nem imagino um querer mais forte. Amar-te é esquecer-me de dormir distraída pela força indomável que és em mim.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Acordei-te?...

William Mahan, Gravel Shadows, 2007

Escorre azul de céu do quadro em que nos pinto eternas, sem tempo nem lugar. É um azul feliz, quase tão luminoso como a luz que te descubro todos os dias e me aquece a alma sempre mais um bocadinho para além do tudo. É um azul feito de pedaços de sol que encontro nos teus braços e me aconchegam mesmo nos intervalos do nosso abraço - são pedaços de calor que as saudades não arrefecem e nem o tempo extingue. E ainda que sinta infinitamente a tua falta quando não te tenho à distância de um beijo, sinto-te em raios de luz por dentro a partir do coração. Procuro-te a pele como o céu azul envolve o sol. Passeio-te o corpo nessa vontade de paraíso e encontro-te o mesmo desejo de mil cores e um querer infinito. Por vezes, somos Uma, outras vezes somos 'nós'. Somos sempre mais do que duas partes separadas, tu e eu. Somos Amor numa peça única. Ontem éramos uma ideia de sempre, hoje somos para sempre e mais um dia. Amanhã seremos eternamente. Tenho vontade de te acordar para te dizer que hoje já é amanhã e que os nossos dias não têm fim...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Robustez


Damon, 1937 Bentley, 2005

Enquanto dormimos, passeio-nos num carro de luxo antigo por caminhos que sonho contigo acordada. E quando a manhã nos regressa, desistimos do carro e continuamos a pé o nosso caminho cada vez mais próximo do sonho. E porque andamos e sabemos onde queremos chegar, vão acontecendo, todos os dias, coisas que nos surpreendem pela velocidade a que nos confrontam. Porque, às vezes, o mundo acontece mais depressa do que o pensamos. E sorrimos por dentro o que os olhos veêm por fora e a alma sente tão profundamente. E ainda que as partes que vamos construindo sejam, inesperadamente, mais do que imaginamos, somos muito mais do que modestamente julgamos, somos tudo e queremos TUDO porque menos não faz sentido. E amanhã teremos o dobro do tamanho, porque crescemos todos os dias dentro e fora de nós. Transbordamos um querer, uma vontade e a fé no eterno que somos nós. Tenho a certeza que todos reparam no que os meus olhos te escrevem no ar e acredito no beijo infinito que me devolves. Tenho a certeza de que quem nos repara reconhece a raridade em que acontecemos e vivemos ao segundo. Porque o Amor é raro e, no beijo infinito que transbordamos, somos únicas. Porque a nossa disponibilidade para amar é incondicional, é maior do que o sonho e tão imensa quanto a eternidade que nos vestimos todos os dias sempre mais intensamente... Menos não seria Amor simplesmente.

A difícil Arte de Amar

DRUIEL ,

O Amor é tão simples que, por vezes, soa a improvável. Porque é difícil acontecer. É raro. Mas acontecendo é de uma simplicidade pura e absoluta. Não se explica, acontece, vive-se em tudo o que somos e torna-se impossível viver sem ele. Não é fácil encontrar o Amor e muito mais difícil é o Amor encontrar-nos. Morremos aos poucos quando perdemos o Tudo que encontrámos. E mesmo perdendo, quem ama verdadeiramente sente-se maior porque, por muito que doa, pior seria nunca ter amado. OBRIGADA PELO PRÉMIO.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Calha bem

Anabark, Um beijo infinito, DEZ07

Foi quase assim que a vida começou. Quantas vezes podemos nascer de novo? É hoje o dia exacto do que eu te descubro todos os dias - o meu caminho, a minha fé, a minha vida. A certeza absoluta de sempre em cada beijo. 'Será que isto alguma vez nos vai passar? (não respondas, eu sei a resposta.)' . O que é infinito não passa, meu amor. O tempo passa, o Amor que nos escolheu não tem fim, não passa nem em ti nem em mim.
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HARRY: How about this way? I love that you get cold when it's seventy-one degrees out. I love that it takes you an hour and a half to order a sandwich. I love that you get a little crinkle above your nose when you're lookin' at me like I'm nuts. I love that after I spend the day with you, I can still smell your perfume on my clothes. And I love that you are the last person I want to talk to before I go to sleep at night. And it's not because I'm lonely. And it's not because it's New Year's Eve. I came here tonight because when you realize you want to spend the rest of your life with somebody, you want the rest of your life to start as soon as possible!

in «When Harry Met Sally» (Rob Reiner, 1989, EUA)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Antes de amanhã

Abba Richman, Coloured Wall #5, 2003

Colecciono cada pedaço de nós como pedras preciosas que constroem o nosso sempre com paredes coloridas, seguras e resistentes ao tempo. Por vezes, enquanto não chego ao sono, escolho memórias e vivo duas vezes momentos únicos como tu. Hoje é o dia de véspera e, mesmo que não seja o dia exacto, antecipo a ansiedade de um hoje, vivida por duas vezes no passado. Porque amanhã é o dia e já passou algum tempo entretanto, mas nos meus lábios foi ainda há bocadinho, porque o calor dos teus me ficou na boca, a embrulhar-me o coração. E atrás dos lábios vieram palavras que eu imaginei e quase escrevi, em teu nome, para mim. E nesta ansiedade em que vou antecipando o dia de amanhã, seguro-nos a alma num abraço infinito que nos faz Uma e nos descobre um mundo cheio de cor, erguido e pintado em nome do Amor. Enquanto não adormeço e me encosto nas palavras que encosto a nós, digo baixinho o teu nome para que as paredes que nos recordam entendam quantas cores nos escrevem a vida num coração único em dois peitos separado.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Espalhadas pela casa

Robin Mitchell, It is Fall once again, 2007

Na nossa casa não faltam coisas que, por tudo e por nada, nos lembram do amor que vivemos sempre mais e maior na passagem dos dias. Na nossa casa espalhámos por todo lado instantes únicos e intemporais, que nos saltam à vista mesmo depois de vencidas pelo sono. Na nossa casa, embrulhamos o presente em memórias do passado que nos encontrou numa mesma rua e nos fez sonhar as duas o mesmo futuro. Nos quatro cantos da casa há partes de nós em diversos tempos e num mesmo movimento de alma que se entrega por inteiro. E, por tudo e por nada, as coisas que não faltam para dar conta do amor que vive cada vez mais amplo no que transborda de nós cobrem o chão e as paredes e tornam-se incontornáveis. Já não sei quando, talvez ontem ou, se calhar, num outro dia qualquer, deixou de haver tecto, porque tudo cresce à nossa volta e o espaço, que sendo grande é pequeno para um 'nós' do nosso tamanho, falta-nos para as coisas novas que, amanhã, espalharemos pelo chão para agarrar as coisas do dia seguinte e depois disso até ao fim dos dias. A nossa casa guarda o que vive o coração e a eternidade do que sente e do que somos tu e eu, sem princípio nem fim.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Primeiras impressões


'Vês como foi fácil...' a primeira frase que te ouvi, as primeiras palavras no momento em que os nossos olhos se encontraram, a primeira imagem em que te recordo são hoje o meu primeiro pensamento ao acordar. Hoje é um dia diferente e será sempre assim para o resto da minha vida, porque hoje estamos aqui onde não imaginámos há setecentos e trinta dias atrás. Hoje somos um universo inteiro que se expande cada vez mais infinito, somos um caminho, um sentido, uma vida que se cumpre, rara e única no encontro com o Amor. Não passou muito tempo, foi quase ontem, mas quero poder dizer que já passaram muitos anos depois disso, porque merecemos e porque acreditamos na nossa história com princípio mas de final impossível. O tudo em que vamos acontecendo é para sempre porque todos os dias é mais, muito mais do que as palavras explicam. Porque o Tempo passa e somos infinitamente mais Amor e paixão que não sossegam nem de noite nem de dia. Quem ama verdadeiramente não tem horas nem dias de calendário, quem ama mede o tempo pela vazio da ausência e perde-se nas saudades que quase matam e na ansiedade de voltar ao abraço de quem espera com igual desassossego embrulhado na mesma intensidade. Assim te sinto eu, ontem, hoje e amanhã. Assim aninhamos nós as noites no corpo incendiado. Assim nos descobrimos um sempre que começou no dia de hoje há dois anos atrás. Quero-te tudo, sempre mais do que ontem.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Aqui ou noutro lugar

Joshishots, Polar Love, 2004

Ainda que estivesses no fim do mundo e eu não soubesse o caminho, iria ter contigo. Por longe que fosse esse lugar perdido na distância, não seria suficiente para me impedir de te encontrar. A certeza do teu beijo no fim da estrada encurtaria o longe, se longe houvesse entre nós. Mas tu não estás no fim do mundo e só distamos intervalos de tempo que é relativo e nós somos absolutas. E mesmos nos intervalos nada nos separa a não ser o tempo de chegar a ti que começa a contar um pouco antes de 'Até já, meu amor'. Ainda que estivesses no fim do mundo, eu chegaria sempre a horas de contares comigo. Somos Uma com princípio e o infinito como sonho. No meio fica a vida que celebro em cada segundo ao teu lado, aqui ou em qualquer lugar do mundo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Eternamente Amor

Gary Arthur Douglas, Pink crypto

Maior do que o Tempo que é infinito, maior do que a vida que gostaríamos eterna, é o Amor que eu conheço e vivo. Procuro-te incessantemente em cada recanto meu porque não sei estar mais de três segundos sem ti e nunca estou realmente porque te somo nas partes do meu todo. Encontro-te sempre por inteiro no que procurei apenas sonhando que existia. Antes de ti, o Amor era uma palavra vaga, pouco mais do que um conceito, uma ideia indefinida. Mas tu existes para além da palavra que nos segura uma definição precisa. E serás sempre Amor porque és única, tão rara que te colecciono em cada pormenor e todos os dias me apaixono por ti. Todos os dias te sinto mais em mim, todos os dias te sinto a minha vida. Todos os dias nos desejo a vida eterna neste infinito que somos - sem tempo nem distância, sem reservas nem limites.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Rugosidades

Esme12, Astracts and nonsense

Por vezes, o Tempo não perdoa e lembra-me que a corrida é rápida e que é preciso evitar o desperdício do que tenho e não voltarei a ter nesta vida. Às vezes esqueço-me das coisas únicas, das coisas que não se repetem, e esqueço-me que não vivo para sempre e que, tendo eu fim, não terei tempo para tudo o que sou, desejo e planeio. Hoje acordei uma parede velha, de cor estalada pelo abuso dos dias que não são nossos e que nos levam muitas horas emprestadas. A parede enferrujada, descascada e suja que me instalei durante o dia foi piscadela de olho do Tempo que eu devia entender como 'Não percas tempo, vive!', mas teimo em ter pena de mim. E derivo pelas horas que não tenho senão para sermos nós, desperdiçando momentos únicos e irrepetíveis. O Tempo tem razão, sei que nenhum segundo se repete e a corrida é curta. E enquanto não me acabo, tenho de viver tudo o que sinto dentro e este tudo que não tem fim és TU. E não posso deixar-me ser essa parede desgastada que nos rouba o tempo que não temos. Quero-nos sempre nas cores dos dias do Paraíso, porque não nos reconheço de outra forma senão nesse infinito colorido de alma - juntas pouco nos falta para a perfeição e esse pouco que não temos dá-nos a graça e perpétua o desafio: eu mais ou tu mais?... Temos a vida inteira para descobrir.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Dias longos

Dee Golden, 1st Wormhole, 2002

Os meus dias tornaram-se maiores ainda que as horas sejam exactamente as mesmas. Os meus dias a partir de amanhã são longos, tão compridos que só acabam às horas que tu começas e ficamos em nós. No final do dia, quero chegar-te com a maior pressa e vou correr quase sem tocar o chão e, por cedo que chegue, demorarei tempo demais. Porque a urgência que tenho de ti é permanente e as saudades tuas nos meus dias longos maiores ainda. As horas sem ti não passam, arrasto-as de um lado para o outro e invento-lhes uma utilidade e espero. Maior do que a saudade, só este amor que nos corre por debaixo da pele como condição de vida. O amor que nos reconheço e que acontece em cada dia mais forte e mais intenso, segura-nos a espera nos dias em que tardamos a chegar. Não há longe nem distância, em pensamento o tempo que nos separa é o intervalo respirado entre dois beijos. Ainda que os sinta infinitos, sei que os dias grandes têm fim e quando acabam começamos nós. E nós somos, definitivamente, maiores do que o Tempo, maiores do que a Vida.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Amanhã aconteceu...

Ann LT, Sprayed3

Deixa-me hoje falar-te de amanhã, porque enquanto essas horas não chegam sonho o futuro que começou em meia volta de vida. Deixa-me relembrar ontem para que amanhã chegue com tudo o que sonhámos entretanto. Deixa-me olhar para trás e ver-nos no tempo que vamos construindo sempre mais forte e mais seguro e sentir que o tempo contigo é infinito. Deixa-me prometer-te que viverei eternamente para nunca te faltar porque faltar-te seria faltar-me a mim e faltar à vida. Deixa-me dizer-te que sem ti não ando devagarinho, sem ti morro lentamente. Deixa-me encontrar uma forma original de te escrever amor e de te viver para além de tudo e mais que fosse ainda. Deixa-me adiantar as horas e correr pela noite dentro para chegar ao dia um pouco antes de ti - tenho pressa de acordar-te um beijo que não sei chegar ao fim.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Quando os santos cairam do altar

Anabark, Fogo de alma (DEZ07)

Quando os dias parecem correr fora de ordem, perdidos numa espiral de contrariedades, vêm-me à memória lembranças de um tempo em que pouco era tudo e o suficiente para me salvar a alma. Relembro a tua meia volta no dia de hoje há um ano atrás e a volta que a minha vida deu desde esse dia. E penso nas voltas que o mundo deu depois disso. Queria mesmo dar-te a volta e que segurasses o que a alma nos meus olhos te dizia. Queria que voltasses mais do que tudo na vida. E o pouco que segurei entre as mãos foi o primeiro passo do regresso ao sempre do qual nunca desistimos. Recordo esse pouco, feito de números novos e olhos de uma transparência incontornável. Recordo o sopro de vida que me voltou nessa tua meia volta inesperada. O santo que cai do altar nesse dia caiu a meus pés sem se partir. Não te dei a volta, voltei-me a mim contigo.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Durante o intervalo

Cliff Wright, All for the love of ivy, 2005

Durmo em pé porque tenho medo de desperdiçar tempo demais atormentada por sonhos que voltam sem aviso nem razão. Sei que o Amor é uma montanha que ninguém muda de lugar e nós somos essa força que nos segura ao chão. Sei que o tempo não nos esgota nem os lábios se cansam de beijos. Sei que somos tudo e que sempre fomos, mesmo quando não tínhamos quase nada. Sei ler-te nos olhos e sei o que não dizes mas não deixas de pensar. Sei sentir-te sem estares perto e também sei que tudo isto nos transcende corpo e alma porque, à nossa volta, somos únicas e o infinito é nosso. Apenas quando durmo esqueço que o céu já não é cinzento no que a vida nos espera. Mas isso é só às vezes, Meu Amor, porque estou cansada, porque me faltam muitas horas de sono, porque quando durmo prego partidas a mim mesma. Tenho medo que o sono não ponha ordem nas ideias e que, ao acordar, tu não estejas embrulhada em mim. Mas sei que somos indestrutíveis, maiores do que a vida, o que muitos julgam improvável. Sei que o Amor verdadeiro não tem medo nem desiste. Sei que os nossos braços nos seguram com o peso do mundo às costas e nunca, por um segundo que seja, lhes falta a força rara do Amor. De tão teoricamente improváveis, somos exemplo e inspiração, porque existimos corpo alma e coração numa só.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Aberto de madrugada

Torbjørn Helgesen, Details at work #5, 2006

E quando as noites se medem pelo incêndio que nos desarruma pouco importam as horas de sono que não sobram porque o dia amanhece sempre demasiado cedo. Pouco importa o mundo lá fora quando nós temos o universo nas mãos. Quero-te nesse infinito que o tempo não esgota em mim. Quero-nos do tamanho desse infinito que sentimos dentro sem equívoco e tão completamente. E nas horas que incendiamos não há noite nem dia, apenas nós e esta vontade de sermos para sempre a pele da pele que nos abraça. Sinto-te nos lábios um corpo inteiro em desassossego. Beijo-te a saudade em que nos guardamos sempre e a toda a hora. Porque tenho saudades tuas mesmo no intervalo de um beijo, porque me fazes falta entre um abraço e outro. Porque te sinto o mesmo desespero com que eu te espero nas horas. E ainda que te diga que não há longe nem distância, sabes que minto e tu te mentes, porque a saudade em que nos sentimos constantemente vem de um querer absoluto que não se compadece com intervalos. O incêndio que nos rouba ao sono e nos consome tão perdidamente é urgência do corpo e da alma por via do coração - o Amor não sabe esperar.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

730 dias

U-turn, Enxoval (DEZ07)

Foi quase ontem mesmo que tenhamos vivido duas vidas entretanto. Contei os dias, setecentos e trinta menos alguns que contam também. Há dois anos atrás este dia amanheceu como outro qualquer, foi ao anoitecer que descobri o teu 'bom-dia' para o resto da minha vida. Depois disso, morri quem era e descobri-me uma outra vida nas palavras que pouco a pouco te iam revelando. Desconhecia-te a voz, mas fui aprendendo o tom da alma. Chegaste-me perto, entraste-me por debaixo da pele e, desde então, moras na minha cabeça noite e dia e hoje a nossa casa é o coração. Há dois anos atrás não existíamos, hoje partilhamos um prato e seguramos o infinitamente que nos adivinhámos uma na outra. Obrigada, Meu Amor, por nos teres encontrado uma vida maior e um único caminho - juntas somos tudo e sempre a nossa condição.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Noites árabes


Anabark, Mil e uma noites (DEZ07)

Hoje recordo-te a história de mil e uma estrelas que iluminam outras tantas noites nos meus olhos ao encontro dos teus num quarto das arábias. A nossa história não tem mil e uma noites, tem mil vidas e um universo inteiro dentro do quarto, sobre a cama que nos acolhe. A nossa história é feita do sonho que nos adormece na mesma almofada, embrulhadas num beijo que o sono não demove nem o corpo desiste por cansaço. Porque a tua pele na minha é vida e um perpétuo desassossego. Mil e uma estrelas se aninham neste mar e terra que somos nós. Somos luz que não se acaba e mil galáxias por descobrir. Somos muitas noites por dormir em cada noite e muitos dias de noites em branco pela vontade infinita que temos de nós. Na parede do quarto o coração projecta-nos em pedaços de luz nas histórias em que nos recordamos. A alma não se cansa nem o coração adormece, aconchegam-nos neste abraço que nos aninha para o resto da nossa vida.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Muito mais

Torbjørn Helgesen, Detail 8, 2006

Mais do que ontem, menos do que amanhã... não me faz sentido ser de outra forma, porque aprendi, entre a vida e a morte, que o Amor não reconhece nem Tempo nem distância. E se conto os anos que nos seguram na mesma vontade é porque tenho pressa de poder dizer que te tenho há mais de uma vida. Tenho pressa de envelhecer contigo como a madeira velha daquela janela que jamais deixou quebrar o vidro. Ainda há pouco entravas na minha vida onde eu te sonhei sempre e hoje que aqui estamos, sei q não vivi antes de ti. E também sei que depois de ti não há nada, a janela estará partida, a casa fria e vazia a alma. A vida é feita deste bocadinho que acrescento todos os dias ao mais do que ontem. Sei que é menos do que amanhã e infinitamente menos do que daqui a cem anos se tivéssemos mais cem anos de 'nós'. O que é que é mais do que 'muito mais'? Se soubesse dizer por palavras o tanto que colecciono no passar dos dias, saberia responder. O que vem nos livros é pouco, o Amor é mais, muito mais do que muito mais. Se hoje para mim és tudo, amanhã estamos para além do infinito.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Numa fatia do Tempo

Gary Arthur Douglas, Cherry, vanilla, mint, chocolate

Hoje passo por aqui a pensar que os dias nascem e morrem em vinte e quatro horas, o mundo muda e nenhum minuto se repete. E nós envelhecemos entre uma palavra e outra. A mesma coisa amanhã será diferente, porque nada permanece igual. Até o passado se altera no que guardamos dele, porque as memórias, por força que as segure, baralham-se e rendem-se ao passar do tempo. E nós não queremos perder nada e perdemos sempre qualquer coisa... e ganhamos também, porque a vida dá, tira, devolve, oferece e rouba. Nada é nosso verdadeiramente porque o nosso tempo é emprestado e nós vivemos uma prestação. Hoje lembrei-me do sentido de mudança e que não tenho direitos nenhuns sobre o Tempo. Mas tenho o dever de insistir no que quero e o momento é hoje porque hoje é o sempre mais próximo de nós. Em todas as coisas que vou pensando aqui e agora encontro-te em histórias de nós e planos de amanhã. Não quero contigo dias de espuma, quero passado, presente e futuro bem medidos. Quero dias bem dormidos e acordados em nós. Quero-te infinitamente e quando esgotarmos o tempo que temos quero-nos a eternidade. Tenho a certeza que tudo muda, menos a intensidade do que te sinto em mim e do que sei que somos, uma.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Porque sim

Gary Arthur Douglas, Because

Porquê? Não sei, não se explica. Acontece sem darmos por isso, acontece uma vez na vida aos poucos que têm essa sorte. Acontece a pouca gente e não se explica. Sente-se e eu, que te sinto tão completamente, desespero por não me saber explicar com a mesma clareza com que te sinto a minha vida. Sinto-te desde sempre e não sei como, mas sinto-te como sei que existo e tu existes e sei a força com que vivemos o 'nós'. Porque amar é não saber nada e sentir a inevitabilidade da entrega num gesto natural. A intensidade com que te vivo não se explica porque o amor é um estado de alma e não uma ciência do conhecimento. O único livro que recordo àcerca do Amor é a tua pele na minha, os teus olhos e o tudo que neles leio. O coração vê através da alma e ama por impulso. Porquê? Porque o que a razão não explica, o coração conhece de cor. Porque sentir é viver e amar é ter um sentido, um destino a cumprir. Amar-te é acreditar que somos eternamente. Porquê? Porque sim, porque é assim que nos sinto desde o princípio... sem fim.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

De dentro

Yiannis Logiotatidis, Flowers series, 2006

Vem de dentro este sentir-te, de um lugar que eu não sei o nome mas que fica no lado mais inteiro e mais seguro da alma. Vem de dentro este lugar onde existimos eternamente e somos sempre mais para além do tanto que já nos sabemos. Vem de dentro este infinito que nos aninha e nos desassossega o sono. Vem de dentro este oceano de saudades que nos fica no intervalo das horas sem nós. Vem de dentro este céu e terra combinados, sem chão nem tecto, num momento de um beijo. Vem de dentro este conhecer-te antes de encontrar-te e esta espera sem adivinhar que existias. Vem de dentro, de um sítio que eu não sei o nome, mas que existe do lado esquerdo de nós que nos garante a vida e a eternidade também. Vem de dentro o tempo, a luz e a força do que somos. Vem de dentro da alma o coração que, de tanto te amar, cresceu e encontrou o sentido de 'sempre'.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Depois do fim do ano

Frame de "O Estranho Mundo de Jack" (A Nightmare before Christmas), 1993


Já passaram seis dias, faltam 360. Não chego tarde, venho a tempo de desejar a todos os que contemplam a transparência do vidro que o novo ano multiplique os momentos de felicidade de 2007.
Menos do que isso é dispensável.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Antes do fim do ano

Frank Gaverot, Christmas tree worms, 2006

Amanhã será o dia seguinte do primeiro Natal da nossa vida. Partimos do Natal para um novo ano. A mala está feita, partimos cedo e apressadas, com a urgência de quem se desembrulha num dar e receber inadiável. Quando voltarmos ainda será natal, porque somos uma todos os dias, porque o meu Natal és tu. Partimos para onde nos esperamos tal como planeámos. Partimos para o resto da nossa vida. Voltaremos antes do fim do ano para estrearmos o nosso primeiro dia do futuro...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Feliz Natal

Cliff Wright, Bear ly ready, 2005

A todos quantos por aqui se demoram por uma razão ou outra, ou mesmo sem razão, desejo um Feliz Natal e um copo cheio de coisas que preencham alma e coração.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Guardar como...

Gandc, Christmas Tree, 2006

Guarda-me numa ideia, algo simples de que te lembres sempre mesmo depois de te esqueceres de tudo o que digo. Guarda-me num pensamento em que possas descansar a alma em sobressalto nos dias que acontecem desalmados. Guarda-me os olhos sinceros com te digo a palavra que, só e apenas tu, me ouviste dizer e me fizeste sentir. Guarda-me no sonho que persigo noite e dia, ainda que falhe em deixar-te entender a intensidade do meu compromisso. Guarda-me nesta vontade de sermos por inteiro não hoje nem amanhã, mas ontem, porque foi ontem que tudo começou e é desde ontem que nos sinto 'uma' para sempre e mais um dia. Guarda-me nesta certeza quando nada do que digo e faço te pareça fazer sentido. Guarda-me neste tudo, que de tanto é infinito, em que te sinto em mim e do qual não sei desistir, porque desistir de ti é desistir de mim também. Guarda-me numa sensação tão simples quanto a intensidade com que durmo e desperto embrulhada em ti e compreenderás que as horas de dúvida são um enorme desperdício de tempo. Guarda-me numa palavra, pequena mas infinita, que encontras em tudo o que sou e planeio contigo: 'sempre', porque és a minha vida e sem ti não faço o mínimo sentido.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Quase perfeito

Iing Gunawan, Christmas tree

Houvesse neve e o Natal seria quase perfeito se a perfeição existisse. Mas enquanto a neve não cai e o nosso natal não chega, aconchego-te os dias que faltam num abraço sem princípio nem fim, para além do tempo, do espaço e da imaginação. Seguro-te as mãos nas minhas para que não as sintas frias nas horas que passam vazias da voz e do olhar. Embrulho-te de beijos que só tu me conheces, porque os meus beijos só são beijos quando tocam os teus lábios. E enquanto o tempo passa lentamente para chegar ao 'quase', distraio a nossa impaciência com histórias feitas de nós. Temos tanto para contar, coisas que foram e outras que hão-de ser. E nesta espera tão poética quanto a neve silenciosa que veste a paisagem de branco, adormecemos uma na outra a sentir o tudo e o sempre que o Amor nos ensinou e que aprendemos ao mesmo tempo. Não sei amar-te menos do que este total estado de urgência, não sei descansar a alma de ti, não sei adormecer sem te procurar em sonhos nem acordar sem dizer o teu nome antes mesmo de me lembrar de mim. E quando penso em neve penso em ti. Serás sempre essa poesia do Inverno em que te conheci, gravada a fogo debaixo da minha pele.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Mil e uma noites

Anabark, Paris - 3 W Kafé (SET07)

Faltam poucos dias para os nossos dias grandes que amanhecem e anoitecem sem que nos incomode a luz, ou a falta dela, q nos entra pela janela, porque a nossa luz vem de um sol que temos dentro e que irradiamos no olhar. Falta pouco para deixarmos de ter tempo para tudo o que fica do lado de fora de nós. Falta pouco para vivermos muito em pouco tempo, porque o nosso tempo é sempre pouco, porque os nossos dias grandes, sem dia nem noite, passam na vertigem de um segundo. Porque tudo é pouco para este tanto em que te vivo, porque o Amor é sempre mais e a falta que me fazes também. Porque as saudades não se resolvem, adiam-se apenas. Falta só um bocadinho para estarmos dia e noite por nossa conta e risco onde só nós sabemos e o resto do mundo nos julgue em parte incerta. Falta mesmo muito pouco para vivermos mil e uma noites e outros mil e um dias num abraço sem horas, a não ser as da chegada e, inevitavelmente, as da partida. Falta pouco, meu amor, e desespero neste pouco que nos falta para a nossa prenda de Natal...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Somos sempre

Yiannis Logiotatidis, 2006

Entre o aqui e o agora beijo-te tantas vezes que lhes perco a conta de propósito para voltar a começar do princípio, porque enquanto te beijo perco o céu e a terra e o mundo que nos espreita e, ao mesmo tempo, nos cobiça. Só existes tu, sempre foste tu mesmo antes de nos encontrarmos. No Amor em que te adormeço e amanheço no dia seguinte encontrarás a mesma promessa dia após dia - sempre. Não prometo o que não sei cumprir, só aquilo que sei que sou capaz. E contigo sei-me para sempre, sei que irei cumprir aquilo que te prometo, que te digo ao ouvido e que a toda a hora te escrevo. Porque já morri quando perdi o sempre de vista e só sobrevivi porque o coração nunca deixou de acreditar. Neste sempre que nos prometo crescemos cada vez mais no passar dos dias. A certeza de que não temos fim abraça-nos com a mesma voracidade de um fogo incontrolável numa floresta infinita.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Entre Roma e Pavia

Cliff Wright, Xmas ribbon, 2005

Embrulha-me a felicidade em que arrumei o dia como um presente de natal que nos fique para o resto da nossa vida. Nem Roma nem Pavia se fizeram num dia e nós, que somos sempre mais a cada hora que passa, queremos mais do que a História, queremos o sempre e não o passar do tempo, mais do que a memória queremos a eternidade. O sonho constrói-se como um caminho a percorrer onde nos temos como destino e simultaneamente, ponto de partida e forma de lá chegar. Caminhamos juntas porque somos uma no princípio, no meio e sem fim, caminhamos seguras, unas, indivisíveis. Amanhã conquistaremos mais um bocadinho e depois de amanhã o dobro desse bocadinho e todos os bocadinhos juntos fazem o universo inteiro onde Roma e Pavia são um acto de fé confirmado. Hoje o meu Natal aconteceu - ainda não é tudo, mas é muito e nesse muito moramos nós sem tempo nem distância, embrulhadas na certeza de que nos queremos mais do que infinitamente.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Discurso indirecto


Cliff Wright, Every good mug loves tea, 2005

Quando te encostas a mim não sentes o que milhares de palavras falham em dizer? E os meus olhos não te dizem mais do que consegues ouvir? Hoje, ou porque as palavras me desertaram ou porque me perderam de vista, sinto tantas coisas para te dizer e uma tremenda falta de jeito a arrumar a escrita. E sinto o frio que está lá fora por um buraco no tecto que me mantém acordada há horas senão dias. Hoje conto as horas em abraços por dar e receber e espero que amanheça depressa, porque me cansam as noites sem dormir e porque é a luz do dia que me leva de volta a ti. Os sonhos são apenas sonhos e tudo o que acontece em pensamento fica apenas pela intenção. Tudo o resto é a vida e o que soubermos acontecer de olhos nos olhos, corpo a corpo, com a alma na mão. Quando te encostas a mim ouves, certamente, o que te diz o meu coração: 'sempre'.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Milagre

Lisboa-Dakar - entregas ao domicílio

Um dia, o que é preciso vai estar sobre a mesa de cabeceira e eu vou estender o braço e segurar um pequeno milagre entre os dedos. E sorrirás como eu te sorrio neste instante, com vontade de te viajar de alto a baixo para ter a certeza que estás bem por dentro e por fora. Porque sou egoísta, porque não te posso perder porque perder-te é perder-me a mim. Um dia, o que é preciso vai estar à distância de um beijo, sem desperdício de tempo, porque tempo é uma coisa que foge demasiado rápido e de foirma irreversível e envelhecemos entretanto. Um dia, o que nos falta deixará de nos faltar porque juntas temos tudo e não nos faz falta o resto que nos sobrar. Mas enquanto é hoje e amanhã não chega, embrulho-te num abraço que a espera não detém e na pele na pele que nos abraça o universo é nosso e nele brilha o sempre em cada estrela. No relógio de areia que nos separa do dia seguinte repousa a certeza do Amor que vale a vida e a vida que me falta quando me faltas tu. Creio em ti como o milagre da eternidade.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Clareza de ser

Cliff Wright, Partial Melt, 2005

Se tudo fosse tão cristalino quanto a certeza que nos abraça todos os dias desde o príncipio de nós, o mundo inteiro seria uma imensa gota de água mais pura do que a sede urgente que deseja saciar-se. Quando olho para ti reparo na forma translúcida em que te deixas acontecer em mim e, acontecendo assim, me tornas tão transparente no que existo, em que tudo começa e acaba em ti. E este Princípio de certeza, em que tu e eu somos termos de uma equação de resultado infinito, traduz a forma absoluta em que nos descobrimos em Amor. Se tudo fosse tão lúcido quanto a certeza que escolhe o Amor... Porque escolher o Amor é escolher a Vida - escolher-te a ti é escolher a eternidade.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Coração quente

Cliff Wright, All for the love of it..., 2005

Ao pé de ti nunca tenho frio porque me embrulhas o coração numa manta cheia de calor, porque me seguras as mãos por debaixo da pele. Não sinto frio ao pé ti porque os teus lábios me queimam no mesmo beijo de sempre, porque na minha alma há uma fogueira acesa que alimentas noite e dia com a lenha do que somos. Quando os dias se tornam meses e os meses anos de amor, o único calor que me aquece és tu, porque és sempre sol e sempre chama em todas as estações do ano. Porque não tens fim em mim, hoje és mais do que eras ontem e menos do que serás amanhã. E quando me aninho no fogo infinito que és em mim, não há frio que me gele mesmo que me passeie descalça e nua. Porque me abraças o Inverno com a força de um velho ditado que fala de 'mãos frias, coração quente, amor para sempre'.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Buenas noches

Madrid - Plaza San Martin, 5

A cama tem o tamanho exacto das nossas noites sem dormir. Enquanto o sono não chegava, sonhei-te ao meu lado para abreviar o tempo da viagem e o frio de um quarto de hotel sem ti. Os lençois, tão infinitos quanto as saudades tuas que levei comigo, embrulharam-me o corpo que nunca aqueceu na falta do teu. O quarto pareceu-me tão grande quanto a distância física que percorri para lá chegar e os dias de ausência, poucos, foram longos, tão longos que o relógio parou enquanto não voltei. Mas os dias passaram, cheguei e a vida voltou-me porque vida é o tudo o que nos abraçamos e sentimos no corpo e na alma. E ainda que te sinta sempre comigo, os dias sem ti à distância de um beijo são agrestes e incompletos. Da próxima vez, o quarto será pequeno. Da próxima vez, partimos e chegamos juntas e tomaremos conta da cidade.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Ida e volta

B Shortall, The Bench, 2005

O que é estar longe realmente, a distância física entre duas cidades em dois países diferentes ou a dor das saudades que nos invadem a alma entre a partida e chegada? Estar longe é sofrer a ansiedade de um beijo nos lábios ausentes que ficaram à nossa espera. Parto porque tenho de ir, mas parto a ficar para trás, parto quase a chegar. Na verdade não parto realmente, ninguém parte de quem ama nem por dois dias nem por duas horas. O coração não viaja ao mesmo tempo que nós. O coração anda sempre mais depressa e, às vezes, tão depressa que suspende o tempo e só volto a existir quando te regresso. E quando estou nesse longe dos lábios que não te chegam, regresso-te milhares de vezes entre um minuto e outro. Desabituei-me de respirar sem te saber ao alcance dos meus braços, desabituei-me de andar por todo o lado sem te viver em pensamento e seguir-te cada passo. Estar longe é não suportar a certeza de que a distância entre dois pontos é mesurável para além da nossa ansiedade. Amanhã e depois vou perder a distância e encontrar-te a toda a hora porque estás em toda a parte e não apenas no que a minha vista vista alcança. Deixo-te o meu coração para que cuides dele até o meu corpo te voltar. Levo-te comigo tatuada debaixo da pele, bem no centro da alma.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Sonhar-te realmente

Sharon Rogers, Road Rules Series, 2006

Sonho tantas coisas a dormir e acordada que, por momentos, deixo de saber que realidade é sonho e do que sonho o que é realidade. E a vida acontece nessa intercepção de dois universos que assumem formas diferentes, umas vezes à luz da lua, outras vezes iluminadas pelo sol. E quando as noites se confundem com os dias, caminho entre o sonho e o real, onde a cada passo te encontro porque nada existe nem antes nem depois de ti. E enquanto os dias passam lentamente num relógio de saudades, sonho para me distrair da falta que me fazes. Sonho que um dia realizo o meu sonho de criança - vou à lua e volto no mesmo dia. Esse doce encanto de acreditar num truque de magia é um acto de fé, mais do que o sonho e muito para além da realidade. Se o sonho comanda a vida, sonho-te a ti a tempo inteiro, tu és a minha vida, incondicionalmente, antes e depois de tudo.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Bons sonhos

Eric Laflamme, Sem título, 2007

Se acordares sobressaltada, estende os lábios que eu estou sempre à distância de um beijo. Não durmo, fico entre cá e lá, para ter a certeza que dormes tranquila e que os lugares por onde tu passeias são seguros e feitos deste 'nós' absoluto e indivisível. Se acordares fora de sonhos que fazem feliz, refugia-te no meu abraço para além do sobressalto porque eu sou real, os pesadelos não o são. Adormece em mim com a certeza de que a minha mão te segura sem nunca te deixar cair. E sonha comigo. Acordada ou a dormir, estarei lá porque só onde tu estás existe vida, sabor e etermidade. Quero ser eu a acordar-te e não um sonho mal iluminado ou uma noite mal aconchegada. Quero despertar-te, como fiz esta manhã, no mesmo beijo em que nos adormecemos. O teu corpo no meu descansa e desassossega o suficiente para acordarmos ao mesmo tempo que o dia chega e o Amor recomeça o que fazia, ensonado, a noite passada.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Antes de adormecer

Guido Meyer, From Dusk til Dawn, 2004


Aqui onde estou sentada está frio e eu arrefeço por entre palavras para ti cheias de calor. Por ti não desisto, porque gosto de te amanhecer com o mesmo sorriso com que adormeço em ti. Na alma com que escrevo tu és o meu sol e não tenho frio realmente, o frio é apenas uma distração. Logo a minha pele aquece e o corpo estremece à temperatura do coração. Há um ano atrás era inverno, hoje é eternamente verão. Porque o Amor é fogo e amar-te é este incêndio permanente dos sentidos que as palavras que te sussurro, durante a noite, ao ouvido são incapazes de conter. Não leves a mal as minhas noites sem dormir para estar aqui e aí ao mesmo tempo. A esta hora não estou aqui realmente. Deitei-me no beijo que me deste antes de adormeceres e nele viajo até aqui de lábios quentes para te abraçar o dia, porque acordas primeiro do que eu. De manhã durmo este bocadinho que me falta e tu sorris com o beijo que deixo agora na mesa de cabeceira. Há um incêndio em cada frase e mar alto em cada beijo. Anoiteces-me com meiguice, amanheço-te com alma plena. O amor que acontece sem intervalos é feito da saudade infinita que fica de nós entre o aqui e o agora e nos deixa o corpo em desassossego até eu voltar-te daqui para a nossa cama.

Prenda de Natal

Swatch 'Secret Code'

te disse hoje que te amo?

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Até já

Anabark, Bom-dia M.A. (JUN07)

Passo por aqui de fugida para te amanhecer outra vez quando saires da cama e enfrentares o dia. Porque é bom ter um beijo à chegada do dia que começa e nos afasta os olhos dos olhos. Porque é bom poder beijar-te por palavras enquanto a distância nos afasta o corpo e nos desassossega o coração pela ansiedade de voltar. Passo por aqui hoje quase a correr porque o cansaço desfoca-me a vista e atrasa-me o pensamento e preciso de fechar os olhos para te encontrar rapidamente. Porque estás à minha espera enquanto dormes. Porque sinto a tua falta entre esta palavra e a próxima. Apesar do dia que me pesa à noite, não posso deixar de vir ter contigo desta outra forma para que me sintas nos intervalos do que te digo pele na pele. Porque esta é a nossa história e estas são as páginas que se escrevem todas as noites, de dentro para fora do dia ao encontro de nós. Porque esta é a nossa vida e a nossa imortalidade. Porque o Amor que é nosso e aqui nos deixo nos garante a eternidade. Passo por aqui antes de adormecer embrulhada em ti e acordar-te ainda no mesmo abraço.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Maioridade

Ana Carloto, Playing with fire - You (Drawing With Light series), 2005


E à medida que os dias passam somos cada vez maiores, unas e indissociáveis. Crescemos no que agimos à altura do que sentimos. O Amor é esse milagre de força, certeza e luz e a felicidade, que nos espreita na nossa cama antes e depois de adormecermos, é feita dessa malha que tecemos todos os dias com absoluta devoção. Não vivemos de fantasias nem vivemos um sonho. Construimos os dias com o que queremos no futuro. O abraço é sempre mais forte e mais maduro e a nossa casa há-de ser um castelo feito do infinito amor que somos ontem, hoje e sempre. Incondicionalidade é amar por inteiro e cada vez mais o que se conhece e o que se vai descobrindo. Quando te beijo, encontras nos meus lábios o compromisso de eternidade e eu nos teus saboreio igual intensidade. Renascemos e crescemos em amor todas as noites e todos os dias nesse abraço que nos embrulha numa entrega total.

Beijo infinito

Jim Mountford, Kiss

Um beijo TEU para mim



segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Na parede do quarto

Epxis, Let the sunshine in ( part II) , 2004

Irrompe do teu corpo iluminado
toda a luz de que o mundo sente a falta
Não a que mais reluz. Só a mais alta
Só a que nos faz ver o outro lado
do bosque onde o Futuro e o Passado
defrontam o presente que os assalta
num combate indeciso a que nem falta
o sabor de saber-se ilimitado
irrompe assim a luz entre os extremos
da mesma renovada madrugada
E vibra a cada instante um novo grito
Com essa luz do grito é que nós vemos
que Passado e Futuro não são nada
apenas o Presente é infinito.
David Mourão Ferreira

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Entre agora e daqui a pouco

Anabark, Nós (MAI07)

Nós, que coleccionamos saudades e adoecemos nelas, aprendemos que é impossível sobreviver nos intervalos de tempo em que não somos completamente. Às vezes são apenas minutos, outras vezes horas, pouco importa porque as saudades não se medem pela medida do tempo. As saudades são a expressão do Amor e o Amor não contempla intervalos. Tenho saudades tuas ainda antes de te beijar e dizer-te 'Até logo', as saudades são constantes antes, durante e depois disso, porque moras na minha cabeça e não te sei deixar um segundo que seja. És o meu primeiro e último pensamento do dia e os meus dias inteiros são feitos de ti numa contagem decrescente para nos voltarmos. E porque te sei na mesma ansiedade para abreviar o tempo no mundo que não é nosso, abraço-te vezes sem conta nos minutos contados que passam sem nós. A intensidade com que nos esperamos e feita de saudade e da impaciência do amor que nos faz sentir a vida como algo absoluto e eterno. Aprendi contigo o Amor e hoje tenho a certeza de que quem ama tão completamente vive para sempre.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Carta

Analogic, Sem título, 2006


Desculpa, meu amor, pelos dias que faltei aqui, por tudo o que não escrevi mas que te fui dizendo baixinho e ao ouvido. Não me faltam palavras porque as palavras fazem parte de um sistema de arranjos e combinações infinitos com milhares de palavras para arrumar na ordem e no propósito mais próximo do que somos, do que queremos, ou muito simplesmente do que gostaríamos de dizer ou fazer saber. Tenho páginas e páginas em branco e muitas coisas para te dizer sob a forma de palavras, palavras de Amor porque te sinto tudo em mim e porque te amo para além de tudo. Mas por mais que se diga e que se explique fica quase tudo por dizer quando sentimos o universo inteiro dentro do coração. Porque as palavras são insuficientes e limitadas, não explicam o inexplicável nem a intensidade do arrepio que nos percorre. Porque as palavras são pequenas e nelas não cabe o que somos tão completamente uma na outra. Porque tu e eu somos o infinito.